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Lançamento das normas técnicas para gestão integrada de recursos hídricos

O Seminário “Conservação de água e Uso de fontes alternativas em edificações – Diferencial competitivo para empreendimentos”, foi realizado nos dias 26 e 27 de novembro no Auditório SECONCI-SP, na capital paulista.

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Virgínia Sodré, Consultora do PNUD e Diretora Técnica da Infinitytech.

O evento foi realizado pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental – ABES-SP, Seção São Paulo, a Associação Brasileira de Engenharia de Sistemas Prediais – ABRASIP, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção – CBIC, em correalização com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI, o Centro Internacional de Referência em Reúso de Água da Universidade de São Paulo – CIRRA USP, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo – FECOMERCIO SP e o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo –SINDUSCON-SP.

No seminário foram lançadas as normas ABNT NBR 16782:2019 e ABNT NBR 16783:2019, Guia Metodológico de Cálculo da Pegada Hídrica em Edificações, Guia Orientativo das Normas de Conservação de Água, Fontes Alternativas não Potáveis e Aproveitamento de Água de Chuva em Edificações, e o novo Selo Caixa Mais Azul.

O Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP), a Caixa Econômica Federal e o PNUD lançaram publicação precursora no Brasil que possibilita o cálculo da pegada hídrica, indicador que mede a quantidade de água total utilizada nos insumos e nos processos construtivos desde o início do projeto até o final da vida útil da edificação. O Guia Metodológico de Cálculo de Pegada Hídrica em Edificações está disponível gratuitamente para download.

Padronização e normalização de métricas

O guia contou com a coordenação técnica de Virgínia Sodré, Consultora do PNUD e Diretora Técnica da Infinitytech.

Segundo a especialista, os principais objetivos do guia são padronizar e normalizar as métricas relativas ao uso da água, homogeneidade nas informações e na geração de indicadores, melhoria no gerenciamento hídrico nos empreendimentos e assertividade nas decisões.

“O guia aponta que o protagonismo do setor de edificações traz consigo a inegável responsabilidade sobre a utilização eficiente de recursos naturais, entre eles a água, sendo necessário o estabelecimento de indicadores que permitam avaliar criteriosamente a eficiência ambiental das obras e auxiliem tomadores de decisão na escolha por materiais e processos que resultem em menores impactos negativos ao meio ambiente”, explicou Virgínia.

“Futuramente, os empreendimentos poderão ser etiquetados quanto ao impacto sobre o consumo de água, como o da etiquetagem já presente de equipamentos e edificações, que comprova o grau de eficiência no consumo de energia”, destacou.

Lilian Sarrouf, Coordenadora Técnica do Comitê de Meio Ambiente do SindusCon-SP e Coordenadora da CE-002: 146.004 – Comissão de Estudo de Conservação de Água em Edificações da ABNT explicou que o processo de construção da Metodologia foi muito discutido com as empresas e “traduzido” para a realidade do setor. A experiência das empresas com a elaboração do inventário de emissões de gases de efeito estufa também contribuiu neste trabalho.

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Lilian Sarrouf, Coordenadora Técnica do Comitê de Meio Ambiente do SindusCon-SP e Coordenadora da CE-002: 146.004

“Conceitos como gestão de riscos foram incorporados nas orientações para a concepção dos empreendimentos. Um olhar diferenciado nos projetos e a correta escolha de sistemas construtivos e materiais poderão contribuir muito com a redução da Pegada Hídrica”, comentou.

Lilian Sarrouf ressaltou, que a utilização de fontes alternativas pode se tornar viável se realizado de maneira articulada entre poder público e iniciativa privada, procurando compatibilizar as leis de saneamento e dos códigos de obras.

Em sua palestra no segundo painel Empreendimentos Residenciais: Projetos, Uso, Operação e Manutenção, Milton Gomes, presidente da Associação Brasileira de Engenharia de Sistemas Prediais (Abrasip), abordou a Norma ABNT NBR 16782:2019 sobre Conservação de água em edificações – requisitos, procedimentos e diretrizes.

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Milton Gomes, presidente da Associação Brasileira de Engenharia de Sistemas Prediais (Abrasip)

Ela especifica requisitos e estabelece procedimentos e diretrizes para a conservação de água em edifícios, novos e existentes, na combinação de ações para a gestão da demanda e para a gestão da oferta, conforme viabilidade técnica e econômica caso a caso. Os requisitos especificados são aplicáveis aos incorporadores, construtores, projetistas, instaladores, fabricantes de materiais e componentes, gestores de água, operadores privados, empresas prestadoras de serviços de saneamento, síndicos, gestores de prédios, zeladores e demais usuários.

A norma é constituída de cinco tópicos principais, são eles:

CONDIÇÕES GERAIS

  • Ofertas
  • Demandas

CRITÉRIOS E DISPOSIÇÕES DE PROJETO

  • Parâmetros de qualidade da água
  • Materiais e componentes
  • Sistema predial

EXECUÇÃO E ENTREGA

  • Execução
  • Entrega
  • Testes

USO E OPERAÇÃO DO SISTEMA

  • Documentação
  • Monitoramento
  • Manutenção e qualidade da água

PLANO DE COMUNICAÇÃO

  • Relatórios de qualidade
  • Identificação

Uma das advertências do palestrante, foi sobre o elevado desperdício dos chuveiros residenciais. Gomes apontou que 85% de toda a água distribuída pela Sabesp são para uso residencial. “Deste total, 45% são utilizados pelo consumo dos chuveiros nas residências”, disse.

