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Identificação de fitoplâncton em lagoas de polimento no pós-tratamento de efluente anaeróbio

Resumo

Os estudos de levantamento taxonômico do fitoplâncton e estrutura da comunidade em lagoas de estabilização são necessários para subsidiar ações efetivas de controle operacional e de disposição nos corpos receptores. O trabalho buscou identificar as espécies de fitoplâncton e suas respectivas atuações e influências na remoção de nutrientes, ao longo de lagoas de polimento de fluxo contínuo e em bateladas. O sistema experimental foi monitorado nas dependências físicas da Estação Experimental de Tratamentos Biológicos de Esgotos Sanitários (EXTRABES) da Universidade Estadual da Paraíba, situada na cidade de Campina Grande – PB, Brasil. Observadas as características do esgoto bruto, UASB, e efluente das lagoas de polimento, foi verificado a eficiência de remoção e influência das algas em relação ao pH, fósforo, amônia e nitrogênio. Foram identificados 18 táxons, entre gêneros e espécies: Cyanophyceae (6 táxons), Chlorophyceae (5 táxons), Bacillariophycea (3 táxons), Euglenophycea (2 táxons) e Zygnemaphyceae (2 táxons). Sendo perceptível a redução da diversidade de organismos planctônicos e empobrecimento da diversidade na medida em que o processo de tratamento avançou. Apenas dois gêneros dessas classes estiveram presentes em todos os pontos amostrados: Chlorella sp. e Planktothrix agardhii, espécies estas dominantes e extremamente resistentes a esse tipo de ambientes.

Introdução

As lagoas de polimento são lagoas de estabilização direcionadas para póstratamento do efluente de um reator anaeróbio de fluxo ascendente e manta de lodo (UASB). Nessa configuração, o reator UASB é responsável por efetivar a remoção de matéria orgânica e de sólidos presentes no esgoto bruto, enquanto a lagoa pode complementar a remoção da matéria orgânica através da oxidação da matéria orgânica, sólidos suspensos remanescentes, organismos patogênicos e nutrientes (D’ Castro Filho, 2005).

O sistema composto de reator UASB e lagoas de polimento são capazes de preservar as vantagens de simplicidade operacional e baixos custos de operação e manutenção, porém sem os inconvenientes relacionados à emissão de odores fétidos e com a possibilidade de geração de energia a partir do biogás (Souza, 2005). O processo de tratamento dessas lagoas é semelhante aos das lagoas de facultativas convencionais em suas características físicas e operacionais, tais como profundidade e carga orgânica, que proporcionam a ocorrência de três fases distintas com relação à presença de oxigênio dissolvido (OD): zona aeróbia, zona facultativa e zona anaeróbia.

Entre os diversos organismos microscópicos que compõem a população viva nos corpos hídricos, e que também aparecem nas ETEs, são os seres fotossintetizantes, denominados como plâncton (do grego planktons, “errante”). As algas planctônicas e as cianobactérias juntas constituem o fitoplâncton – comunidade de organismos aquáticos uni ou pluricelulares, móveis ou imóveis, e microscópicos. Sobretudo, a disponibilidade de substratos e nutrientes; as interações entre os organismos; as mudanças ambientais (temperatura e radiação solar) e as mudanças nas condições operacionais das lagoas são os principais fatores que afetam a diversidade, sucessão e a abundância desses organismos, e consequentemente a eficiência do tratamento de efluente doméstico.

A identificação da comunidade algácea das lagoas, bem como o conhecimento de sua fisiologia, podem evidenciar o papel de cada um nas diferentes etapas do tratamento, além de garantir o máximo do sistema, bem como determiná-lo para um determinado efluente (UEHARA, 1989).

Dada à importância biológica no tratamento de esgoto por lagoas de estabilização, o presente trabalho teve como objetivos, identificar as espécies de fitoplâncton e suas respectivas atuações e influências na remoção de nutrientes ao longo de lagoas de polimento de fluxo contínuo e em bateladas.

Autores: Maria Virgínia da Conceição Albuquerque; Cinthia Raquel de Souza; Tatiana Gomes de Pontes e José Tavares de Sousa.

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