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Como a corrida dos biocombustíveis pode ajudar o setor de transportes na descarbonização

Corrida dos biocombustíveis

No Brasil, o setor de biocombustíveis se notabiliza pela variedade de iniciativas

No mercado nacional de produção de biodiesel a liderança pertence à Be8, que então exporta o produto para a Europa e os Estados Unidos. Destaca-se que é o mais bem-sucedido biocombustível do país. Em 2023, quando faturou R$ 9,6 bilhões, a companhia produziu mais de 889 milhões de litros desse combustível, o que representa 14,24% do market share do segmento.

Lançamento do Be8 BeVant

Em outubro, ela lançou um novo biocombustível, o Be8 BeVant, que serve de alternativa para o óleo diesel, cuja queima é altamente poluente. Trata-se de um metil éster bidestilado utilizado como alternativa para abastecer qualquer veículo a diesel, a exemplo de caminhões e ônibus. Também mistura-se com o diesel tradicional, sem prejuízo para o funcionamento dos motores. Indicado tanto para veículos quanto para geradores de energia e equipamentos utilizados por setores diversos.

Em relação ao diesel verde, o Be8 BeVant custa quase a metade. O diesel verde é produzido a partir do processamento de gorduras animais ou de óleos vegetais, como o de soja e o de palma.  Na comparação com o diesel mineral (o tradicional), a novidade reduz as emissões da temida fumaça preta em até 90%, e as de monóxido de carbono em até 50%.

“Os biocombustíveis são uma solução competitiva para superarmos, no curto prazo, os desafios da descarbonização”, afirma Erasmo Carlos Battistella, fundador e presidente da Be8. “Essa alternativa não depende de investimento em infraestrutura ou troca de motores, como no caso da adoção do hidrogênio e do biometano, e até mesmo dos veículos elétricos”. A companhia também pretende produzir etanol em grande escala a partir do processamento de cereais como milho, trigo, arroz e sorgo.

Mas nem só da B8 vive o mercado de biodiesel. De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), a produção nacional desse biocombustível deverá chegar a 7,3 bilhões de litros em 2023, um recorde. Um dos players do segmento é a JBS, que montou uma subsidiária só para produzir biodiesel. E, recentemente, a 3tentos obteve aval para começar a produzir o combustível em Mato Grosso.

No Brasil, o setor de biocombustíveis se notabiliza pela variedade de iniciativas. A Raízen, por exemplo, passou a comercializar no ano passado o etanol de segunda geração (E2G), um dos combustíveis com menor pegada de carbono. Também chamado de bioetanol, etanol verde ou etanol celulósico, é feito a partir de resíduos vegetais – vale palha, folhas e bagaço, entre outros itens do gênero.

Outras Iniciativas

O uso de enzimas para aprimorar os biocombustíveis também tem chamado a atenção. No primeiro semestre de 2023, por exemplo, pesquisadores do Laboratório Nacional de Biorrenováveis do Brasil (LNBR), vinculado ao Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), identificaram uma variedade que pode substituir os catalisadores tradicionais usados na produção do bioquerosene de aviação. Trata-se da descarboxilase (OleTPRN), proveniente da bactéria Rothia nasimurium. A enzima pode ser a chave para a produção de catalisadores renováveis para a aviação a partir de diferentes matérias-primas – soja, macaúba ou milho transformados em biomassa, por exemplo, ou palha e bagaço de cana-de-açúcar.

Em geral, os catalisadores tradicionais utilizados na produção de combustíveis para aviões têm como base o cobalto, a platina, o níquel e o paládio, entre outros metais. O problema é a desoxigenação, indispensável para combustíveis desse tipo. Isso porque o oxigênio pode danificar os motores das aeronaves – o que explica por que elas não são movidas a etanol e a biodiesel. Para tirar o oxigênio de catalisadores metálicos, é preciso submetê-los a um processo bastante nocivo ao meio ambiente, que envolve pressão e altas temperaturas. Já os catalisadores associados à descarboxilase favorecem a desoxigenação dos combustíveis sem colaborar para as mudanças climáticas.

Por todos esses fatores, observou-se com otimismo pelas companhias aéreas a descoberta do LNBR, ainda fortemente dependentes do querosene. Globalmente, o segmento consome cerca de 390 bilhões de litros desse combustível – e apenas 14 milhões de litros de alternativas sustentáveis.

Fonte: UM SÓ PLANETA


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