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Biogás e biometano são apostas da Energisa para mercado de energia limpa

Ter dinheiro é a parte fácil da jornada para uma empresa se tornar sustentável. Como usá-lo é que vai ditar seu sucesso.

A Energisa, um dos maiores grupos de distribuição de energia do país, que atende cerca de 16 milhões de brasileiros, por exemplo, anunciou em dezembro 2021 investimentos de R$ 29,5 bilhões até 2026, o que representa 1,6 vez o volume de aportes de 2017 até 2021

Imagem ilustrativa

O foco da aplicação dos recursos está na diversificação de receitas – o segmento de distribuição deve ficar com 53% dos investimentos, enquanto geração, transmissão e outros negócios, com 47%.

Mas o que parece uma estratégia tradicional de negócio tem por trás uma preocupação em se adequar aos novos tempos, em que as fontes de energia renováveis vão ser cada vez mais demandadas e exigidas dos investidores, importadores e consumidores.

Ao participar do painel “Economia Verde: um Novo Brasil”, promovido pelo banco BTG Pactual, o presidente da Energisa, Ricardo Botelho, deixou claro que a intenção da empresa é liderar a agenda de transformação energética no país, levando às pessoas cada vez mais energia de fontes sustentáveis.

“O investimento anunciado em dezembro é focado em diversificação de receitas e na ambição para sermos protagonistas da transformação energética. E transformação energética nós entendemos ser um conjunto de tecnologias e processos que fazem com que o mundo possa enfrentar a questão das emissões no segmento de energia de maneira sustentável. Não queremos ser espectadores do processo, mas sim orquestradores”, comentou Botelho.

Novas fronteiras de negócios

A empresa, segundo seu principal executivo, vem estudando as novas fronteiras de negócios no setor, como gás natural, geração distribuída, biometano e biogás.

Hoje, 48% da energia (sem considerar a de combustíveis veiculares) produzida no Brasil vêm de fontes renováveis (eólica, solar, hidrelétrica e outras). Quando comparado ao mundo, o Brasil está em um patamar de destaque, já que a média global de energia renovável na matriz energética é de apenas 26%, acrescentou Botelho.

O executivo ressaltou que a maior parte é produzida em usinas hidrelétricas, mas a geração de energia eólica, produzida pelo vento, e a solar vêm ganhando força nos últimos anos. Com 20,1 GW de potência instalada, as usinas eólicas responderam por 11,11% da matriz energética brasileira no fim do ano passado.

Já a geração de energia solar deve chegar a 18 TWh em 2021, um aumento de 67% em comparação aos 10,7 TWh gerados em 2020.

Relatório do Conselho Global de Energia Eólica (GWEC, na sigla em inglês) divulgado na semana passada sobre oportunidades de recuperação verde a partir fontes de energia renováveis mostrou que há um potencial de serem instalados empreendimentos que gerem quase 20 gigawatts (GW) de energia eólica a cada ano a partir de 2026 no Brasil, Índia, México, Filipinas e África do Sul.

A projeção leva em conta o que pode acontecer nos próximos cinco anos.


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Oportunidades no biogás

Botelho lembra que existem ainda oportunidades no biogás, um tipo de biocombustível produzido a partir da decomposição de materiais orgânicos e que pode ser usado em substituição ao gás veicular. Ele pode ser produzido a partir de aterros sanitários, de dejetos da produção agropecuária e do saneamento, ajudando a resolver outro problema: o da gestão de resíduos sólidos.

“Esse insumo terá um papel fundamental, inclusive para o Brasil atingir a meta de redução de 30% de emissão de metano [até 2030], como se comprometeu no ano passado [durante a COP26]. Um quilo de metano equivale a 25 quilos de gás carbônico. E a maneira mais rápida e barata de se fazer a redução das emissões é na produção do biogás”, relata.

O presidente da Energisa reforçou que o meio empresarial não pode encarar essas mudanças e novas exigências como um custo ou penalização, mas sim como uma mudança de perspectiva e que está escancarando novas oportunidades de negócios.

“Temos o gás natural do pré-sal que tem, comprovadamente, uma quantidade enorme a ser explorada, mas existem entraves. Mas temos um pré-sal caipira, o aproveitamento do biogás e do biometano, gerados a partir do agronegócio, que é mais fácil e está espalhado por todo o Brasil”, pontuou o executivo.

Avanço até 2030

Ele cita ainda que um estudo da Associação Brasileira de Biogás mostra que, nas condições atuais, poderiam ser gerados 19 GW de biogás a partir das atividades do agronegócio, o que representa cerca de 40% da capacidade que o Brasil terá de acrescentar em sua capacidade instalada de geração de energia até 2030.

De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética, olhando apenas o aumento na demanda por eletricidade, até 2030, o país precisa aumentar em 27% sua disponibilidade.

Até 2050, será preciso dobrá-la para atender o aumento de demanda vinda do crescimento populacional e da atividade econômica.

“Isso representa em termos de biometano, que é o biogás tratado, cerca de 120 milhões de metros cúbicos por dia. Como base de comparação, em 2021, o Brasil produziu de gás natural 136 milhões de metros cúbicos por dia, em média. O pré-sal caipira é quase um pré-sal oceânico”, citou Botelho.

Por ora, o Brasil tem apenas 308 MW de capacidade instalada de biometano e, em 2021, só produziu 400 mil metros cúbicos.

Combustíveis fósseis

Ainda que a matriz energética brasileira vá continuar a depender de uma parte da produção via combustíveis fósseis – mais seguras, intermitentes e menos expostas a intempéries do clima –, ficou claro que o futuro é mais sustentável.

Com o foco neste tipo de produção, as empresas de energia têm um ganho triplo. Ao mesmo tempo em que se torna mais “verde” e se beneficia do que este título traz, também diversifica sua fonte de receitas garantindo mais perenidade ao negócio e pode ainda gerar um dinheiro extra no mercado de crédito de carbono, apontou Botelho.

“Esse segmento pode representar um grande acelerador para fazer nossa transição energética e há ainda uma enorme diferença entre o quadro atual e o potencial. É preciso, contudo, destravar políticas públicas e financiamento”, disse.

Fundo Floresta Viva

Em janeiro, a Energisa aderiu ao fundo Floresta Viva, lançado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e que ao longo de sete anos investirá R$ 500 milhões em programas de reflorestamento.

A ideia é impulsionar o setor de restauração ecológica e estimular as empresas a fazerem sua transição para uma economia de baixo carbono. Metade dos recursos virá do banco de fomento e outra parte de empresas parceiras.

A Energisa deve incentivar ações nas regiões do Pantanal e Amazônia, onde atua com soluções limpas para geração e distribuição de energia elétrica.

“Precisamos de medidas urgentes e governança para políticas públicas inteligentes. Precisamos de uma combinação de racionalidade, método científico, parcerias com setor público e privado, e a consciência de que a sociedade pode ser mais próspera ao se equilibrar e se harmonizar melhor com natureza. O Brasil está na pole position da corrida de zero emissões. A luz verde da largada já está acesa e vamos ter que seguir em frente e acelera”, finalizou o presidente da companhia energética.

Fonte: Nova Cana (Autora Naiara Bertão)


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