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China inaugura primeira planta de tratamento de efluentes por radiação

A radiação ainda é a única tecnologia capaz de tratar os corantes mais resistentes nos efluentes

 

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Foto: Instituto de Tecnologia Nuclear e Energia da Universidade Tsinghua em Beijing

A China inaugurou em 6 de março a primeira instalação que utiliza feixe de elétrons para tratar efluentes industriais, dando início a uma nova era para a tecnologia de radiação no maior produtor de têxteis do mundo.

O tingimento de têxteis é o responsável por um quinto da poluição dos efluentes industriais gerados no mundo. Embora vários países industrializados tenham utilizado a radiação para tratar parte dos efluentes das tinturarias de têxteis, com o remanejamento de muitas indústrias para países em desenvolvimento na Ásia nos anos recentes, um grande volume de efluentes segue sem tratar.

“Apesar dos avanços na tecnologia convencional de tratamentos de efluentes nos últimos anos, a radiação ainda é a única tecnologia capaz de tratar os corantes mais resistentes nos efluentes”, disse Sunil Sabharwal, Especialista em Processamento por Radiação na Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). “O problema é que a tecnologia existe nos países desenvolvidos, enquanto a maior necessidade agora é no mundo em desenvolvimento”.

Outros países também estão considerando a adoção da tecnologia

Para cobrir o gap de conhecimento, a AIEA conduziu um projeto coordenado de pesquisa nessa tecnologia, incluindo sua transferência para diversos países, a maioria na Ásia. Pesquisadores chineses, por exemplo, se beneficiaram das recomendações de experts da Hungria, Coréia e Polônia para a adoção da tecnologia e construção da planta, disse Jianlong Wang, Vice-Diretor do Instituto de Tecnologia Nuclear e Energia da Universidade Tsinghua em Beijing e pesquisador principal por trás do projeto.

A nova planta na cidade de Jinhua, a 300 km ao sul de Shanghai, vai tratar 1500 metros cúbicos de efluentes por dia, cerca de um sexto do total gerado.

“Se tudo correr bem, seremos capazes de expandir a tecnologia para o resto da planta e eventualmente para outras plantas pelo país”, disse Wang.

Antes de optar pela tecnologia de radiação usando feixe de elétrons, os pesquisadores chineses conduziram uma extensiva série de experimentos de viabilidade usando o efluente da planta e comparando a tecnologia de feixe de elétrons com outros métodos.

“A tecnologia de feixes de elétrons foi a clara campeã como opção mais ecológica e mais efetiva”, disse Wang.

Outros países com um parque significativo de indústrias têxteis, tais como, Índia, Bangladesh e Sri Lanka, também estão considerando a adoção da tecnologia com assistência da AIEA, disse Sabharwal. A Índia já está usando irradiação gama para tratar o lodo do esgoto municipal, ele acrescentou.

Compostos muito longos para as bactérias

As bactérias são os burros de carga do tratamento de efluentes: elas digerem e quebram os poluentes.

Os efluentes das tinturarias têxteis, no entanto, contêm moléculas que não podem ser tratadas com bactérias. Para tingir os têxteis, compostos com cadeias grandes, longas e complexas são usados. Os efluentes da indústria podem conter mais de 70 químicos complexos que não degradam facilmente.

Pela irradiação dos efluentes usando feixe de elétrons, os cientistas podem quebrar esses químicos complexos em moléculas menores, que por sua vez podem ser tratadas e removidas usando processos biológicos normais. A irradiação é feita usando radicais reativos de vida curta que podem interagir com uma ampla gama de poluentes e quebrá-los.

 

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No primeiro tubo efluente de tinturaria têxtil não tratado, no segundo efluente irradiado e no terceiro efluente irradiado com uma dose maior (foto:  P. Pavlicek/AIEA)

Pesquisadores chineses também estão considerando utilizar a tecnologia de feixe de elétrons para tratar resíduos das indústrias farmacêuticas que produzem antibióticos. Esses resíduos são tratados como perigosos uma vez que contêm antibióticos e genes resistentes a antibióticos que não podem ser destruídos usando-se as tecnologias convencionais, tais como compostagem ou oxidação.

Pesquisas têm revelado que a tecnologia de feixe de elétrons pode decompor efetivamente antibióticos e genes resistentes a antibióticos residuais, explicou Wang. A implantação de uma planta de demonstração em escala industrial está planejada para o final deste ano, ele acrescentou.

Fonte: AIEA, adaptado por Portal Tratamento de Água

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