Nilson Sarti, vice-presidente de Meio Ambiente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e presidente da Comissão de Meio Ambiente (CMA), fez o lançamento do Guia Orientativo das Normas de Conservação de Água, Fontes Alternativas Não Potáveis e Aproveitamento de Água de Chuva em Edificações.

O Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP), a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e o Comitê de Construção (CB2) da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), elaboraram e publicaram no ano de 2019 três normas que abordam, promovem e difundem práticas ligadas à gestão integrada de recursos hídricos: conservação de água em edificações (ABNT NBR 16.782:2019), uso de fontes alternativas não potáveis em edificações (ABNT NBR 16.783:2019) e aproveitamento de água de chuva para fins não potáveis (ABNT NBR 15.527).

A publicação está disponível para download no site da CBIC.

Este guia tem como objetivo, a partir de utilização de linguagem mais acessível, recursos gráficos, exemplos e cases, auxiliar os leitores na compreensão das três normas, permitindo, assim, difusão mais eficaz de seus conteúdos.

O presente guia não substitui as normas ABNT NBR 16.782:2019, ABNT NBR 16.783:2019 e 15.527 e deve ser compreendido somente como leitura complementar às normas.

Possui como objetivo orientar o leitor na compreensão e aplicação dos principais pontos das seguintes normas:

CAPÍTULO 1: ABNT NBR 16.782:2019 – Conservação de água em edificações – Diretrizes e procedimentos

CAPÍTULO 2: ABNT NBR 16.783:2019 – Uso de fontes alternativas não potáveis em edificações

CAPÍTULO 3: ABNT NBR 15527 – Aproveitamento de água de chuva de coberturas para fins não potáveis — Requisitos (revisão)

Gestão integrada das águas a partir da compreensão sistêmica

A abordagem conjunta das três publicações dialoga com a visão de gestão integrada das águas a partir da compreensão sistêmica do ciclo da água dentro da edificação e a proposição soluções que levem em consideração distintos aspectos.

O guia segue a itemização e ordem presentes nos textos originais. Para possibilitar melhor compreensão de determinados tópicos, o guia traz exemplos, destaques, diagramas, imagens e cases.

O presente guia é o terceiro elaborado pela CBIC da série sobre normas. A primeira publicação trata sobre a norma ABNT NBR 15575/2013 – “Desempenho de edificações habitacionais: guia orientativo para atendimento à norma ABNT NBR 15575/2013“. A segunda versa sobre as normas ABNT NBR 5674, ABNT 14037, ABNT NBR 15575 e ABNT NBR 16280 – “Guia nacional para a elaboração do manual de uso, operação e manutenção das edificações”.

A norma de conservação de água é a que trata do maior número de aspectos, destacando a importância de conceitos como “gestão da oferta” e “gestão da demanda”; definindo e instruindo o uso de ferramentas como os indicadores de consumo (IC) e o balanço hídrico; frisando a importância da necessidade de gestão permanente da água desde a etapa de projeto até o uso e manutenção de edificação; e apontando o uso de fontes alternativas não potáveis como importante elemento de gestão da oferta.

Padrão de qualidade para usos não potáveis em edificações

A norma de fontes alternativas traz a importante definição de padrão de qualidade para usos não potáveis em edificações, bem como critérios de monitoramento. Não restrita a isso somente, também estabelece critérios de execução, entrega e ensaios a serem realizados nos sistemas de tratamento, distribuição e reservação de água não potável, bem como inclui critérios para uso e manutenção adequados dos sistemas, envolvendo aspectos de documentação, monitoramento de qualidade e manutenção de equipamentos. Dada a ainda incipiente experiência de uso de fontes alternativas não potáveis no Brasil, o plano de comunicação abordado na norma possui fundamental importância, dado que sem a colaboração, compreensão e sensibilização dos usuários, a gestão da oferta por meio de uso de fontes alternativas tende a ser pouco exitosa.

A revisão da norma de água de chuva ocorreu 12 anos após sua publicação (2007) e absorveu aprendizados acumulados ao longo desse período no entendimento sobre o tema. Não são mais apresentados métodos de dimensionamento aos quais foram atribuídos problemas de superdimensionamento. A importância do pré-tratamento e, se necessário, de tratamento da água é reforçada.

Assim sendo, entende-se como essencial a contribuição realizada por meio da publicação/revisão das três normas, as quais foram extensivamente discutidas por construtores, incorporadores, projetistas e consultores da área, acadêmicos, órgãos de governo, fornecedores de equipamentos, empresas prestadoras de serviços de saneamento e demais interessados. Os textos têm como objetivo direcionar a aplicação de práticas em prol da conservação de água garantindo a saúde dos usuários, o uso adequado dos recursos hídricos e a viabilidade econômica das soluções.

Referência: Guia Orientativo das Normas de Conservação de Água, Fontes Alternativas não Potáveis e Aproveitamento de Água de Chuva em Edificações – Publicação Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

 

Gheorge Patrick Iwaki

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