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Salvar o Ribeirão Quilombo é também socorrer o Rio Piracicaba

Durante o encontro os municípios por onde o ribeirão cruza, também apresentaram as ações que estão sendo desenvolvidas nas áreas de saneamento, recuperação de matas ciliares e macrodrenagem.

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A necessidade de investimentos também em educação ambiental ao longo da bacia do Ribeirão Quilombo foi destacada durante a 3º Reunião do Grupo do Consórcio PCJ para revitalização do curso d’água, realizada na última quinta-feira, dia 12, no anfiteatro da Prefeitura Municipal de Nova Odessa (SP).

O presidente do Consórcio PCJ e prefeito de Nova Odessa, Benjamim Bill Vieira de Souza, atentou na abertura dos trabalhos que o projeto de revitalização do Quilombo vai até 2035, porém, que é possível com as novas tecnologias rever para menos esse prazo. “Essa discussão é para sabermos o que melhoramos e o que devemos melhorar. Esse projeto é a longo prazo, mas os primeiros passos já começaram e com tecnologia podemos até fazer com que esse tempo previsto diminua”, comentou Bill.

A reunião contou também com a presença do prefeito de Hortolândia e vice-presidente do Programa de Cooperação Institucional do Consórcio PCJ, Angelo Perugini, que atentou para a necessidade de sensibilização da comunidade. “Em nosso município recebemos muitas mais solicitações de corte de árvores do que plantios. É preciso informar as pessoas da importância dessas ações para o bem-estar de todos, pois, lutar pelo Ribeirão Quilombo é também lutar pelo Rio Piracicaba, pelas Bacias PCJ e pelas pessoas”, disse.

Ações em andamento nos municípios da Bacia do Quilombo

O secretário do Meio Ambiente e do Verde de Campinas, Rogério Menezes, pontuou que a iniciativa do Consórcio PCJ com o projeto de revitalização do Quilombo serviu para iniciar diversas ações nessa área no município. “Esse projeto é um puxão de orelha em nós, já que o rio nasce em Campinas, mas serviu para darmos andamento às iniciativas já existentes e mobilizar para novas ações”.

Entre as iniciativas que estão sendo executadas por Campinas estão as obras de pavimentação e drenagem dos bairros Vila Esperança, Recanto da Fortuna, e trechos do Jardim Santa Mônica e São Marcos. As obras de coleta e afastamento de esgoto no Santa Mônica (1.605 metros) e no San Martin (11.536 metros) também estão sendo executadas.

Menezes destacou as ações de recuperação de matas ciliares. “Campinas destina também parte significativa das suas compensações ambientais para a revitalização do Ribeirão Quilombo, com o plantio já concluído ou em andamento de 77.272 mudas de árvores na área da bacia e outras 31.505 mudas aguardando plantio, resultando num total de 108.777 mudas destinadas para essa finalidade”, explicou.

Segundo Vitor Assunção, da Secretaria de Infraestrutura de Campinas há também previsão da fase inicial das obras (dezembro de 2019) do reservatório de retenção de águas pluviais do Córrego da Lagoa (afluente do Ribeirão Quilombo), atendendo as ações de macrodrenagem previstas para o município. Essas obras estão estimadas em R$ 76 milhões.

Adriana Boscolo Candido da Sanasa apresentou fotos de como estão as obras de construção da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Boa Vista, atentando que a tecnologia empregada será de tratamento terciário, tornando a ETE uma Estação Produtora de Água de Reuso (EPAR), com previsão de entrega para abril de 2020. Com essa obra, que está localizada na região de cabeceira do Ribeirão Quilombo e contribuirá para a melhoria da qualidade da água da região, Campinas passará contar com 100% de capacidade de tratamento de esgoto coletado.

Reservatório de macrodrenagem

O município de Hortolândia terminou a construção do terceiro dos três reservatório de macrodrenagem previstos para a bacia do Quilombo, além de realizar ações de educação ambiental na comunidade. Segundo a representante da prefeitura, Elaine Sousa, está previsto loteamento às margens do ribeirão no trecho que corta o município e que a prefeitura exigirá como contrapartida para o empreendimento, a recuperação e preservação das matas ciliares da área. Também está previsto para ser realizado em Hortolândia parques lineares que interligarão os reservatórios de macrodrenagem executados pela prefeitura, contribuindo para a revitalização das margens dos principais afluentes do Ribeirão Quilombo que cortam o município, integrando toda a sociedade do município ao rio. Hortolândia também possui 100% de capacidade de tratamento dos esgotos coletados.

O Diretor Presidente da Coden (Companhia de Desenvolvimento de Nova Odessa), Ricardo Ongaro, explanou durante a reunião sobre os investimentos na modernização da ETE Quilombo, que possui 100% de tratamento do esgoto coletado de Nova Odessa, além do projeto de uso do lodo resultante do tratamento como fertilizante. “Essa ação também vai favorecer o Quilombo, já que pretendemos fornecer esse fertilizante orgânico para uso na agricultura, o que de forma indireta beneficiará o curso d’água, evitando o uso de agroquímicos que poderiam contaminar a água pela poluição difusa”, comentou Ongaro. Nova Odessa também realizou o plantio de mais 5 mil mudas de árvores ao longo da Bacia do Ribeirão Quilombo, contribuindo para sua recuperação florestal.

