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São Paulo vai construir a primeira usina do estado para transformar água do mar em água para beber

São Paulo vai construir a primeira usina do estado para transformar água do mar em água para beber

A usina de dessalinização vai ficar em Ilhabela, no litoral norte, e deve aumentar a oferta de água potável em 22% no município, formado por 19 ilhas

A Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) publicou um edital para empresas interessadas em construir uma usina de dessalinização, que transforma água do mar em água para beber, em Ilhabela. O município, que é cercado por água por estar distribuído em 19 ilhas, é também a cidade onde os moradores têm, proporcionalmente, o menor acesso a abastecimento adequado de água no estado.

O edital prevê que a usina deverá captar 40 litros de água salgada por segundo. Além disso, processará e liberará pelo menos 20 litros por segundo de água potável para 8 mil habitantes do município, número que representa quase um quarto da população. Inicialmente, prevê-se implantar a usina em 2026.

Construção às margens do Ribeirão Água Branca, curso d’água salobra próximo à balsa, estende-se cerca de 1 km na ilha.

Ilhabela é um dos poucos municípios brasileiros instalado num arquipélago. Durante a alta temporada, nos meses de verão, a beleza das praias multiplica a população de 35 mil habitantes por 20. Nesse período, os visitantes de todo o país em busca de sol, praias e uma mata exuberante percebem mais a falta de serviço de distribuição, que afeta 6,56% dos moradores.

Processo de osmose reversa e remineralização

O edital prevê que a tecnologia empregada “será necessariamente de osmose reversa, precedida de pré-tratamento por ultrafiltração ou outra tecnologia com eficiência equivalente ao propósito da solução e comprovada pela empresa proponente”.

No processo de osmose reversa, aplica-se alta pressão a um volume de água do mar. Assim, a água passa através de uma membrana, resultando em água limpa, sem que partículas de sal fiquem presas no outro lado da membrana.

Depois de retirado o sal, a água passa por um tratamento de remineralização e está pronta para o consumo humano. A empresa dilui a salmoura resultante do processo e a devolve ao ponto de captação para evitar concentrações de sal.

Diversidade da matriz hídrica

Para o coordenador da Câmara Técnica Nacional de Dessalinização e Reuso de Água, da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária, Renato Giani Ramos, é importante trabalhar com diferentes recursos, pois isso contribui para o equilíbrio da matriz hídrica.

“É interessante a gente começar a tratar da diversidade da matriz hídrica. Alguns anos atrás tivemos uma escassez hídrica muito grave aqui em São Paulo. Então, se a gente começa a trabalhar melhor com diferentes recursos e não só extrair de lençóis freáticos, de águas superficiais, mas também conseguir extrair água potável do mar, a gente consegue ter esse equilíbrio da matriz hídrica”, afirmou.

“Quando um recurso está mais escasso, você tem mais abundância do outro e você faz esse equilíbrio. É o que o país faz hoje já com energia elétrica”, completou.

Layout da dessalinizadora de Ilhabela, proposto em edital — Foto: Reprodução

Água doce limitada em Ilhabela

A Sabesp defende a construção da usina de dessalinização devido à limitação da quantidade de água doce nos mananciais em Ilhabela.

“Apenas o córrego da Laje teria condições de fornecer água na vazão desejada, porém a um custo ambiental e institucional elevado, resultando em um tempo de empreendimento muito longo em face da urgência que se faz necessária”, afirma o edital divulgado pela empresa.

Ainda de acordo com o documento, os interessados têm até o dia 25 de junho para apresentar propostas.

A empresa vencedora da concorrência deve construir um centro de educação ambiental com auditório, painéis fotovoltaicos, altura máxima de 8 metros em 280 m².

O que diz a Prefeitura

Ilhabela queixa-se da qualidade do serviço da Sabesp e ameaça romper o contrato renovado por mais 30 anos na gestão anterior.

Foi justamente neste novo contrato que entrou a previsão de construir uma usina de dessalinização. Além disso, Toninho Colucci (PL), o atual prefeito, afirma que construirá a usina mesmo se interromper o contrato com a Sabesp.

“Nós temos recursos de royalties (do petróleo) e esses recursos vão garantir esses investimentos tão importantes para a cidade e para a região”, afirmou.

Fonte: G1


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