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ES entra na vanguarda do reúso de efluentes sanitários para fins industriais

Em plena crise hídrica no país, busca por eficiência hídrica e energética ganha ainda mais importância, como o reúso de efluentes de estações de tratamento de esgoto para irrigação e indústria.

Imagem Ilustrativa

O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), órgão das Nações Unidas, publicou, neste mês de agosto de 2021, seu sexto relatório a respeito dos efeitos das mudanças climáticas no mundo. Para a América do Sul, prevê-se aumento da temperatura e da intensidade e frequência de eventos hidrológicos extremos, incluindo aumento na duração dos períodos de seca.

Como resposta, há a exigência de ações de adaptação e mitigação, que incluem a eficiência hídrica e energética e a redução de emissão de gases de efeito estufa.

Nos dias correntes, uma grave crise hídrica afeta parte do Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. Em junho último, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) declarou situação crítica de escassez quantitativa de recursos hídricos na região hidrográfica do rio Paraná. Como 66% da energia elétrica brasileira provêm da geração hidrelétrica, estabelece-se um nexo entre crise hídrica e crise energética.

No final de agosto, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) ressaltou que, em algumas bacias hidrográficas, há registros das piores sequências hidrológicas de todo o histórico de vazões de 91 anos. Destarte, a ANA e ONS reforçam a necessidade do uso eficiente e racional da água.

Eficiência Hídrica

No campo da eficiência hídrica, o debate mundial diz respeito à redução das perdas nos sistemas de distribuição de água; ao reúso de efluentes de estações de tratamento de esgoto para irrigação e indústria; a processos produtivos com eficiência no uso da água; ao apoio ao uso da dessalinização da água do mar; à preservação e manutenção de áreas de nascentes, de matas e florestas; à gestão participativa e descentralizada com as comunidades e usuários de água, entre outros.

O reúso de efluentes merece destaque nesta agenda contemporânea. Estudos têm mapeado estações de tratamento de efluentes (ETE) próximas às unidades industriais, apontando projetos factíveis. Sua implantação exige viabilidade financeira, segurança jurídica, tecnologias modernas e eficientes e uma matriz de risco que defina as responsabilidades entre as partes.

Tal prática traz importantes benefícios para a construção da segurança hídrica regional e local, pois reduz a pressão sob os rios e aquíferos locais, ajuda na recuperação e preservação das fontes hídricas, diversifica as fontes de água para indústrias e representa relevante fonte de receita para a companhia de saneamento.

A oportunidade deste reúso ficou gravada na memória dos gestores públicos e privados capixabas, após a grave crise hídrica do biênio 2015-2016 vivida no Estado, que deixou um legado de aprendizados consolidados no Plano Estadual de Recursos Hídricos do Espírito Santo.

De lá para cá a ideia foi amadurecendo. A concepção do reúso propiciou muito diálogo entre as partes interessadas e uma intensa produção de detalhados estudos técnicos-científicos. Neste início de setembro, como resultado deste profícuo processo, uma produtora de aço firmou termo de compromisso com o governo do Estado que prevê, pioneiramente, a compra mensal para fins industriais de 540 m3/h (150 L/s) de efluentes de uma ETE da companhia estadual de saneamento.

A aquisição será feita por contrato de 25 anos, podendo ser renovado, e reduzirá ainda mais a demanda da indústria por água do rio Santa Maria da Vitória, disponibilizando um volume maior de água para a sociedade. O termo prevê ainda a doação por parte da indústria de uma área de 11 mil m2, na Serra, para a construção de uma nova ETE, ajudando na ampliação deste serviço.

A parceria representa uma conquista importante não só para a indústria e para a companhia de saneamento, mas para toda a sociedade capixaba. Vai sendo escrito, assim, um novo capítulo na história da segurança hídrica e da evolução social e econômica do Estado do Espírito Santo, adaptando-o às mudanças climáticas apontadas pelo IPCC e à construção progressiva do seu desenvolvimento sustentável.

Fonte: A Gazeta. 

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