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Lançamento do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2016

Houve queda na geração, redução na coleta e nos recursos aplicados e aumentou o número de cidades que fazem o uso de lixões

A ABRELPE (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais) realizou no dia 31 de agosto em São Paulo, a coletiva de imprensa para o lançamento do “Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2016”, na sede da entidade.

Na ocasião, o diretor presidente da entidade, Carlos Silva Filho, apresentou os dados inéditos da publicação que traz as informações mais atualizadas e abrangentes sobre a gestão de resíduos no Brasil, como a geração, coleta e destinação do lixo urbano, de construção e demolição e de serviços de saúde; coleta seletiva e iniciativas de reciclagem; e recursos aplicados no segmento.

abrelpe

De acordo com o diretor, o “Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil” é lançado anualmente desde 2003 e traz as informações mais atualizadas sobre o cenário dos resíduos sólidos no Brasil. É um importante referencial para o acompanhamento da evolução e conquistas do setor e valoroso instrumento para orientar as melhores práticas e alinhar o planejamento fundamentado em bases realistas.

Carlos Silva Filho destacou, que a geração de resíduos urbanos (RSU) no Brasil em 2016 foi de 78,3 milhões de toneladas, o que representa uma queda de 2,04% em relação a 2015, passando de 218.814 toneladas/dia para 214.405 toneladas/dia. O brasileiro produziu, em 2016, 1,040 kg de lixo por dia, queda de 2,9 % quando comparado ao ano anterior. O dado seria animador se toda a gestão de coleta, destinação e recursos aplicados no seguimento de limpeza também tivessem progredido.

GERAÇÃO DE RSU PER CAPITA (KG/HAB/DIA)

rsu

Fonte: Pesquisa ABRELPE e IBGE

Mas pela primeira vez, desde a vigência da Política nacional de Resíduos Sólidos em 2010, a pesquisa indicou um retrocesso em toda a cadeia do setor. Na coleta diária de RSU houve queda de 1,7% com um total de 195.452 toneladas coletadas diariamente, o que significa um índice de cobertura de coleta de 91% para o país, modesto avanço se comparado ao ano anterior, e que evidencia que 7 milhões de toneladas de resíduos não foram objetos desses serviços e, portanto, tiveram destino inadequado.

COLETA TOTAL DE RSU (T/DIA)

rsu

Fonte: Pesquisa ABRELPE e IBGE

“O estudo também apontou que mais de 81 mil toneladas de resíduos sólidos por dia ainda tem destinação inadequada, sendo encaminhados para aterros controlados ou lixões, o que demonstra uma piora em relação ao ano anterior, evidenciando queda na destinação adequada de 58,7% para 58,4%”, explicou Carlos Filho.

DISPOSIÇÃO FINAL DE RSU NO BRASIL POR TIPO DE DESTINAÇÃO (T/DIA)

rsu

Fonte: Pesquisa ABRELPE

O mau desempenho do setor, também foi percebido no aumento do número de municípios que deixaram de utilizar aterros sanitários e passaram a utilizar os lixões para a destinação final de resíduos:1552 cidades em 2015 para 1559 em 2016, responsáveis pelo recebimento de quase 34 mil toneladas de lixo por dia, 17,4% do total coletado.

RESIDUOS SOLIDOS URBANOS – RSU

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Fonte: Pesquisa ABRELPE

“Os dados do Panorama não revelam somente uma queda nos números de um ano para o outro, mas indicam que o tema “gestão de resíduos” ainda não está maduro em nossa sociedade, principalmente junto as prefeituras que, apesar de estarem vinculadas à PNRS, que é uma lei bastante moderna e vigente há 7 anos, ainda não cumpriram com as suas responsabilidades, principalmente no tocante à destinação final adequada, e ante um cenário de retração econômica sacrificam as ações em curso, os investimentos e empregos, mesmo que isso traga prejuízos maiores no futuro e prejudique a saúde das pessoas”, considerou Carlos Silva Filho.

Além da coleta e destinação de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), os municípios ainda são responsáveis por gerenciar um grande volume de Resíduos de Construção e Demolição (RCD) e de Resíduos de Serviços de Saúde (RSS), os quais legalmente deveriam estar sob responsabilidade dos respectivos geradores, conforme dispõe a legislação vigente.

Em termos de quantidade, no ano de 2016, as cidades brasileiras tiveram que dar conta de pouco mais de 45 milhões de toneladas de RCD e de 256.238 mil toneladas de RSS.

