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Os impactos do lixo marinho: Análises e Soluções

O lixo marinho prejudica os ecossistemas e os setores econômicos marítimos, como o turismo e a pesca

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O debate aconteceu no dia 06 de agosto de 2018, na Sala 9 de julho FGV em São Paulo.

A extensão dessa poluição é global, com partículas de plástico detectadas em todos os oceanos do mundo, mesmo os ambientes mais remotos e intocados, além de ter entrado na cadeia alimentar. Recente estudo sobre o tema foi divulgado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais – Abrelpe, em parceria com a International Solid Waste Association – ISWA.

Para discutir a questão do lixo marinho, o Grupo de Economia da Infraestrutura & Soluções Ambientais da FGV recebeu o advogado Carlos RV Silva Filho – Diretor Presidente da Abrelpe, Jorge Soto – Diretor de Desenvolvimento Sustentável da Brasken e Fabiana Quiroga Garbin – Diretora de Reciclagem e Plataforma Wecycle da Brasken.

“A gestão de resíduos sólidos é um serviço fundamental, cuja execução é de essencial importância para garantir condições adequadas de saúde pública e prevenir a degradação e contaminação dos recursos naturais”, afirmou Carlos Filho.

Trinta estádios do Maracanã de resíduos sólidos

Os mares e oceanos recebem anualmente cerca de 25 milhões de toneladas de resíduos sólidos. Desse total pelo menos 2 milhões de toneladas por ano vem do Brasil. O volume, que é suficiente para encher trinta estádios do Maracanã até o topo, pode ser ainda maior, já que os cálculos realizados não levaram em consideração os resíduos que são jogados em lixões que, em muitos casos, vão parar nos corpos d’água.

Com base nessas informações, que integram um relatório internacional lançado durante o Fórum Mundial da Água pela ABRELPE, em parceria com a ISWA, é possível concluir que a gestão inadequada e ineficiente de resíduos nas cidades é um dos principais causadores da poluição marinha, já que 80% dos materiais encontrados nos mares tem origem terrestre.

Segundo Carlos Filho, o Brasil gasta anualmente em torno de R$5,5 bilhões para tratar dos problemas de saúde e da degradação ambiental urbana ocasionada pela má gestão de resíduos. Se a isso forem incluídas as ações realizadas para despoluição marinha, que são apenas paliativas, aquele custo será bem mais alto e notavelmente superior ao montante preciso para solucionar o problema.

Encerrar os lixões

É imprescindível e urgente que os municípios executem ações concretas para enfrentar as fontes de poluição em terra, e para isso eles precisam encerrar os lixões, universalizar as coletas (regular e seletiva), combater os pontos de descarte viciados, além de conscientizar e fiscalizar a população quanto a despejar lixo nas vias públicas. Caso contrário, será impossível reverter a poluição marinha, pois mares e oceanos continuarão sendo o destino diário desses resíduos.

Outro ponto destacado pelo diretor da ABRELPE, foi sobre o financiamento dos serviços de gestão de resíduos sólidos para a melhoria das condições ambientais, proteção da saúde e recursos hídricos. Senão, os impactos negativos crescerão em ritmo exponencial, comprometendo e tornando dispendiosa qualquer iniciativa futura de recuperação.

Jorge Soto – Diretor de Desenvolvimento Sustentável da Brasken, apresentou algumas características sobre o plástico, também como sendo parte da solução dos impactos. Sua leveza e resistência promove:

  • O uso eficiente de recursos como água, energia, solo.
  • A redução das emissões de gases de efeito estufa
  • Não biodegradam e podem ser reciclados mecanicamente ou quimicamente ou ter sua energia recuperada
  • São atóxicos o que permite seu uso na saúde
  • Seu baixo custo promove o bem-estar da sociedade com inclusão
  • São instrumentos de inovação

Por outro lado:

  • Por uma inadequada gestão de resíduos sólidos urbanos a recuperação dos plásticos não é 100%

Ele salientou que o problema existe e não pode ser minimizado. O foco deve ser na prevenção do problema, há gaps de conhecimento sobre os impactos que o inadequado gerenciamento dos resíduos plásticos pode causar. Para ele a solução passa por:

  • Parceria entre a indústria, os governos e a sociedade
  • Projeto de produtos que favoreçam seu reuso, reciclagem ou recuperação
  • Desenvolvimento de novas tecnologias, modelos de negócio e sistemas
  • Engajamento dos consumidores
  • Fortalecimento do conhecimento
  • Apoiar política públicas, visando o fortalecimento da economia circular

Fabiana Quiroga Garbin – Diretora de Reciclagem e Plataforma Wecycle da Brasken, prosseguiu comentando sobre a falta de gestão de resíduos – lixo nos mares. Ressaltou o crescimento populacional, com aumento de geração de resíduos e que a maior parte do lixo marinho decorre de práticas inadequadas de gestão de resíduos.

“Os resíduos plásticos são encontrados com maior frequência no lixo no mar. Apesar dos benefícios do plástico para a sociedade, a sua percepção é negativa. Ações de banimento tem sido cada vez mais frequente e abrangente. Inovação e tecnologia são fundamentais para o aumento da reciclagem e valorização do reciclado assim como a necessidade de engajamento de todos os elos da cadeia produtiva para buscar soluções para este desafio global”, disse.

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Outro ponto comentado pela especialista da Braskem, foi sobre as ações recomendadas pela ISWA Marine Task Force.

No Curto prazo:

  • Prevenção do descarte irregular;
  • Fornecimento de coleta de resíduos para todos, proporcionando gestão adequada;
  • Encerramento dos lixões;
  • Trabalhar prioritariamente com setor marítimo.

Médio prazo:

  • Captura e aprimoramento do valor do plástico usado:
  • Melhorar os sistemas de coleta de resíduos de plásticos;
  • Criar mercados fortes e estáveis para plásticos reciclados;
  • Recuperação térmica.

 Longo prazo:

  • Sistema linear para um sistema circular;
  • Inovador e criativo nos níveis de materiais e processamento;
  • Redução dos itens de consumo único;
  • Design para reciclagem e valorização.

Fabiana Garbin encerrou o evento, apresentando a plataforma Wecycle da Brasken, que visa fomentar negócios e iniciativas para valorizar os resíduos de plásticos pós consumo, bem como a cadeia de reciclagem. Desta forma, o Wecycle pode oferecer para empresas comprometidas com o desenvolvimento sustentável, uma matéria-prima de plástico reciclado com qualidade, rastreabilidade, regularidade de processos e atuação com responsabilidade social e ambiental em todo o ciclo da reciclagem.

O Relatório “PREVENÇÃO AO LIXO MARINHO – AGORA!” foi elaborado pela “Força-Tarefa de Lixo Marinho” que é uma parceria internacional liderada pela ISWA, com o objetivo de explorar e estabelecer claramente o vínculo entre gestão eficiente de resíduos e prevenção de resíduos que atinge nossos oceanos. Práticas adequadas de gestão de resíduos possuem papel chave para reduzir o lixo marinho. O setor de resíduos e recursos é vital para assegurar soluções imediatas e de longo prazo para prevenção da poluição marinha.

“Este relatório é apenas um marco fundamental no esforço para construir uma parceria global, capaz de identificar e permitir a implementação das soluções preventivas mais apropriadas para manter os plásticos fora de nossas vias navegáveis, rios, mares e oceanos.” Antonis Mavropoulos (Presidente, ISWA)

Link para o Relatório Completo: http://www.abrelpe.org.br/marinho_apresentacao.cfm)

 

Gheorge Patrick Iwaki

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