O Diretor Presidente da Coden ainda abordou sobre a criação do fundo municipal para ações ambientais, que já levantou R$1 milhão, o que permitirá a contratação de contratar um plano municipal de macrodrenagem que poderá prever a elaboração de projeto executivo dos reservatórios de macrodrenagem previstos para o município.

O Município de Americana eliminou todos os 13 pontos de lançamento de esgoto no Ribeirão Quilombo. Segundo João Marco do DAE de Americana, agora todo o esgoto que antes era lançado no curso d’água é enviado para a ETE Carioba, garantindo a melhoria da qualidade da água do Ribeirão.

GAEMA destaca o combate ao lançamento clandestino de esgoto

O Promotor do Ministério Público do Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (GAEMA), Rodrigo Garcia, atentou para a necessidade de o Município de Sumaré, iniciar as obras para a implantação de ETE e elevar o tratamento de esgoto na cidade. “Enquanto Campinas, que está na cabeceira da bacia do Quilombo, entregará no próximo ano uma ETE que devolverá água limpa ao ribeirão, Sumaré, que está no centro da bacia, vai sujar a água de novo. Temos um TAC (Termo de Ajuste de Conduta) no qual a BRK Ambiental, concessionária dos serviços de saneamento no município, se comprometeu a elevar de 30 para 100% o tratamento de esgotos até 2022”, disse Garcia.

O promotor ainda atentou para a necessidade de investimentos em rastreamento e controle de lançamentos clandestino de efluentes na bacia. “Quanto você coleta de esgoto efetivamente? Quanto é o lançamento clandestino? Os únicos municípios que estão fazendo essa ação de forma efetiva são Campinas, por meio da Sanasa, que possui sete equipes exclusivamente para esse fim e Hortolândia que tem realizado essa ação por meio de parceria com a Sabesp. É necessário que todos os municípios façam o mesmo”, atentou Garcia.

A reunião ainda contou com exposições dos representantes da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo, Wilma Gonçalves e Mario de Almeida, que abordaram sobre os programas de financiamento do Estado para obras de saneamento. Wilma atentou para a existência de recursos financeiros que poderiam ser direcionados para a Bacia do Quilombo, mediante contato mais próximo dos municípios com a Secretaria, se colocando à disposição para futuras interlocuções com o Grupo.

A gerente da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), agência de Americana, Adriana Guimarães Alves, informou que como apoio da instituição para contribuição nas ações de Revitalização da Bacia do Ribeirão Quilombo, foram implantados três novos pontos de medição da qualidade da água do Quilombo somando, portanto, agora seis pontos de controle e que a Cetesb trabalha com a meta de o Ribeirão melhorar de classe em 2030. O novo Relatório da Cetesb sobre Qualidade das Águas Interiores que será publicado ainda em 2019 já trará informações desses novos pontos de controle instalados na Bacia do Quilombo.

O Coordenador da Câmara Técnica de Conservação e Proteção de Recursos Naturais (CT-RN) dos Comitês PCJ atentou para a potencial da Política de Mananciais PCJ no projeto de revitalização florestal da Bacia do Quilombo e intensificou o discurso de sensibilização da comunidade com mais ações de educação Ambiental.

Mesmo discurso também foi levantado pelo Secretário Executivo dos Comitês PCJ e Direto da Bacia do Médio Tietê-DAEE, Luis Roberto Moretti, que sugeriu que o Consórcio PCJ intensifique as ações de educação ambiental na comunidade do entorno do Ribeirão Quilombo.

O secretário executivo do Consórcio PCJ, Francisco Lahóz, comentou que o projeto entra agora numa nova fase, que vai além do acompanhamento e consultoria do Consórcio PCJ com os municípios da bacia do Quilombo. “Acredito que parceria com a Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente, com a Cetesb, DAEE e os Comitês PCJ, poderão nos auxiliar em levantar os recursos necessários para as obras nas três grandes áreas do projeto: saneamento, reflorestamento ciliar e macrodrenagem. Nossa meta é tornar o Quilombo o segundo caso único no Brasil de mudança de classe de rio, à exemplo do que já ocorreu em outro manancial das Bacias PCJ, o Rio Jundiaí, até então o único caso de mudança de classe”, disse Lahóz.

Sobre o Ribeirão Quilombo e o projeto de recuperação

O Ribeirão Quilombo possui extensão aproximada de 54,7 km desde a sua nascente, na cidade de Campinas, até a sua foz no Rio Piracicaba, no município de Americana. Sua bacia hidrográfica possui extensão de 396 km² é caracterizada por ocupação majoritariamente urbana e com índice de chuva variando entre 1.200 e 1.800 mm. O curso d’água cruza ainda os municípios de Sumaré, Nova Odessa e parte das divisas territoriais de Paulínia e Hortolândia.

O Consórcio PCJ produziu vídeo sobre as ações que estão sendo realizadas de revitalização do Quilombo, disponível no canal de Youtube da entidade, em:

Fonte: Água.org.

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