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Técnica de reúso de água da zona rural pode ser levada à área urbana

Parceira da Embrapa Instrumentação, a KLL desenvolveu um projeto-piloto de três tecnologias do tipo, em um sítio localizado em Bauru

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Wilson Lopes da Silva e Luiz Carlos do Prado mostram as plantas aquáticas do jardim filtrante

De visão ousada, uma empresa bauruense decidiu levar a técnica de reúso da água da zona rural para a área urbana. Parceira da Embrapa Instrumentação, em São Carlos, a KLL desenvolveu um projeto-piloto de três tecnologias do tipo, em um sítio localizado em Bauru.

Engenheiro civil e proprietário da KLL, Luiz Carlos Silva do Prado explica que um dos procedimentos corresponde ao jardim filtrante, uma espécie de saneamento básico rural idealizado pela Embrapa, que recebe os royalties da venda desta técnica.

“A pesquisa foi feita há aproximadamente dez anos, mas o jardim filtrante instalado na minha propriedade, situada nas proximidades da Lagoa de Captação do Rio Batalha, em Bauru, existe há 12 meses”, acrescenta.

O jardim filtrante, de dois por cinco metros, atende uma família de até cinco pessoas. “Toda água cinza da casa – derivada do chuveiro, pia, máquina de lavar roupa etc – é destinada ao jardim filtrante, que conta com uma caixa de decantação e outra de gordura”, adianta.

Em seguida, a água chega a uma camada de pedra britada, que possui outra de areia, aonde são inseridas as plantas aquáticas. “Conforme a água passa, a raiz desta vegetação absorve as toxinas. Por evapotranspiração, as plantas purificam o líquido”, explica.

Qualidade satisfatória

Ainda de acordo com Prado, o resultado deste processo é uma água com qualidade satisfatória, pequena turbidez e pouco odor. Mesmo assim, o líquido só é indicado para o reúso, ou seja, lavar calçadas e roupas, além de irrigar jardins.

Pesquisador da Embrapa Instrumentação, em São Carlos, Wilson Tadeu Lopes da Silva esclarece que o jardim filtrante é uma adaptação das áreas alagadas construídas. A técnica foi redimensionada para a área rural.

Segundo o engenheiro civil, uma família de cinco pessoas consome, na parte interna da casa, em torno de 1 mil litros d’água.

Deste total, 800 litros resultam em água cinza e o restante, em água negra – proveniente do vaso sanitário. “Quando estes 800 litros passam pelo jardim filtrante, uma parte evapora. Portanto, cerca de 600 litros d’água retornam para a tubulação”, frisa.

Embora esta tecnologia seja voltada para o saneamento rural, o empresário pretende adaptá-la para o urbano. “Ao todo, o jardim filtrante e a fossa biodigestora ocupam um espaço de 11 metros e é possível reduzi-lo ainda mais, afinal, esta é a largura mínima de um terreno da cidade”.

ADUBO E ÁGUA

Outro procedimento desenvolvido pela Embrapa e comercializado pela KLL é a fossa biodigestora, que transforma toda a água negra em adubo orgânico. O processo é simples, afinal, são inseridas bactérias em três ou quatro caixas de 1 mil litros cada.

A última delas é responsável pela produção do chorume, considerado um adubo rico, que só não pode ser usado para a irrigação de verduras, mas é possível beneficiar pomares, bananeiras e gramados. “Normalmente, na zona rural, utiliza-se a fossa negra, que despeja toda a água cinza e negra, diretamente, no lençol freático”, observa.

Há, ainda, outro sistema de tratamento desenvolvido pela Embrapa, além do jardim filtrante e da fossa biodigestora, que é o dosador de cloro.

De acordo com o engenheiro, tal tecnologia serve para deixar a água do poço potável. O líquido é destinado à caixa d’água das propriedades rurais, que não têm qualquer saneamento neste sentido.

Segundo o pesquisador da Embrapa, a fossa biodigestora e o clorador foram desenvolvidos pela própria instituição. “Quando a gente fala em saneamento rural, a gente fala em qualidade de vida e saúde, porque o esgoto é uma grande fonte de doenças”, defende.

Wilson Tadeu Lopes da Silva revela, também, que as três técnicas permitem o tratamento da água com qualidade, simplicidade e custo, relativamente, baixo. Para se ter uma ideia, a implantação dos três procedimentos, em qualquer propriedade, gira em torno de R$ 6,2 mil.

Fonte: JC Net.

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