Pesticidas, que estão associados à disfunção endócrina , desregulação imunológica e câncer, são fontes generalizadas de contaminação da água potável.
O estado do Paraná tem uma população de 11 milhões, é o segundo maior produtor de grãos do Brasil e um dos principais consumidores de pesticidas. Neste estudo, analisamos a extensão da contaminação da água potável por 11 pesticidas comprovados, prováveis ou potencialmente cancerígenos (alacloro, aldrin-dieldrin, atrazina , clordano , DDT-DDD-DDE, diuron , glifosato-AMPA, lindano-γ-HCH, mancozeb-ETU, molinato e trifluralina) em 127 municípios produtores de grãos no estado do Paraná. Foi encontrada extensa contaminação da água potável, incluindo pesticidas legados como aldrin-dieldrin (média de 0,047 ppb), DDT-DDD-DDE (média: 0,07), clordano (média: 0,181) e lindano-HCH (média: 2,17).
A maioria dos municípios estava significativamente acima dos limites máximos para cada um dos pesticidas atualmente permitidos (67% para alacloro, 9,44% para atrazina, 96,85% para diuron , 100% para glifosato-AMPA, 80,31% para mancozebe-ETU, 91,33% para molinato e 12,6% para trifluralina). Noventa e sete por cento dos municípios apresentaram uma soma de todos os pesticidas em níveis significativamente acima (189,84 ppb) dos limites preconizados pela União Europeia (<0,5 ppb). Utilizando a concentração média de pesticidas na água (ppb), a população exposta para cada município e o risco de câncer de referência para pesticidas, estimamos o número mínimo de casos de câncer atribuíveis à água potável contaminada por pesticidas durante o período (total de 542 casos).
Mais de 80% foram atribuídos ao mancozebe-ETU e ao diuron. Os casos atribuíveis ao glifosato-AMPA e ao diuron correlacionaram-se fortemente com o total de casos de câncer no mesmo período (R = 0,8117 e 0,8138, respectivamente), bem como com os casos de câncer de mama (R = 0,7695 e 0,7551, respectivamente). A contaminação da água foi significativamente correlacionada com a soma dos casos de câncer estimados para todos os 11 pesticidas detectados em cada cidade (R = 0,58 e p < 0,0001). Esses achados revelam extensa contaminação da água potável no estado do Paraná e sugerem que a contaminação pode aumentar o risco de câncer nessa região.
Fonte: Science Direct
