Nova usina tem capacidade instalada de 1.673 megawatts (MW) e é a maior termelétrica em operação no país
A Gás Natural Açu (GNA), joint venture formada entre Siemens Energy Spic Brasil e bp, colocou em operação sua segunda usina de geração de energia no Porto do Açu, no norte fluminense. O projeto recebeu R$ 7 bilhões em investimentos e é a maior termelétrica em operação no Brasil.
Chamada de GNA II, a nova usina tem capacidade instalada de 1.673 megawatts (MW) e recebeu sinal verde da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para começar a operar. Com capacidade para atender cerca de 8 milhões de residências, ela coloca a Gás Natural Açu na posição de operadora do maior complexo de usinas a gás natural da América Latina.
A planta se soma à GNA I, de 1.338 MW de potência e em funcionamento desde 2021, ampliando ainda mais o papel estratégico da empresa na geração de energia termelétrica. Ao Valor, o CEO da empresa, Emmanuel Delfosse, explica que o objetivo foi criar um hub de gás no Porto de Açu.
Juntas, as usinas representam 17% da capacidade de geração termelétrica do país e são importantes para o sistema principalmente em épocas de seca, quando as hidrelétricas produzem menos energia. As plantas estão conectadas ao terminal de regaseificação de GNL de uso privado com capacidade de 21 milhões de metros cúbicos por dia. Isso permite importar gás de navios e transformá-lo novamente em estado gasoso para uso.
“As usinas funcionam como um seguro para o sistema elétrico. Elas entram em ação quando é mais necessário”, diz.
As térmicas consomem 12 milhões de metros cúbicos por dia. Em equivalências energéticas, isso é igual ao consumo de todo o Estado de São Paulo.
“Com a inflexibilidade de GNA II, nossa ociosidade é muito menor”, diz Delfosse.
Usina GNA II
O terminal pode ainda atrair indústrias para a região do porto para consumir o gás. O empreendimento é operado a gás natural e foi contratado por meio de leilões de energia. A planta funciona com uma configuração de ciclo combinado, ou seja, mais eficiência e menor emissão. Contudo, o contrato obriga o sistema a usar a usina com 40% de inflexibilidade, ou seja, pelo menos 40% do tempo no período seco, entre julho e novembro.
O executivo frisa que a usina opera a um preço competitivo, com custo variável unitário (CVU) de R$ 400 por megawatt-hora. A usina não funciona com “rampa rápida”, como o setor chama, ou seja, ela precisa ser ligada alguns dias antes para se preparar para o sistema.
A GNA II faz parte do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal, voltado a obras de infraestrutura. Já o investimento total no complexo foi de R$ 12 bilhões.
“Foi um desafio técnico e de logística em meio à pandemia. Fazer negócios no Brasil é uma complexidade. O primeiro destaque é a magnitude desta aventura industrial com investimento de R$ 12 bilhões”, diz Delfosse.
O projeto pode crescer ainda mais: o potencial de expansão é de mais 3,4 GW, o que mais que duplicaria a capacidade atual. A empresa já tem autorização ambiental para dobrar de tamanho, mas uma eventual expansão dependerá da demanda nos próximos leilões. Os acionistas tiveram papel relevante. Além dos aportes, a Siemens Energy entrou com o fornecimento de três turbinas a gás e uma turbina a vapor. A bp foi responsável pelo gás. Já a estatal chinesa Spic entrou em um contexto em Pequim fazia pesados aportes no Brasil no setor elétrico. A Prumo Logística, responsável pela infraestrutura do Porto do Açu, também é sócia da usina GNA I.
Fonte: Valor