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Reservatórios cearenses apresentam baixo volume hídrico

O ano termina com reservas hídricas reduzidas a 10,8%, em média, no Ceará, mas melhores do que nos últimos dois anos. Em 2017, o nível médio dos 155 reservatórios monitorados pela Cogerh era de 7,2% e no fim de 2017, de 6,7%

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O açude Croatá, na zona rural de Jaguaribe, está secando. O pouco de água que resta é imprópria para consumo humano – Foto: Honório Barbosa

Os pequenos reservatórios secaram ou estão em situação hídrica de volume morto. A queda nas reservas traz dificuldades de abastecimento para sedes de distritos e centenas de localidades rurais. As últimas chuvas, verificadas ao longo de dezembro, não foram suficientes para recargas substanciais dos açudes.

A população de dois distritos populosos, Nova Floresta e Feiticeiro, na zona rural de Jaguaribe, na região Centro-Sul do Estado, enfrenta crise de abastecimento que tende a se agravar nos próximos meses, caso não ocorra recarga no segundo maior açude do Ceará, o Orós, que está com apenas 5,8% de sua capacidade. Recentemente, as comunidades ficaram cinco dias seguidos sem água.

A dona de casa Francisca Melo diz que há vários meses os moradores de Feiticeiro sofrem com a escassez de água. “Além de faltar, a qualidade é muito ruim, está cada vez pior”. “Aqui, o problema é muito grave, temos de comprar água para todos os usos”, complementa. Em Nova Floresta, a comerciária Lúcia Lima também questiona a qualidade. “Além de ser pouca, a cada liberação do Orós, a água chega pior, muito amarela e com cheiro de lama”.

“Dependemos de liberação de água do Orós”, explicou o diretor do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) de Jaguaribe, Ronaldo Nunes. “As dificuldades estão cada vez maiores e, se o inverno não for bom, a situação tende a piorar”. Nunes explicou que a adutora que vai transferir água para a sede do distrito de Feiticeiro está em fase de conclusão. “Essa solução depende, entretanto, do Orós”.

Sistema de transferência de água

Há um sistema de transferência de água, por meio de rede de canos e canal, a partir do Orós até o açude Croatá para abastecer as sedes dos distritos de Nova Floresta e Feiticeiro, além de outras localidades rurais. Recentemente, uma empresa contratada pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) fez drenagem e limpeza do riacho Feiticeiro para melhor escoamento da água.

O gerente regional da Cogerh, Anatarino Torres, explicou que os técnicos fazem o monitoramento do nível do açude Pedra Branca, após o reservatório do Croatá. “Quando o nível está reduzido a gente libera água do Orós e a próxima operação deve ocorrer em 15 dias”, explicou. “Se o Orós não tiver recarga, a situação vai piorar. O sistema hidráulico pode ficar impossibilitado de operar”, completou.

Anatarino Torres disse que a preocupação maior é com as sedes urbanas de Iguatu, Acopiara, Quixelô e Parambu, que podem enfrentar crises sérias a partir do segundo semestre de 2019, caso não ocorram recargas nos açudes Trussu e Facundo.

As dificuldades das comunidades rurais precisam ser enfrentadas pelas prefeituras, explicou Anatarino. Um exemplo vem do distrito de São José, em Saboeiro. O açude da comunidade secou e os moradores precisam comprar água para o consumo. “A nossa situação é triste, estamos há mais de duas semanas sem água, e o caminhão-pipa não aparece”, disse o agricultor Francisco Gomes.

As famílias de São José fazem um apelo para que a Prefeitura envie carro-pipa para atender, pelo menos em parte, a demanda. O reservatório acumula um pouco de água misturada com lama e alguns moradores fazem pequenas cacimbas para tentar retirar o recurso hídrico .

Preocupação

O açude Trussu, localizado no distrito de Suassurana, zona rural de Iguatu é estratégico para o abastecimento das cidades de Iguatu (100 mil habitantes) e Acopiara (54 mil). O reservatório acumula 4,3% e desde 2012 vem perdendo volume. Diariamente, cerca de 50 caminhões-pipa retiram água do reservatório para atender à demanda por água de milhares de famílias em centenas de localidades rurais nos municípios de Acopiara, Mombaça, Piquet Carneiro e Deputado Irapuan Pinheiro, no Centro-Sul do Estado.

Até o início da quadra chuvosa (fevereiro a maio) o reservatório deve ter o volume em torno de 3%. “As chuvas ocorridas no fim de novembro e início de dezembro do ano passado contribuíram para reduzir a evaporação no Trussu, o tempo ficou nublado, por mais dias, e ganhamos mais um tempo”, observou Anatarino Torres. O problema, entretanto, não é apenas o volume acumulado, mas a qualidade ruim da água.

Atualmente, o Saae de Iguatu já investe mais recursos para tratamento e distribuição do recurso hídrico à população. Porém, a água que chega às torneiras já está amarelada e, com o passar dos meses, a situação tende a se agravar.

O superintendente do Saae, Tácido Cavalcante, explicou que estão sendo elaborados projetos alternativos caso o açude não obtenha recarga no próximo período invernoso. “Vamos perfurar poços, fazer um reservatório escavado e injetar água do aquífero Julião diretamente na adutora do Trussu”, explicou. “Outra alternativa é a perfuração de mais poços rasos no leito do Rio Jaguaribe e a transferência de água por meio de uma adutora nova de 2 km até a Estação de Tratamento de Água (ETA) (do bairro) Cocobó do Saae”.

Na cidade de Acopiara a população já sofre com a escassez de água no sistema de abastecimento local. A adutora que transfere água do Trussu apresenta problemas constantes e a reduzida vazão é insuficiente para atender à demanda dos moradores que é sempre crescente.

Fonte: Diário do Nordeste.

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