Voltar a pensar em planejamento energético é fundamental para inserir novas fontes de geração de energia na matriz energética brasileira. A avaliação é do gerente de bioeletricidade da Única, a entidade que reúne a indústria da cana-de-açúcar, Zilmar de Souza.
Segundo ele, falta resgatar o real interesse em diversificar as fontes de energia. Hoje há 360 usinas que geram energia a partir da biomassa – palha e bagaço da cana – para consumo próprio do setor, mas que o excedente é oferecido ao sistema integrado brasileiro. Hoje, 4% do consumo total do País vem da biomassa.
No entanto, a perspectiva não é boa. Em 2010, após o leilão de 2009 para contratação dessa energia, foram inseridos no sistema 1750 megawatts, número que cai para 800 megawatts em 2016 e deve se reduzir para 100 megawatts anuais a partir de agora.
“O leilão é a principal porta de entrada de um nova fonte de energia no sistema. Para que saiamos desse stop-and-go é fundamental construirmos uma base institucional adequada”, defende.
A biomassa entra também na ideia de se pensar o portfólio da geração de energia de maneira mais abrangente.
“A biomassa é um produto capaz de gerar energia próxima do centro consumidor, já que a produção está no centro-sul do país e ajuda a fortalecer também a geração solar e eólica, pois não é uma fonte intermitente”, afirma.
A intermitência da geração de energia pelo vento ou pelo sol é uma preocupação quando se fala em fontes de energia limpa. Para Márcio Drummmond, gerente da área de comercialização da Cemig, é problemático quando a matriz energética passa a contar com cerca de 30% de fonte intermitente.
A segurança energética corre risco. Por isso, o desafio é manter a expansão eólica e solar mas sem deixar de lado energia base, que é no Brasil é a hidrelétrica, fundamental para a segurança energética.
“É preciso sempre contar com a geração em escala. Ou se expande os reservatórios das usinas hidrelétricas ou partimos para fóssil ou nuclear, o que não é desejável”, avalia.
Ele se declara totalmente a favor do crescimento da presença das energias solar e eólica, mas acredita que ainda há potencial a ser explorado na hidrelétrica , também considerada limpa apesar dos impactos ambientais causados na construção das usinas.
O executivo reconhece que há dificuldades em manter a economia ativa com recursos limpos, por isso defende a expansão dos reservatórios.
Para ilustrar, ele dá o exemplo de uma pessoa que mora sozinha e tem uma caixa d’água. Se a família aumenta, ela passa a ser insuficiente. O mesmo acontece com a capacidade hidrelétrica e o crescimento da população e da economia.
“A potência eólica e solar é intermitente, depende da força do sol e do vento, e não consegue sobreviver sem as energias de grande escala. E há décadas não se expande os reservatórios.”
Na equação para garantir a segurança de um sistema com um enorme potencial de agregar novas fontes de energia, a biomassa também entra para somar.
Fonte: Biomassa Bioenergia