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Sistema de tratamento de esgoto remove 98% dos contaminantes

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Tratamento de esgoto: engenheiro ambiental ensina como montar sistema para a zona rural

Dos 68 milhões de domicílios brasileiros, 80% têm coleta de esgoto ou fossa séptica, segundo os últimos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mas, olhando apenas para a zona rural, o número cai para 38,7%.

Incomodado com o esgoto da casa e os dejetos da criação de suínos que eram despejados diretamente no solo, Jonas Rodrigo dos Santos resolveu desenvolver seu próprio sistema de tratamento, quando ainda cursava a faculdade de engenharia ambiental, em 2013.

O projeto deu tão certo que, no ano seguinte, foi escolhido pela Agência Nacional de Águas (ANA) como um dos três melhores do país voltados aos cuidados com a água.

“Na zona rural não há coleta de esgoto, cada pessoa que tem que buscar o seu e não é exigido isso (o tratamento)”, diz.

“Nossa área rural é totalmente esquecida, deveria ter centrais para cada residência realizar o tratamento.”

O esgoto da casa de Jonas, que fica em Capanema, no Paraná, ia para uma fossa negra e infiltrava no solo, gerando um potencial de contaminação para os moradores. A água da lavagem das baias dos suínos tinha um destino ainda pior: ficava a céu aberto, o que trazia uma série de impactos ambientais.

Agora, tudo vai para um sistema de filtragem que, visto de fora, parece um jardim, com flores e bananeiras.

Como funciona

Por dentro, ele funciona assim: primeiro o esgoto vai para uma fossa séptica e impermeabilizada, onde o material sólido se acumula no fundo.

Depois, a parte mais líquida do efluente é coletada por um septo e segue pelo tanque de filtros, chamado de zona de raízes.

A filtragem é feita por pedras e também por plantas que, com suas raízes, captam os nutrientes do esgoto e devolvem água limpa.

Para montar o sistema, o primeiro passo é fazer a ligação do esgoto e dos dejetos dos animais que serão despejados na fossa séptica. A fossa séptica é quadrada, com 1,8 metro de lado e 1,8 metro de profundidade. Ela é construída de alvenaria, com reboco para impermeabilizar.

O tanque de tratatamento, interligado com a fossa, também deve ser construído totalmente de alvenaria. E deve ter uma declividade de 10%, pois os efluentes circulam dentro do sistema por gravidade.

O sistema de Jonas, que trata o esgoto de uma família de quatro pessoas e de uma criação de 12 animais, tem 4 metros de um lado, 10 do outro, e 80 centímetros de profundidade.

O tratamento é feito em quatro filtros, divididos por paredes, mas interligados por uma pequena abertura. O primeiro deles é preenchido com pedras brutas grandes, o segundo leva britas, o terceiro tem pedriscos e o quarto, o mais fino, recebe areia.

Cada um dos filtros tem canos de 300 ml, onde são colocadas as plantas. Os canos são cheios de furos, para que as raízes das plantas tenham contato com os efluentes.

Jardim

Do lado de fora, três plantas estão sendo testadas: a flor beijinho (na primeira fase), bananeiras (na segunda) e taioba (na terceira).

No sistema original, a planta usada na primeira fase foi a taboa, que tem grande capacidade de absorver oxigênio, segundo Jonas. A troca pelo beijinho foi feita justamente para avaliar a eficiência de outras plantas, mas o ideal é começar com a taboa, explica.

Já a bananeira foi escolhida porque uma planta adulta pode eliminar mais de 20 litros de água limpa por dia dentro do sistema.

Na última parte vai a taioba, planta comestível que tem uma característica bem específica. “Só ela é consegue retirar parte dos coliformes fecais e armazenar no seu caule e folha. É preciso até que queimá-la depois, pela quantidade de coliformes na sua estrutura”, conta Jonas.

Depois de passar por todo o sistema de tratamento, a água turva e contaminada separada do esgoto sólido sai do último filtro cristalina.

“A água sai praticamente potável. Se comparamos os parâmetros, a gente tem hoje uma remoção de 98% dos contaminantes do efluente. Basta ter acesso a esse conhecimento para que possam fazer o tratamento nas residências”, afirma Jonas.

O lodo que se acumula no fundo da fossa séptica precisa ser retirado a cada seis meses e, do lado de fora, as plantas que crescerem muito devem ser substituídas para que as raízes não prejudiquem o sistema de tratamento.

O sistema de Jonas custou R$ 7 mil na época em que foi feito, mas se o filtro for apenas para esgoto doméstico, o tamanho e o custo podem ser reduzidos.

Fonte: G1.

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