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Em Pernambuco, 300 mil pessoas recebem água só de carro-pipa, diz Compesa

Dos 87 reservatórios existentes no estado, 42 estão situação de colapso.
Segundo companhia, 1,1 milhão de habitantes têm abastecimento precário.

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O estado de Pernambuco vive uma crise no abastecimento de água. Dos 87 reservatórios, 42 estão em colapso. Isso reflete na vida de milhares de pessoas. Segundo a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), atualmente, 1,1 milhão pernambucanos têm atendimento precário. Desse total, 300 mil são atendidos apenas por caminhão-pipa.

Segundo dados da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), dos reservatórios que estão em colapso, 15 se encontram no Agreste e 27 no Sertão. Sendo assim, 48% das unidades monitoradas pela agência não têm condições de fornecer água.

A Compesa possuía captação em 14 dos 87 reservatórios. Todos secaram. São eles: Tabocas, Mateus Vieira, Poço Fundo, Santana II, Ipaneminha, Mororó, Pedro Moura Jr., Duas Serras, Taquara, Barra, Cachoeira I, Marrecas, Rosário e Saco I.

Ao todo, 28 cidades eram abastecidas pelos reservatórios que estão em colapso. Já 25 municícios são atendidos por unidades consideradas em pré-colapso, ainda segundo a Compesa.

Funcionário da Compesa há 18 anos e à frente da diretoria regional do interior há pouco mais de um ano, Marconi de Azevedo, comenta que nunca viu uma seca tão devastadora como esta. Para ele, o retrato dessa realidade é desolador.

“O prolongamento das condições climatológicas severas levou o Nordeste para uma condição de seca extrema. A maior seca que eu vi foi a de 1999 e não foi tão grande como essa. Nos 45 anos da Compesa, não houve uma seca dessa magnitude”, afirma.
A pior situação é registrada nas regiões do Agreste Setentrional e Meridional, em Vertentes, Toritama e Caruaru, estendendo-se para as áreas de Belo Jardim, Tacaimbó e Pesqueira.

De acordo com ele, o prejuízo mensal com o abastecimento de água por caminhão-pipa gira em torno de R$ 3,8 milhões. “Nós gastamos R$ 2,3 milhões com a distribuição e deixamos de arrecadar R$ 1,5 milhão. Isso porque não podemos cobrar esse fornecimento”, pontua.

Contudo, essa distribuição não é feita diariamente. A maioria dos municípios atingidos sofre com um rigoroso sistema de racionamento de água. Com o recente colapso da barragem Riacho do Pau, Arcoverde, por exemplo, terá cinco dias com água e 23 sem.

“Procuramos uma estação de tratamento mais próxima e saímos distribuindo essa água. Depositamos em reservatórios que parecem uma caixa d´água na cidade. A estação serve, então, como uma espécie de chafariz para a população, que busca água nela”, explica Marconi.

Barragem de Jucazinho entrou em colapso em setembro deste ano; ela atendia 11 cidades (Foto: Reprodução/ TV Asa Branca)

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Barragem de Jucazinho entrou em colapso em setembro deste ano; ela atendia 11 cidades (Foto: Reprodução/ TV Asa Branca)

A Apac fez uma avaliação para 2017, tendo em vista o quadro geral no estado. Segundo o gerente da Apac, Clênio Torres Filho, é necessário uma chuva bem acima da média para recuperar as barragens que alimentam as regiãos do Agreste e do Sertão.

“São eventos extremos que não acontecem todo ano. O último que ocorreu no Agreste foi em 2011 e no Sertão, em 2009. A previsão é que ficaremos cinco anos sem ter esses eventos”, prevê ao destacar que o Agreste é a região mais afetada, quando se leva em conta o abastecimento de água.

“A situação é muito crítica. O Sertão é menos vulnerável devido ao Rio São Francisco. O problema do Agreste é que ele é abastecido exclusivamente pelas barragens e elas estão secando”, diz.

Tido como um dos vilões para essa grave seca, o El Niño deverá recuar, o que permitirá uma mudança no clima. “Ele se instalou. Tivemos um longo período com ele e isso acarretou uma situação desfavorável. O cenário que está se instalando agora é melhor, mas será preciso muita água para recuperar esses reservatórios de uma vez”, diz.

Até lá, Marconi admite que só resta esperar pelo melhor. “Planejamos para 2017 um orçamento de R$ 220 milhões, mas o governo federal só mandou metade disso até agora. Essa crise só fez piorar a situação. Tudo fica mais difícil e o estado não pode abandonar esses municípios”, encerra.

Fonte: G1

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