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Caconde/SP perde 75% da água captada e prefeitura quer privatizar o abastecimento

Rede de água da cidade tem mais de 50 anos e apresenta muitos vazamentos. Prejuízo é de R$ 1,25 milhão por ano, segundo levantamento.

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Prefeitura recebe apenas por 25% da água captada e distribuída, o restante é desperdiçado em vazamentos ou desviado (Foto: Reprodução EPTV)

Caconde (SP) perde 75% da água captada e tratada, segundo a avaliação de uma empresa contratada pela prefeitura. Com prejuízo de R$ 1,25 milhão, a administração municipal quer propor a privatização do serviço de abastecimento.

A perda é causada por vazamentos na rede e também pelo desvio de água. Segundo a empresa, que é especializada em gerenciamento de recursos hídricos, a maior fonte de desperdício são vazamentos na tubulação da rede de água, instalada a há mais de 50 anos.

“São redes muito antigas, metálicas ainda, que estão podres com o tempo e teriam que ser substituídas, principalmente no centro da cidade que é a parte mais antiga”, afirmou o diretor de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Caconde, Reginaldo Antônio de Souza.

Pagamento

O resultado é que, além de os moradores pagarem por uma água que não usam, também recebem pouca água em suas casas e estabelecimentos, como a comerciante Fabíola Araújo. Ela adaptou a rotina da casa e da sua lanchonete ao abastecimento de água.

“Água da rua, principalmente no período da tarde, tem faltado, mas a gente tem caixa e nós estamos economizando. Aqui não se lava janela, não se lava carro, não lava nada”, afirmou.

“[Na lanchonete] na emergência tem um galão para jogar no banheiro, mas se precisar lavar uma verdura, que precisa de água limpa, tem que ser em casa”, completou o marido Antônio Fernando Corrêa.

Caconde decretou estado de emergência e passa por uma restrição de utilização de água, devido à estiagem e a diminuição da captação. Quem desperdiça paga multa de R$ 165 e, em caso de reincidência, o valor sobe para R$ 548.

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Caconde decretou estado de emergência devido à estiagem. (Foto: Éder Ribeiro/ EPTV)

Segundo a especialista e professora do departamento de Hidráulica e Saneamento do campus de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP), Luiza Fernanda Ribeiro Reis, além das perdas financeiras, o desperdício de água traz prejuízos ambientais.

“Se você tem uma perda elevada, você é forçado a tirar mais água dos mananciais e isso é um fator de descompensação para o meio ambiente, se não, nos força a procurar outras fontes de abastecimento”, disse.

Falta fiscalização

Outro problema é a falta de medição do consumo e o desvio de água pela população. A prefeitura não tem dados consolidados, mas estima que 30% das casas não têm hidrômetro e isso reflete na cobrança das contas de água.

“Muita parte das vezes, na própria residência se quebra o hidrômetro para pagar a taxa mínima e usar à vontade”, afirmou o diretor de Meio Ambiente.

Privatização

Agora, a prefeitura estuda conceder o serviço de abastecimento de água a uma empresa privada, por um período de até 35 anos.

A administração municipal diz que são necessários R$ 25 milhões para fazer as melhorias na captação, tratamento e distribuição de água e que não dispõe desse valor.

Com a concessão a prefeitura quer resolver ainda mais dois problemas: o tratamento de esgoto, que não existe na cidade, e a troca ou instalação dos hidrômetros que estão defasados.

A medida deve aumentar a tarifa que hoje é de R$ 27 para quem consome até 10 mil litros por mês.

“Cria-se uma agência, que é paga com o dinheiro arrecado pela concessionária, e é essa agência que vai fazer a fiscalização do serviço e discutir aumento de tarifas. Não é porque vai fazer a concessão que a concessionaria vai subir ao bel prazer, tudo passa por um critério técnico e de muita transparência”, afirmou Souza.

Fonte: G1.

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