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Como as mudanças climáticas afetam a água do mundo?

Da qualidade à disponibilidade, o efeito desse fenômeno nos recursos hídricos é cada vez mais visível. Qual é seu real impacto e como ele deve ser tratado?

Existe uma data especial em que o mundo deveria parar: trata-se do dia 22 de março, o Dia Internacional da Água. Recurso natural que é simplesmente o maior responsável pela existência da vida na Terra. A efeméride criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) tem como objetivo refletir sobre a importância vital deste líquido. Esta importância não se dá apenas para a sobrevivência humana, mas também para o equilíbrio dos ecossistemas.

Dado que apenas 0,5% da água da Terra é doce e está disponível para consumo, as mudanças climáticas consistem em uma grande ameaça a esse recurso. Assim elas vêm afetando e alterando a maneira como as pessoas interagem com a água, alerta a ONU.

Mas como, exatamente, as alterações no clima da Terra têm colocado a existência da água em perigo? National Geographic lista alguns pontos e destaca os desafios que a humanidade enfrenta em um cenário internacional. Este cenário deve considerar a escassez de água uma realidade.

De enchentes a secas: como as mudanças climáticas afetam a água

As mudanças climáticas são, principalmente, uma crise hídrica, diz um artigo da Organização das Nações Unidas intitulado “Water and climate change” (“Água e mudança climática”). Nota-se seu impacto por meio do agravamento das enchentes, do aumento do nível do mar, da redução das placas de gelo, dos incêndios florestais e das secas.

Eventos climáticos extremos (que estão se tornando mais prováveis e mais intensos devido à mudança climática) então tornam esse recurso mais escasso, mais imprevisível de ser encontrado, mais poluído – ou todos os três elementos juntos, enfatiza o mesmo artigo.

“Esses impactos em todo o ciclo da água ameaçam o desenvolvimento sustentável, a biodiversidade e o acesso das pessoas à água e ao saneamento”, acrescenta.

As fontes alertam então que as inundações e o aumento do nível do mar podem contaminar a terra e a água doce de várias maneiras. Estes eventos são uma consequência do aquecimento global. Afetam, por exemplo, por meio de água salgada ou matéria fecal. Dessa forma, os recursos hídricos de milhões de pessoas ficam comprometidos.

Isso é particularmente urgente considerando-se que, até 2050, o número de pessoas em risco de inundação pode aumentar de 1,2 bilhão (em 2020) para 1,6 bilhão, de acordo com a UN-Water (órgão da ONU para o uso de água e manejo de esgotos).

Desmatamento

Quanto ao desmatamento, a destruição da vegetação e da cobertura de árvores afeta diretamente a disponibilidade desse recurso vital, exacerbando a erosão do solo e reduzindo a recarga de água subterrânea.

Além disso, o aumento das temperaturas eleva a umidade atmosférica, resultando em mais tempestades, chuvas torrenciais e, paradoxalmente, períodos de seca mais intensos.

Eventos climáticos extremos dificultam o acesso à água potável

Um relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) alerta que eventos climáticos extremos e mudanças nos padrões do ciclo da água estão dificultando o acesso à água potável, especialmente para as crianças mais vulneráveis.

Segundo a entidade, somente na América Latina e no Caribe, 17,8 milhões de crianças e adolescentes vivem em áreas de vulnerabilidade hídrica alta ou extremamente alta. “Isso significa que elas não têm água suficiente para atender às suas necessidades diárias”, acrescenta a UNICEF.

Enquanto isso, a mudança climática piora ainda mais o estresse hídrico (áreas com recursos hídricos extremamente limitados), levando a uma maior competição por água e até mesmo a conflitos.

“Até 2040, quase 1 em cada 4 crianças viverá em áreas com estresse hídrico extremamente alto”, previu a agência em 2022.

Outra estimativa da ONU que ilustra a situação adverte que “do início a meados da década de 2010, 1,9 bilhão de pessoas (27% da população mundial) viviam em áreas com potencial de grave escassez de água. Até 2050, esse número aumentará para 2,7 a 3,2 bilhões de pessoas”. A aceleração das mudanças climáticas e o crescimento populacional são os culpados.

Fonte: National Geographic


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