As águas subterrâneas são fundamentais para cumprir os compromissos da Agenda 2030 e seus 17
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) no Brasil, pois garantem o abastecimento público de milhares de pessoas, sustentam sistemas de irrigação para a produção de alimentos, são utilizadas como insumo para a produção industrial e mantêm importantes ecossistemas. Seu uso promove o progresso local, contribuindo para o crescimento econômico, erradicação da pobreza, promoção da dignidade humana e o bem-estar das populações. No Brasil, à semelhança de outros países, esses recursos estão diretamente ligados à segurança hídrica, principalmente em um contexto de mudanças climáticas globais.
Apesar de sua importância para o abastecimento urbano, indústria e irrigação, sua gestão ainda é precária e faltam dados sobre seu uso ou sobre os impactos causados por uma infraestrutura de saneamento deficiente. O Instituto Trata Brasil, junto com o Centro de Pesquisas de Águas Subterrâneas (CEPAS|USP), ao editar o livro, “As águas subterrâneas e sua importância ambiental e socioeconomica para o Brasil”, promove um amplo diagnóstico sobre uso das águas subterrâneas, demonstrando sua relevância para o abastecimento público e privado, bem como pontua os principais desafios para sua gestão.
Os resultados evidenciam o papel socioeconômico e ambiental desse recurso invisível aos olhos, mas indispensável para diversos usuários e para a natureza, com destaque ao abastecimento público dos pequenos municípios e para o fornecimento de água para milhões de empreendimentos agrícolas e urbanos pelo país.
O estudo mostra que 90% dos 17,6 bilhões de m3 /ano (557 m3 /s) de água subterrânea explotada são captados através de poços tubulares privados, colocando luz ao papel que o auto-abastecimento individual desempenha na segurança hídrica nacional. Além disso, sinaliza os principais pontos a serem fortalecidos na gestão, especialmente a regularização dos poços por meio da outorga ou cadastro, e investimentos na melhoria e ampliação das redes de esgoto.
A falta de tais redes públicas, que afeta quase metade da população brasileira juntamente com os vazamentos das mesmas, gera mais de 4,3 bilhões de m3 /ano de efluentes que atingem os aquíferos, fazendo desse o maior problema que impacta a qualidade dos aquíferos. Dessa forma, acredito que o estudo contribui efetivamente para a governança das águas subterrâneas, mostrando dados inéditos que exibem o quão fundamental são esses recursos para a sociedade brasileira, que cada vez mais está exposta a crises hídricas.
Fonte: USP
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