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Indústria avança no combate à escassez hídrica com tecnologia e inovação

Escassez hídrica

Desafios da Segurança Hídrica no Brasil: Gestão Eficiente diante da Abundância

A escassez de água é um problema global que deve se agravar com o crescimento da população. O Brasil, apesar de ter a maior disponibilidade hídrica do mundo (12% das reservas mundiais de água doce), já enfrenta desequilíbrios na relação entre oferta e demanda em algumas regiões, evidenciando que o desafio da segurança hídrica está mais relacionado à gestão e uso eficiente da água do que à disponibilidade.

Para discutir como impulsionar as fontes hídricas sustentáveis, a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a Associação Latino-Americana de Dessalinização e Reúso de Água (Aladyr) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) realizam na próxima segunda-feira (23) o seminário Segurança Hídrica para a Indústria: Eficiência em Foco. Especialistas nacionais e internacionais discutirão temas como tecnologias de eficiência hídrica, reúso de efluentes tratados e dessalinização, além de fontes de financiamento para o setor.

De acordo com o gerente-executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, Davi Bomtempo, a busca por soluções sustentáveis em diversos setores da indústria tem ajudado a reverter previsões catastróficas em relação ao futuro da oferta de água.

“Temos bons exemplos que contribuem com a retomada econômica e são parte do enfrentamento aos impactos da mudança do clima. É preciso, porém, investimento governamental em saneamento básico e infraestrutura hídrica, que ajudem a conservar a quantidade e qualidade da água, bem como prevenir perdas no processo de distribuição”, explica.

Soluções para racionalizar o uso da água na indústria

A água é um recurso fundamental para a atividade industrial. A escassez do produto inviabiliza o processo produtivo, por isso o setor vem desenvolvendo tecnologias para reduzir ao máximo a utilização da água e buscar uma maior eficiência hídrica.

O Aquapolo, empresa que emergiu como líder na América do Sul em produção de água industrial, é hoje referência no desenvolvimento de tecnologias alternativas no combate à escassez hídrica. Por meio de uma parceria com a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), o Aquapolo colabora com o suprimento de 97% da demanda por água no Polo Petroquímico de Capuava, em Mauá (SP), a partir do tratamento de efluentes. Além do Polo de Capuava, a empresa faz o fornecimento de água de reúso para outras indústrias do ABC Paulista.

Por meio da adoção de tecnologias de tratamento avançadas, o Aquapolo consegue produzir até mil litros de água de reúso por segundo, empregando processos que resultam em uma água de excelente qualidade para uso industrial, poupando a água dos rios que fica disponível para abastecimento humano. O Aquapolo forneceu 100 milhões de metros cúbicos de água tratada desde 2012 até janeiro de 2022, o bastante para abastecer 500 mil habitantes.

Reaproveitamento hídrico

Outra indústria que adota medidas para combater a escassez hídrica por meio do reaproveitamento de água é a Tramontina. Com nove unidades fabris no Brasil e 23 no exterior, a empresa adotou estratégias avançadas para garantir a eficiência hídrica e reduzir seu impacto ambiental. Algumas de suas fábricas alcançaram o índice de 100% de reaproveitamento hídrico, enquanto outras unidades conseguem atender suas necessidades exclusivamente por meio da captação de água da chuva.

Segundo Lizandra Marin, gerente do Núcleo de Sustentabilidade da Tramontina, “o respeito ao meio ambiente e a responsabilidade com a agenda ESG estão na essência das nossas operações e refletidas em cada etapa de produção, na escolha de fornecedores ambientalmente comprometidos, na matéria-prima utilizada em nossos produtos e embalagens e em nosso relacionamento com as comunidades nas quais estamos inseridos”.

Dessalinização de água do mar

A prática de dessalinização é, além disso, outra alternativa tecnológica amplamente utilizada pela indústria para contribuir com o tema da escassez de água. No Brasil, a siderúrgica ArcelorMittal, em particular, mantém a maior planta de dessalinização de água do mar no país. Em Tubarão, Vitória (ES), a instalação gera inicialmente 500 m³/hora de água dessalinizada, fortalecendo a segurança hídrica da empresa e do estado.

“O trabalho incluiu avaliação de várias alternativas tecnológicas para dessalinização, análises de qualidade da água do mar, discussões técnicas com fornecedores de todo o mundo, testes em laboratório e até visitas técnicas em plantas na Argentina e nos Estados Unidos”, aponta Jorge Oliveira, CEO da ArcelorMittal Aços Planos América do Sul.

A ArcelorMittal Tubarão utiliza aproximadamente 96% da água do mar para refrigerar seus equipamentos de produção de aço.  Os outros 4% são provenientes do Rio Santa Maria da Vitória. Para mitigar o uso destes 4%, a empresa executa projetos para reduzir esse consumo. Atualmente, o índice de recirculação de água doce da unidade é de mais de 97%.

A tecnologia de osmose reversa, uma abordagem comum em nações como Israel, Espanha e Estados Unidos, é empregada para captar água do mar. O projeto se destaca por sua configuração modular, permitindo a adição de módulos no futuro. A tecnologia não apenas produz água de qualidade para a indústria, como recupera 50% da energia utilizada no processo de bombeamento. Em termos ambientais, o processo é ecologicamente amigável. A usina, dessa forma, devolve a salmoura resultante da dessalinização ao mar através de um canal de retorno já existente, minimizando impactos ambientais.

Fonte: Portal da indústria


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Fundada em 30 de novembro de 2010, no âmbito do II Seminário Internacional de Dessalinização na cidade de Antofagasta, Chile. A AADYR é uma associação sem fins lucrativos que promove conhecimentos oportunos e experiências em torno de tecnologias de dessalinização, reuso de água e tratamento de efluentes, a fim de otimizar a gestão hídrica na América Latina e garantir o acesso à água potável dentro de padrões de qualidade, eficiência, sustentabilidade, desenvolvimento econômico e futuro social.

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