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Paraná produz menos de 1% do potencial energético em biogás, diz instituto

O biogás é uma forma de aproveitamento da biomassa – matérias orgânicas utilizadas como fontes de energia renováveis e sustentáveis – e considerado barato e abundante.

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Paraná produz menos de 1% do potencial de geração de energia elétrica por meio do biogás, conforme o Centro Internacional de Energias Renováveis (Cibiogás). A capacidade do estado, segundo o instituto, é a de abastecer 4 milhões de residências com o consumo médio de 217 kW/h (quilowatts-hora).

Para o presidente da Cibiogás, Rodrigo Régis, o estado tem o maior potencial de geração desse tipo de energia no Brasil.

Formas de utilização do biogás

  • No funcionamento de motores, geradores, moto picadeiras, resfriadores de leite, aquecedor de água, geladeira, fogão, lampião, lança-chamas.
  • Pode substituir o gás liquefeito de petróleo na cozinha
  • Nas propriedades agrícolas, pode ser produzido em aparelhos simples chamados biodigestores
  • Os resíduos que sobram, uma substância com aspecto de lodo, quando diluída em água, podem ser utilizados como fertilizantes

Porém, segundo ele, falta um marco legal para criar um ambiente político e institucional para consolidar o biogás como vetor econômico no Paraná. “O estado tem a maior diversidade de tecnologias e de plantas para geração de energia [no país]”, aponta.

Para isso, o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), enviou dois projetos de lei à Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), no dia 12 de março, propondo a instituição do marco regulatório do biogás e biometano no estado.

Um dispõe sobre a Política Estadual do Biogás e Biometano, incluindo também a produção de biofertilizantes. O outro altera a Lei Complementar 205/17, que trata dos serviços de distribuição de gás canalizado.

Além disso, o governo diz que será assinado um novo decreto do Paraná Competitivo, permitindo que as empresas utilizem créditos de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para financiar a construção de biodigestores.

O Instituto Ambiental do Paraná (IAP) também vai expedir uma portaria para tratar do licenciamento ambiental do setor. Não foram informados prazos, mas essas medidas vão criar regras para o setor.

Energias renováveis e sustentáveis

Na avaliação de Luiz Pereira Ramos, professor de o Departamento de Química da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e especialista em biocombustíveis e biorefinarias, as oportunidades são muito grandes para se reduzir as emissões de poluentes por meio de formais “mais amigáveis” de se produzir energia.

As dificuldades, segundo ele, passam por questões como financeiras, de produção de conhecimento, tecnologia e também de vontade política. “Acredito que agora as coisas precisam tomar um rumo”, diz.

Ramos aponta que a quantidade de trabalhos científicos e iniciativas de tecnificação relacionadas à produção de biogás são grandes no estado.

Importância de diversificar

Para o professor, a importância de diversificar a matriz energética, hoje baseada nas hidrelétricas, tem relação com a demanda que cresce gradativamente e também com a saúde pública.

“Já tivemos situações em que o recurso hídrico deixou de atender a demanda e precisamos recorrer para as termelétricas [que podem funcionar pela queima de óleo diesel e gás natural, por exemplo]”, explica.

Quanto à saúde, ele indica que pesquisas evidenciam a melhora na qualidade do ar de forma generalizada com a adoção de fontes renováveis e sustentáveis.

O presidente da Copel, Antonio Guetter, diz acreditar nos benefícios da diversificação. Ele aponta que, assim como no passado a fonte mais abundante estava nos rios, hoje o maior potencial está na biomassa.

“Temos dois ganhos. Acabar com o passivo ambiental da produção de frangos e suínos e criar uma nova fonte com potencial enorme de produção de energia”, explica o presidente. Ele aposta que em alguns anos o foco saia das hidrelétricas.

Biogás a partir do lodo e resíduos orgânicos

A formação do biogás acontece, basicamente, durante a decomposição da matéria viva por bactérias microscópicas. Durante o processo, as bactérias retiram da biomassa parte das substâncias de que necessitam para continuarem vivas, e lançam na atmosfera gases e calor.

A CS Bioenergia, de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, produz biogás a partir de lodo do esgoto e resíduos orgânicos oriundos das Centrais de Atendimento do Paraná (Ceasa). A empresa tem como sócia a Sanepar – que tem 40% de participação.

Um equipamento montado com tecnologias de outros países permite a separação dos resíduos que chegam à empresa. “A tecnologia implantada é o estado da arte em separação de resíduos sólidos”, afirma a presidente da CS Bioenergia, Fabiana Campos.

O sócio e fundador da empresa, Sérgio Vidoto, explica que o lodo vindo de uma estação de tratamento da Sanepar somado aos resíduos orgânicos geram o biogás.

Fonte: G1

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