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Microplásticos podem prejudicar fluxo de sangue no cérebro, descobrem cientistas

Microplásticos podem prejudicar fluxo de sangue no cérebro, descobrem cientistas

Estudo feito com ratos ainda não tem relação com seres humanos estabelecida, mas eleva o alerta para os diversos malefícios trazidos pelos microplásticos

Microplásticos presentes na corrente sanguínea podem causar bloqueios no cérebro e afetar o seu funcionamento e comportamento, de acordo com uma nova pesquisa publicada na revista Science Advances.

No estudo, os cientistas testaram os efeitos dos microplásticos nos cérebros de ratos, tirando fotos dos vasos sanguíneos em seus cérebros e observando seu comportamento. Eles descobriram uma nova maneira pela qual os microplásticos podem comprometer o funcionamento dos vasos sanguíneos, prejudicando a saúde do cérebro.

Eles injetaram pedaços de três tamanhos diferentes — micro, micro menor e nano — de poliestireno (plástico muito usado na fabricação de embalagens) na corrente sanguínea dos animais, e os rotularam com marcadores fluorescentes para poder rastrear o caminho percorrido pelos materiais no corpo dos ratos. Em seguida, tiraram imagens dos vasos sanguíneos dentro dos cérebros das cobaias para rastrear os plásticos.

Mais tarde, eles também coletaram amostras de sangue dos animais para entender como os microplásticos interagiram com as células na corrente sanguínea. E conduziram experimentos comportamentais para testar se os plásticos impactaram a memória, o movimento, o comportamento exploratório e a resistência dos camundongos.

Os cientistas descobriram que os microplásticos foram ingeridos por células imunológicas — células que lutam contra infecções e invasores — dos ratos, o que alterou o tamanho e o formato dessas células e fez com que elas ficassem bloqueadas em pequenos vasos sanguíneos. Isso aconteceu sobretudo com pedaços maiores de microplásticos, que ficaram presos em vasos sanguíneos muito estreitos, chamados capilares, o que poderia causar obstruções prolongadas ao fluxo sanguíneo no cérebro. Apenas 30 minutos após a injeção de microplásticos, o fluxo sanguíneo foi obstruído no cérebro dos ratos.

Haipeng Huang, pesquisador biomédico da Universidade de Pequim e quem liderou o estudo, afirma que os microplásticos se acumularam “como se fosse um acidente de carros na corrente sanguínea”.

Houve mudanças comportamentais também. Os cientistas observaram que os camundongos mostraram sinais de pior memória, movimento, velocidade, habilidades motoras e resistência após serem injetados com os microplásticos. A maioria desses problemas melhorou quatro semanas após o experimento, mas alguns bloqueios de vasos sanguíneos permaneceram.

Alerta para humanos

Microplásticos são pequenas partículas de plástico (com menos de 5 mm) que se soltam de pedaços maiores à medida que os itens de plástico se degradam. Amplamente reconhecidos como poluentes ambientais, eles têm sido investigados também como um risco potencial à saúde.

Estudos anteriores mostraram que eles podem interagir com nossos hormônios ou entrar em nossas células e interromper nosso DNA, aumentando potencialmente o risco de certos tipos de câncer — especialmente quando são pedaços muito pequenos de plástico, chamados nanoplásticos.

As descobertas do estudo podem soar alarmes para o efeito potencial dos microplásticos na saúde do cérebro humano, por exemplo aumentando o risco de derrame ou declínio cognitivo — no entanto, mais pesquisas são necessárias antes de chegar a essas conclusões.

O tamanho e a estrutura dos vasos sanguíneos nos cérebros dos camundongos são diferentes dos humanos, os cientistas lembram, então não é certo que os microplásticos tenham o mesmo efeito em nós.

Os cientistas recomendaram que mais pesquisas sejam realizadas sobre os riscos à saúde a longo prazo representados pelos microplásticos, principalmente entre pessoas com condições que afetam o coração e os vasos sanguíneos, como doenças cardíacas.

Fonte: UM SÓ PLANETA


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