Substituição dos combustíveis fósseis por biometano reduziria emissões de gases de efeito estufa do Estado
Além disso, a substituição do gás natural e do óleo diesel nas usinas de açúcar e álcool poderia evitar o lançamento de 3,965 milhões de toneladas de gases de efeito estufa na atmosfera, o que equivale a 5,48% das emissões do Estado.
Tecnologias de purificação
Liderado pela professora Suani Coelho, que coordena um dos quase 50 projetos do RCGI, o grupo analisou as principais tecnologias de purificação utilizadas para retirada de contaminantes do biogás, tais como sulfeto de hidrogênio e dióxido de carbono. São elas: lavagem com água, lavagem com amina, absorção física, PSA (pressure swing adsorption), separação com membranas e separação criogênica (na qual se coloca a mistura gasosa em temperaturas criogênicas para liquefação do dióxido de carbono, que ocorre antes da liquefação do metano, e assim se consegue separar um do outro). As duas últimas são tecnologias extremamente atuais.
“Há um número grande de tecnologias disponíveis para realizar estes processos, o que pode ser uma barreira para desenvolvedores de políticas e planejadores energéticos estimarem rapidamente, com poucas incertezas e precisão satisfatória, potenciais de biometano levando em conta normas e padrões estabelecidos por órgãos reguladores”, explica Caio Joppert, o primeiro autor do estudo.
Segundo ele, a ideia foi facilitar o trabalho dos tomadores de decisão e planejadores, criando um modelo que conseguisse estimar quanto gás estará disponível para uso depois da limpeza (em termos de volume) e qual é o conteúdo energético desse combustível.
“Esses parâmetros podem variar consideravelmente de acordo com a tecnologia utilizada, pois cada tecnologia é como se fosse uma caixinha-preta, por assim dizer. O que sabemos é que nunca haverá purificação total do metano de outros gases e vapores que compõem o biogás. E é comum que haja uma perda de metano nesses processos de separação.”
Joppert, que é engenheiro químico e cursa o mestrado no Instituto de Energia e Ambiente da USP (IEE/USP), afirma que os parâmetros de perda de metano são muito bem fundamentados na literatura.
“Esse parâmetro de perda influencia a quantidade de gás no final do processo de separação e o teor de metano que esse gás terá. Isso é algo que acaba não sendo levado em conta pelos planejadores energéticos e desenvolvedores de políticas públicas”, alerta.
De acordo com ele, o Brasil está estipulando agora as normas para injeção de biometano na rede. “Seria um momento oportuno para apresentar a metodologia aos tomadores de decisão e planejadores, algo que o grupo pretende fazer.”
Sobre o RCGI
O Fapesp Shell Research Centre for Gas Innovation (RCGI) é um centro de pesquisa financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e pela Shell. Conta com cerca de 200 pesquisadores que atuam em 45 projetos de pesquisa, divididos em quatro programas: Engenharia; Físico-Química; Políticas de Energia e Economia; e Abatimento de CO2. São projetos que visam a reduzir as emissões globais de gases de efeito estufa , em especial o CO2.
Fonte: Jornal da USP.