‘Se a água bruta está cada vez mais poluída, vai chegar em um ponto que você não vai consegui tratar’, destacou engenheiro sanitarista da Uerj.
Um especialista em engenharia sanitária sobrevoou na manhã da quinta-feira (9) os principais mananciais que fornecem água para a Estação do Guandu, responsável pelo abastecimento de grande parte do Rio. Ele alertou para o problema do aumento da poluição e como isso pode comprometer a qualidade da água que chega à capital fluminense.
Em Barra do Piraí, o Rio Paraíba do Sul, de onde vem 90% da água do Rio Guandu, a aparência é barrenta.
“Essa água indica altíssima poluição. A gente vê, bem claramente, o alto grau de degradação da bacia, com ocupação das faixas marginais, desmatamento. A água vai passando pelas cidades e você vê as manchas de poluição entrando no rio. E lamentavelmente esta é a água que estamos bebendo”, destacou Adacto Ottoni, professor e engenheiro sanitarista da Uerj.
Competência sobre a ocupação do solo e a gestão do esgotamento sanitário
O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) informou que a ocupação do solo e a gestão do esgotamento sanitário é de competência dos municípios.
No Rio Guandu, a água represada antes do tratamento não possui condições melhores. Há sinais de esgoto e lixo lançados na água.
O Rio Ipiranga, que é um dos que deságuam na lagoa do Rio Guandu, também tem uma coloração que indica problemas. “É esgoto bruto, olha a cor preta”.
O mesmo problema foi encontrado na água vinda do Rio Queimados.
“É a entrada de esgoto com muita matéria orgânica, e a gente vê também, como consequência disso, a coloração altamente esverdeada dessa lagoa, pois esse esgoto se transforma em alimento para as algas”, ressaltou Ottoni.
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Lixo no leito dos rios
Imagens aéreas mostram bastante lixo no leito dos rios. Os microrganismos presentes na água, por causa dos detritos, comprometem a qualidade que chega à captação da Cedae.
“Tem que pegar aquela água bruta e transformar em água potável. O problema é que, se a água bruta está cada vez mais poluída, vai chegar em um ponto que você não vai consegui tratar”, disse o professor.
Sobre os problemas recentes na qualidade da água que chega às casas do Rio de Janeiro, o especialista pede transparência e cuidado.
“Pode ter havido várias coisas e só vamos saber com um monitoramento preciso e diagnóstico preciso para comprovar para a sociedade que a água realmente está segura”, finalizou.