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Chafarizes, cacimbas e poços são alternativas para comunidades

Índice de cobertura de abastecimento de água em Fortaleza é de 98,65%, segundo dados da Cagece. A meta é chegar a 100% em 2019

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Fernando Hélio retira água da cacimba da família Barros, em Caucaia, e diz que, sem ela, eles teriam muitas dificuldades de abastecimento ( Fotos: Natinho Rodrigues )

A prioridade diária da dona de casa Nilma Félix é cuidar do único chafariz localizado na Praça São Lucas, no Joaquim Távora. Ali, ela monitora, limpa e organiza a demanda por água. “Triste de nós se não fosse ele. Por isso, a gente faz o que for preciso, quando quebra alguma coisa, fazemos cota e reparamos a falha”, conta, enquanto varre as folhas espalhadas. O comportamento de proteção e zelo pelo equipamento é observado em outras áreas da Capital, que ainda possui 55 chafarizes em pleno funcionamento. Até 2015, eram 113, em cinco regionais.

Água é o “petróleo” do século XXI”, aponta o professor e engenheiro civil, Nilson Campos. Segundo ele, a produção de água limpa e potável comandará o setor de negócios global. Dessalinização, purificação, armazenamento, embarque e transporte de água serão como as atividades em torno do petróleo hoje. Redes de dutos de água ultrapassarão os atuais oleodutos e gasodutos. Frotas de navios transportando água pelos mares serão como os petroleiros atuais. “Tanques gigantescos sobrepujarão os tanques das refinarias dos nossos dias. Água potável e doce, em vários graus e tipos, serão estratificadas brevemente, assim como temos atualmente o petróleo bruto leve e doce e o pesado e o azedo”, explica.

Água como commodity

A água, aponta, será uma commodity mais importante que a soja, minério de ferro, carne bovina, milho, diversos outros minerais e produtos agrícolas. Por isso, qualquer for a fonte deve ser zelada pela população aonde existir. É o exemplo dos irmãos Barros, Maria dos Prazeres, Zenir e Fernando Hélio. Para eles, a cacimba, cavada há 40 anos no quintal de sua pequena propriedade, em Camurupim, em Caucaia, é tratada como membro da família. “Até porque é ela que nos salva toda vez que falta água e isso não é incomum nessas redondezas. Aqui, a gente zela e até gostaria de colocar uma tampa, mas ca muito caro”, armam.

Se os chafarizes ainda representam muito para a segurança hídrica de muitos, as bombas de calçadas são comuns no Jardim Guanabara. A Rua Cariús é exemplo. A dona-de-casa Edileuza Santana que o diga. Ela carrega como preciosidade a chave do cadeado que dá acesso à água. “Isso existe desde os tempos de meus avós, acho que tem mais de 50 anos e é importante para a gente daqui. Tem dias, quando a água das torneiras está com pressão baixa, que as pessoas fazem la, cada um com seus baldes”, conta.

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No Jardim Iracema, Valdeci Barbosa mantém horta com reservas de tanque e cacimba: “a produção é vendida para as pessoas das redondezas”, conta

O aposentado Carlos Alexandre Matias é outro que mantém uma cacimba funcionando e com boa reserva em sua residência, também em Caucaia. “Eu cavei quando menino e ela continua firme e forte. É a nossa redenção em períodos ruins”, diz.No Jardim Iracema, o agricultor Valdeci Felipe Barbosa vem garantindo a sobrevivência graças a uma horta e ajuda de tanque, catavento e bomba que puxa água de cacimba. “O melhor é que a nossa reserva é boa, de qualidade para beber e nos abastece mesmo com essa estiagem que castiga no nosso Ceará”.

Investimentos

De acordo com a Superintendência de Obras Hidráulicas (Sohidra), em 2015, o Estado construiu 1.150 poços no Ceará. Em 2016 foram mais 1.986 e, no primeiro semestre deste ano, já foram perfurados 624. Para o titular da Secretaria de Recursos Hídricos (SRH), Francisco Teixeira, a meta é diversificar as fontes hídricas do Estado. “As cidades modernas do Planeta hoje vivem, inclusive, da drenagem urbana: as ruas são varridas, são limpas, as galerias são mantidas e aquela água vai para o reúso, para servir à população. Várias capitais do mundo fazem isso. Então é importante que Fortaleza, onde chove com regularidade, possa usufruir disso e o que já tem, somando poços, cacimbas, chafarizes, que sejam mantidos funcionando e preservados”, orienta.

Sobre as ações do governo cearense no reforço à segurança hídrica, Teixeira adianta o Estado tem como o planejamento para o próximo ano expandir as adutoras convencionais. Somente neste governo, informa, são mais de 400Km de adutoras, entre emergenciais e convencionais. “E estamos com um plano de ampliar essas adutoras, deixar um plano feito que poderá contemplar a população para os próximos 20 anos. Estamos pensando a longo, médio e curto prazos”, arma.

A Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) informa que o índice de cobertura de abastecimento de água em Fortaleza atualmente está em 98,65%. Até 2019, recursos na ordem de R$ 134,8 milhões deverão ser investidos em obras de melhoria e expansão da rede de abastecimento de água na Capital e sua Região Metropolitana.

A Cagece retifica que tem realizado ações com meta na universalização dos serviços de água e esgoto nos municípios atendidos. Somente nos três últimos anos, a companhia investiu cerca de R$ 30 milhões.

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Fonte: Diário do Nordeste.

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