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Ambipar capta US$ 400 mi com títulos ‘verdes’

Ambipar capta US$ 400 mi com títulos ‘verdes’

Operação teve demanda menor em comparação às emissões anteriores de companhias brasileiras lá fora

A captou US$ 400 milhões com títulos de dívida no exterior. A demanda pelos papéis, rotulados como “verdes”, foi maior que o dobro do volume emitido, chegando a US$ 850 milhões. A empresa que atua na gestão de resíduos precificou os títulos com prazo de oito anos a 10,875% ao ano, segundo fontes que acompanham a operação. A taxa inicial sinalizada era de 11%.

Foi a segunda vez que a empresa levantou recursos lá fora com bonds. Em janeiro de 2024, emitiu US$ 750 milhões, volume maior do que os US$ 500 milhões planejados inicialmente, devido ao forte interesse dos investidores. A taxa inicial sinalizada era de 10% e ficou em 9,875% para um papel de sete anos.

A Ambipar atraiu demanda menor que a de outras empresas que foram ao mercado neste ano. e , ambas emissores recorrentes, lançaram papéis com demanda mais de quatro vezes maior que o volume captado. Segundo a leitura de um banqueiro, a emissão da Ambipar “patinou”, em comparação a outras ofertas feitas em janeiro, por causa do perfil de crédito da empresa e por ela ser menos conhecida — e não por uma mudança no apetite dos investidores.

Outra fonte disse que o fato da companhia atuar em uma área específica e não ter pares no mercado lá fora torna o crédito mais difícil de comparação. Mesmo assim, a companhia conseguiu ampliar o prazo dos bonds e atrair grandes investidores focados em papéis sustentáveis, afirmou.

A Ambipar iniciou apresentações a investidores com o plano de captar entre US$ 400 milhões e US$ 500 milhões (“benchmark”). A ideia é utilizar os recursos para pagar dívidas que vencem em 2031, reembolsar o pagamento de outras dívidas e para propósitos corporativos gerais. O mesmo montante deve ser destinado a projetos de sustentabilidade.

Em comunicado divulgado na noite da quarta-feira (28), o diretor financeiro da Ambipar, João Arruda, disse que a emissão permitirá que a companhia possa rolar dívida de curto prazo. “Estamos muito satisfeitos com o resultado da operação, foi um livro que atraiu investidores de alta qualidade que acreditam no futuro da Ambipar e nos apoiam na agenda ambiental”, afirmou.

“O mercado de bonds tem prazo de vencimento de oito anos, o que não existe no mercado local. Sendo assim, por prudência, vamos usar a operação para rolar as dívidas da Ambipar entre 2025 e 2028, além de parte dos green notes que vencem em 2031. Nos dá um bom período para executarmos nosso plano de crescimento, rentabilidade e eficiência, aumentando nossa geração de caixa e melhorando perfil de crédito ao longo do tempo”, disse Arruda.

A agência de classificação de risco Fitch atribuiu o rating “BB-” à proposta. A nota, segundo os analistas, reflete a sólida posição no setor de serviços ambientais, potencial de crescimento e diversificação geográfica de receitas, mas é limitada pela alta alavancagem e pelo consumo significativo de fluxo de caixa para pagamento de despesas com juros.

Além da Ambipar, JBS, e Usiminas captaram com bonds em janeiro. A JBS emitiu US$ 1,75 bilhão, o Bradesco captou US$ 750 milhões e a Usiminas levantou US$ 500 milhões.

A expectativa de bancos de investimento era de uma temporada mais animada de ofertas, mas o aumento da volatilidade tanto no mercado interno quanto no externo fez algumas companhias esperarem um pouco mais para captar recursos.

A “janela” atual dura até a segunda semana de fevereiro, quando as companhias iniciam a divulgação dos resultados referentes ao quarto trimestre de 2024. Bank of America (BofA), Bradesco BBI e UBS atuaram na operação da Ambipar. A liquidação está prevista para o dia 5 de fevereiro.

Fonte: Valor


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