São 700 litros despejados por segundo que depois vão parar no Rio Tietê. Estação de Tratamento que resolveria o problema está em obras há anos e é investigada pelo MPF.
Coloração verde no Rio Tietê é causada pela proliferação das algas que, por sua vez, se multiplicam devido a poluição — Foto: TV TEM/Reprodução
Cerca de 700 litros de esgoto produzidos a cada segundo são despejados in natura no leito de Rio Bauru (SP). A quantidade equivale a 60,5 milhões de litros por dia.
Os dejetos antes eram depositados nos córregos que ficam na zona urbana da cidade, mas a implantação de interceptores acabou com esse despejo, e até peixes voltaram a habitar as águas. Inclusive, em um vídeo postado nas redes sociais moradores mostram uma tilápia que pescaram no local.
No entanto, grande quantidade de lixo ainda é despejada nas águas do Rio Bauru, e o problema não tem data para terminar.
A construção da Estação de Tratamento de Esgoto de Bauru, que deveria ter sido concluída em dezembro de 2015, é investigada pelo Ministério Público Federal. A obra é orçada em R$ 160 milhões.
Problemas
Durante a época de estiagem, moradores relatam que o cheiro do rio fica insuportável. Toda a poluição despejada no Rio Bauru, que representa 2 mil caminhões tanque a cada 20 horas, vai parar no Rio Tietê.
Isso porque no município de Pederneiras está localizada a foz do Rio Bauru, conhecida como Paturis, que desemboca diretamente no Tietê, levando toda a sujeira junto.
A caseira Luzia Ribeiro de Carvalho conta que dá pra perceber quando a poluição chega até a foz.
“Fica uma crosta verde. O pessoal vem aqui pra pescar, coloca a vara na água mas não desce, porque a água fica densa, parecendo uma lama grossa”, diz.
Poluição seria a causa da mudança da cor nas águas do Tietê em Arealva — Foto: Willian Silva / TV TEM
A crosta verde descrita pela moradora é formada pela proliferação de aguapés. De acordo com a bióloga Rita Peluqueti, isso se dá devido ao excesso de matéria orgânica na água.
“Esse fenômeno é chamado de ‘eutrofização aquática’. A causa primária é o aumento de alguns nutrientes químicos como fósforo e nitrogênio derivados. O que tem origem principalmente em esgoto doméstico, esgoto industrial, e da própria lavoura que usa fertilizantes. Quando chove carrega tudo isso para o ambiente aquático, e esses nutrientes ficam disponíveis para o crescimento de alguns organismos aquáticos.”
No início do mês de outubro, moradores de Arealva relataram a presença desses aguapés no trecho do Tietê que passa na região. A água ganhou uma coloração verde que chamou a atenção de quem passava pelo local.
Obras da Estação de Tratamento de Esgoto
De acordo com a Prefeitura de Bauru, a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) está com 80% das obras civis prontas. No entanto, a data para o início dos serviços ainda é incerta.
A precisão inicial de funcionamento da ETE estava prevista para dezembro de 2015. Entretanto, até agora o cronograma seguiu a passos lentos por conta de problemas no projeto original de construção.
No momento, a construtora aguarda a análise do pedido de sete aditivos no contrato inicial, o que deve aumentar os custos em cerca de R$ 30 milhões. O valor inicial da obra era de cerca de R$ 130 milhões.
Como R$ 118 milhões são recursos federais, a Caixa Econômica está analisando cada um dos aditivos para poder liberar o pagamento.
O Ministério Público Estadual tem acompanhado o caso e cobrado prazos para o término da construção. O Promotor do meio Ambiente, Luis Eduardo Sciuli de Castro, explica que um “termo de ajuste de conduta”, assinado entre a prefeitura e o MP garantia o término no fim de 2018.
No entanto, a promotoria foi procurada para assinar um outro termo, estendendo o prazo de início do tratamento do esgoto para 2020.