Descubra por que a tecnologia de hidrogênio verde está moldando o futuro da energia limpa e se tornando essencial para o mundo sustentável de hoje.
Em 1800, o cientista William Nicholson descobriu o processo de eletrólise, que possibilitou a separação da água em hidrogênio e oxigênio — uma base para a produção de hidrogênio até hoje.
Contudo, só no século XX, com a crise do petróleo e a crescente preocupação ambiental, o hidrogênio começou a ser pensado como alternativa limpa aos combustíveis fósseis.
Nas últimas décadas, a necessidade de fontes energéticas sustentáveis se tornou urgente. Por isso, a tecnologia de hidrogênio verde ganhou destaque.
Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), em seu relatório de 2019, o hidrogênio tinha potencial para se tornar uma peça-chave na transição energética global.
No entanto, naquela época, a produção sustentável ainda era limitada por custos elevados e falta de infraestrutura adequada.
O hidrogênio é o elemento mais abundante do universo, mas sua produção em escala limpa exigiu avanços tecnológicos recentes.
A maior parte do hidrogênio produzida atualmente é chamada de hidrogênio cinza, gerada a partir do gás natural, liberando grandes quantidades de CO₂.
Já o hidrogênio azul, apesar de utilizar técnicas para captura de carbono, ainda depende de fontes fósseis.
Por isso, o foco atual está no hidrogênio verde — produzido pela eletrólise da água, usando energia exclusivamente renovável.
Segundo a Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA), em seu relatório de 2020, a combinação da eletrólise com energia solar e eólica tem se tornado cada vez mais viável economicamente, abrindo caminhos para uma matriz energética mais limpa.
O que é e como funciona o hidrogênio verde?
A produção de hidrogênio verde acontece pela eletrólise da água.
Esse processo, inicialmente descoberto por William Nicholson em 1800, consiste em aplicar eletricidade para separar a água em hidrogênio e oxigênio.
Hoje, essa eletricidade vem de fontes renováveis, como a solar e a eólica. Dessa forma, o processo não emite gases poluentes, caracterizando uma alternativa ambientalmente sustentável.
Além disso, o hidrogênio verde se destaca pela versatilidade. Ele pode ser usado no transporte, substituindo combustíveis fósseis em veículos movidos a células de combustível.
Também pode substituir o carvão e o gás natural em indústrias pesadas, como a produção de aço e cimento — setores tradicionalmente muito poluentes.
A IRENA destacou em 2023 que os custos dos eletrolisadores reduziram em cerca de 50% desde 2015, graças ao aumento da escala produtiva e à inovação tecnológica. Isso tem impulsionado a expansão do hidrogênio verde no mundo.
Além do transporte e da indústria, o hidrogênio pode ser usado para gerar eletricidade em usinas híbridas, que combinam diferentes fontes energéticas, promovendo uma matriz mais equilibrada e confiável.
Armazenamento de energia e segurança energética
Um dos maiores desafios das fontes renováveis é a intermitência — o sol e o vento nem sempre estão disponíveis. Nesse sentido, a tecnologia de hidrogênio verde oferece uma solução eficiente para armazenar energia.
O excedente de eletricidade gerado durante períodos de produção alta pode ser usado para produzir hidrogênio, que é armazenado e convertido em energia quando a demanda aumenta ou a produção renovável diminui.
Segundo o Plano Nacional de Energia 2050 do Governo do Brasil, lançado em 2020, o país tem potencial para usar o hidrogênio verde como forma de armazenamento energético, garantindo maior segurança e estabilidade no fornecimento.
Além disso, o hidrogênio pode ser armazenado em grandes volumes e por períodos longos, diferentemente das baterias comuns.
Isso o torna um componente estratégico para o equilíbrio das redes elétricas.
Por isso, países com abundância de fontes renováveis, como o Nordeste brasileiro, podem se tornar grandes produtores e exportadores, reduzindo sua dependência energética.
Desafios, oportunidades e o cenário mundial
Apesar de conhecido há mais de dois séculos, o hidrogênio verde só agora está superando desafios técnicos e econômicos para ser uma solução viável em larga escala.
Segundo a União Europeia, que lançou seu Plano de Hidrogênio em 2020, o desenvolvimento do hidrogênio verde é vital para atingir as metas de redução de 55% nas emissões de gases até 2030.
Porém, a produção, transporte e armazenamento exigem rigorosos padrões de segurança, uma vez que o hidrogênio é altamente inflamável. No entanto, os avanços da engenharia têm garantido processos cada vez mais seguros e confiáveis.
Além da Europa, países como Japão, Austrália e Chile têm investido significativamente em pesquisa, infraestrutura e políticas para fomentar o setor do hidrogênio verde.
Enquanto isso, o Brasil, graças ao seu grande potencial renovável e experiência em energias limpas, está bem posicionado para se tornar um protagonista global, conforme destacado pelo Ministério de Minas e Energia em seus relatórios recentes.
A expansão da cadeia produtiva do hidrogênio verde gera empregos qualificados e incentiva a formação técnica, ampliando também o desenvolvimento econômico regional.
Integração com outras fontes e impactos ambientais
O hidrogênio verde complementa outras fontes renováveis, como biomassa e energia oceânica, fortalecendo uma matriz energética diversificada e resiliente.
Além disso, reduz as emissões de poluentes atmosféricos que afetam diretamente a saúde pública.
Conforme estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS) publicados em 2022, a redução da poluição do ar está diretamente ligada à diminuição de doenças respiratórias e cardiovasculares em áreas urbanas.
Portanto, o uso do hidrogênio verde tem impacto positivo no meio ambiente e na qualidade de vida das pessoas.
A substituição dos combustíveis fósseis pelo hidrogênio verde pode evitar a emissão de milhões de toneladas de CO₂ ao longo dos próximos anos.
Com isso, contribui decisivamente para o cumprimento dos compromissos internacionais, como o Acordo de Paris.
Benefícios sociais
Socialmente, a tecnologia de hidrogênio verde oferece oportunidades reais. A criação de empregos, a formação de profissionais qualificados e o desenvolvimento econômico em regiões menos favorecidas são alguns dos seus impactos positivos.
Universidades e centros de pesquisa já oferecem cursos especializados para formar profissionais para essa cadeia produtiva em crescimento, garantindo a inovação e sustentabilidade do setor.
Em resumo, a tecnologia de hidrogênio verde representa uma solução viável, limpa e estratégica para o futuro da energia no mundo.
Ao investir nela, reduzimos a pegada de carbono, fortalecemos a economia e promovemos a melhoria da qualidade de vida.
Fonte: CPG