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Para minimizar seca vão 100 litros de água por segundo de Alqueva à Vigia

Agricultores já reduziram os consumos e toneladas de peixes foram retirados de albufeiras.

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Foto: Nuno Veiga / Luso

No Alentejo, o reduzido volume de armazenamento de água na barragem da Vigia, concelho de Redondo (Évora), foi nos últimos meses uma das situações que mais preocupou as autoridades. No final de Setembro, estava preenchida, apenas, 10% da sua capacidade.

Foi a primeira a ser alvo de uma operação de remoção de 150 toneladas de peixe decidida para quatro albufeiras da região, no final do mês de Agosto, e os agricultores do perímetro de rega foram forçados a reduzir os consumos de água nas suas culturas, devido à seca, para acautelar o abastecimento público.

Em 2015, o Perímetro de Rega da Vigia ficou ligado ao Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva através da albufeira do Monte Novo (Évora), beneficiando várias centenas de parcelas agrícolas.

Em ano de seca extrema e severa, houve necessidade de salvaguardar o abastecimento público dos sete mil habitantes do concelho de Redondo e há dois meses que a água da “barragem mãe de todas as barragens” passa, também, pela Estação de Tratamento de Água (ETA) da Vigia.

Efeitos da seca no abastecimento público

“A solução que encontrámos para minimizar os efeitos da seca no abastecimento público, passou pela ligação directa de Alqueva à ETA da Vigia”, conta à Renascença o presidente da Câmara de Redondo, numa intervenção que envolveu a empresa Águas de Lisboa e Vale do Tejo, a Associação de Beneficiários da Obra da Vigia e o próprio município.

“Estão a chegar à ETA 105 litros de água por segundo”, revela António Recto. O autarca explica que a população consome “cerca de 60 a 70% dessa água”, o excedente segue a céu aberto para a barragem. “Neste momento deve estar a armazenar ainda muito pouco, entre 10 a 12% da sua capacidade, que é, no total, de 15 milhões 725 metros cúbicos”, acrescenta.

Mas se a questão do abastecimento público à população está resolvida, o mesmo não se pode dizer das incertezas que se colocam ao sector agrícola, motor da economia do concelho. António Recto alude, também, aos problemas que já se colocam ao abeberamento do gado: “É outra das dificuldades que estamos a ter, e a própria câmara já transporta água, que tira de alguns poços, para fazer chegar a algumas explorações pecuárias.”

Desde Maio que o presidente da Câmara de Redondo tem a seca no topo da sua agenda. Garante que por parte de todas as entidades com quem tem trabalhado, Governo incluído, “tem existido um empenho total”. Só falta mesmo, desabafa, “uma ajuda divina”.

Foto: Rosário Silva | RR

Produtores com despesas acrescidas

Na Herdade do Carapetal, a quatro quilómetros da vila de Redondo, há cerca de quatro centenas de bovinos que é preciso cuidar. O proprietário, Olaf Maat, holandês há 30 anos no Alentejo, gere a exploração pecuária de bovinos de leite, com 110 hectares.

“Já tivemos anos de seca, mas como este ano ainda não tínhamos tido”, confessa à Renascença o empresário.

Juntamente com a mulher, Teresa, dedicam-se à actividade de produção leiteira e, paralelamente, à produção forrageira para alimentação do efectivo da exploração.

“Produzimos forragens que armazenamos sob a forma de silagem para alimentação das nossas vacas e, desse ponto de vista, não temos problemas este ano, mas se não chover, o próximo ano vai ser complicado”, diz Olaf Maat.

Dar de beber aos animais torna-se, neste ano de seca, a maior preocupação do casal: “Habitualmente é através de furos e poços, mas por causa da seca, estamos a utilizar a água da rede pública, que é muito cara e encarece muito a nossa actividade.”

São despesas acrescidas para os agricultores numa região à espera que chova. “Precisamos muito de chuva pois sem chuva não conseguimos fazer nada”, murmura o empresário.

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Foto: Rosário Silva | RR

Fonte: Renascença

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