1. Recuperação de petróleo
Uma das maiores preocupações da indústria de petróleo é a recuperação de grande quantidade do óleo que continua retido nos campos (cerca de 45-50%). Técnicas melhoradas de recuperação de petróleo como injeção de gás, água e alguns químicos têm sido utilizadas, contudo elas não são economicamente viáveis.
Uma alternativa para isso é a MEOR (do inglês Microbial Enhanced Oil Recovery), técnica que consiste em utilizar microrganismos e/ou seus metabólitos para melhorar ou influenciar no processo de recuperação de petróleo através de:
- Produção de gases que aumentam a pressão na reserva e diminuem a viscosidade do óleo;
- Ácidos que dissolvem as rochas melhorando sua permeabilidade;
- Produção de biosurfactantes que diminuem a tensão superficial entre o óleo e a água, facilitando a saída do óleo;
- Redução da viscosidade do óleo por biodegradação de cadeias longas e saturadas de hidrocarbonetos.
A MEOR pode acontecer de duas formas: com um estímulo endógeno dos microrganismos da própria reserva ou com a introdução de um consorcio de bactérias naturais nas reservas. Por isso é uma alternativa promissora e sustentável.
2. Biosurfactantes
Surfactantes são moléculas com dois grupos funcionais conhecidos como cadeias hidrofílicas e hidrofóbicas. Essa propriedade permite ao surfactante interagir tanto com substâncias polares (água) quanto com as apolares (óleo). A maioria dos surfactantes atualmente em uso são de origem petroquímica e, portanto, com o aumento da preocupação ambiental, há maiores restrições para o seu uso.
Como já dito antes, os microrganismos são conhecidos por serem capazes de produzir uma variedade de compostos ativos que exibem propriedades e atividades comparáveis a dos agentes tensoativos sintéticos, os biosurfactantes.
Além de contribuírem na recuperação, existem inúmeros biosurfactantes com potencial para substituir compostos análogos quimicamente que oferecem vantagens para toda a cadeia de processamento do petróleo incluindo: Extração, Transporte, Modernização e Refino, e Indústria Petroquímica. Uma lista de suas aplicações pode ser conferida na tabela abaixo:
3. Biorremediação
Durante todo o processo de extração de petróleo podem vir a ocorrer derramamentos acidentaisocasionando a contaminação de solos, rios, etc. O que se tem notado, nas duas últimas décadas, é que a poluição causada por petróleo e seus derivados tem sido um dos principais problemas ao meio ambiente.
No Brasil, o acidente mais recente aconteceu em 2011 na Bacia de Campos em Macaé (RJ), onde um poço de petróleo foi responsável pelo vazamento de 3,7 mil barris de petróleo, o equivalente a 588 mil litros de óleo no mar. Episódios como este vêm motivando o desenvolvimento de novas técnicas que têm como principal objetivo a descontaminação dessas matrizes. Dentre as técnicas desenvolvidas, vem se destacando a biorremediação.
4. Prevenção da formação biogênica de H2S (souring)
Um outro grande problema da indústria do petróleo é a formação de sulfeto de hidrogênio (H2S) podendo ser originado de várias fontes inclusive da atividade de bactérias redutoras de sulfato (BRS), fenômeno conhecido por souring. Esse gás, além de tóxico, é um dos responsáveis pela corrosão da maquinaria da indústria petrolífera e diminuição da qualidade do óleo extraído.
Uma forma de diminuir o souring é através da injeção de nitrato nos poços. O nitrato é o aceptor de elétrons utilizado por Bactérias Redutoras de Nitrato (BRN). A injeção de nitrato estimula o crescimento dessas bactérias que acabam competindo com as BRS por fonte de energia (bioexclusão). Quanto maior o estímulo de BRN, maior a bioexclusão e consequentemente a diminuição da população de BRS.
Essa técnica é muito usada na indústria e constantemente passa por melhoramento. Por isso, são necessários maiores estudos sobre o metabolismo de microrganismos presentes nos poços de petróleo.
E então? Você conhecia alguma dessas técnicas? Apesar das inúmeras alternativas sustentáveis e renováveis, o petróleo ainda continua sendo a principal fonte de energia mundial. Contudo, ele é uma matéria prima finita e, por isso, muitos investimentos continuam sendo realizados para sua extração, recuperação e reparo de danos ao meio ambiente.