Resíduos de Construção e Demolição – RCD

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Fonte: Pesquisa ABRELPE / IBGE

  • Coleta municipal de 45,1 milhões de toneladas/ano
  • Redução de 0,08% comparado a 2015

COLETA DE RSS PER CAPITA (KG/HAB/DIA)

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Fonte: Pesquisa ABRELPE

  • Coleta total de 256.238 mil toneladas de RSS
  • Redução de 1,5% em relação a 2015
  • 495 municípios prestam serviços de coleta, tratamento e disposição final de RSS, o equivalente a 1,24 kg habitante/ano

RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE – RSS

rss

Fonte: Pesquisa ABRELPE

  • Legislação estabelece tratamento prévio para determinadas classes de RSS
  • Cerca de 25,7% dos municípios destinaram os RSS coletados sem declarar o tratamento dado aos mesmos
  • Riscos diretos aos trabalhadores, à saúde pública e ao meio ambiente

O diretor da Abrelpe comentou, que em termos de quantidades no ano de 2016, as cidades brasileiras tiveram que dar conta de pouco mais de 45 milhões de toneladas de RCD e de 256 mil toneladas de RSS, perfazendo quase 117 milhões de toneladas de resíduos, o equivalente a 1.400 maracanãs até o teto, sob responsabilidade municipal durante o ano, pois a esses deve também ser adicionado o total de RSU coletado.

Os recursos aplicados pelos municípios em 2016 para fazer frente a todos os serviços de limpeza urbana no Brasil (coleta, transporte, destinação, varrição de ruas, limpeza de feiras, manutenção de parques, praças e jardins, dentre outros serviços) foram, em média, cerca de R$9,92 mensais por habitante (equivalente a 1 sanduíche Big Mac), uma queda de 0,7% em relação a 2015.

O número de empregos diretos existentes no setor de limpeza pública apresentou queda de 5,7 % em relação ao ano anterior e significou um corte de cerca de 17.700 empregos no setor, que mesmo assim continua representativo com 335.669 funcionários.

EMPREGOS

empregos

Fonte: Pesquisa ABRELPE

De acordo com o Panorama, a coleta seletiva continua sem avançar e apenas 69,6% das 5.570 cidades contam com alguma iniciativa. “ A consequência direta disso são os índices de reciclagem que se mostram estagnados há alguns anos, apesar da grande propaganda que tem sido feita a esse respeito, e a sobrecarga nos sistemas de destinação final, pontuou Carlos Filho.

 

DISTRIBUIÇÃO DOS MUNICÍPIOS COM INICIATIVAS DE COLETA SELETIVA NO BRASIL

cs

Fonte: Pesquisa ABRELPE e IBGE

O diretor da Abrelpe, também apresentou os números sobre a Logística Reversa e Reciclagem.

LOGÍSTICA REVERSA DE EMBALAGENS DE AGROTÓXICOS (T/ANO)

agrotoxicos

  Fonte: Pesquisa ABRELPE

Sobre a Logística Reversa de Pneus Inservíveis:

  • De 1999 até o final de 2016 foram coletados e corretamente destinados quase 4,2 milhões de toneladas de pneus inservíveis
  • Equivalente a 835 milhões de pneus de carro de passeio
  • Os pontos de coleta de pneus inservíveis nos municípios brasileiros eram 85 em 2004, e atingiram 1.025 estabelecimentos em 2016

RELAÇÃO ENTRE A SUCATA RECUPERADA E O CONSUMO INTERNO DE ALUMINIO DO BRASIL E DE PAISES SELECIONADOS (2015)

aluminio

  Fonte: Pesquisa ABRELPE

RECICLAGEM DE PAPEL E PAPELÃO

papel-papelao

Fonte: Ibá/ANAP

RECICLAGEM DE PET (T X MIL)

reciclagem

Fonte: ABIPET – Associação Brasileira da Indústria de PET

Carlos Silva Filho encerrou a coletiva de imprensa, com as seguintes conclusões:

  • A Política Nacional de Resíduos Sólidos em vigor desde 2010 ainda carece de aplicação prática em vários pontos
  • A recessão da economia trouxe retrocesso em toda a cadeia da gestão de resíduos
  • Meio ambiente e saúde de 96 milhões de pessoas continuam em risco e trazem ônus para os cofres públicos
  • Recursos já insuficientes tiveram redução em 2016
  • Remuneração pelos usuários é indispensável para reverter o quadro e cumprir as disposições da lei

Acesse o link para fazer o download da edição 2016 : Panorama dos Resíduos Sólidos 2016

Referência: ABRELPE (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais) e Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2016.

Gheorge Patrick Iwaki

[email protected]
Responsável Técnico

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