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Cientistas desvendam forma de limpar nocivos “químicos eternos” presentes na água

Produtos Químicos Eternos nos EUA Demandam Nova Abordagem para Descontaminação da Água

Décadas de uso de espumas supressoras de incêndio em edificações nos Estados Unidos deixaram um rastro de poluição química nociva no meio ambiente. Atualmente, encontram-se os chamados “produtos químicos eternos” também em outras aplicações, desde panelas antiaderentes a embalagens e maquiagens. Dado seu amplo uso, esses compostos sintéticos contaminam o abastecimento de água.

Recebem este nome por permanecerem milhares de anos no ambiente, e então seus efeitos são múltiplos: atraso no desenvolvimento, risco elevado de câncer, problemas de fertilidade, disfunções endócrinas, doenças de fígado, entra outros. Atenta ao problema, a EPA, agência ambiental americana, impôs no mês passado uma nova regra que exige que as concessionárias de água reduzam a contaminação se os níveis excederem 4 partes por trilhão para certos compostos de PFAS (polifluoroalquílicas). Com a nova regra, a expectativa é evitar milhares de mortes prematuras.

Descoberta Colaborativa

Uma descoberta colaborativa realizada por cientistas da UC Riverside e da Clarkson University em Potsdam, NY, fornece uma nova estratégia para limpar estes poluentes. Detalhou-se o método na revista Nature Water neste mês . Envolve o tratamento de água altamente contaminada com luz ultravioleta (UV), sulfito e um processo chamado oxidação eletroquímica.

“Neste trabalho, continuamos nossa pesquisa sobre o tratamento à base de UV, mas desta vez tivemos a colaboração de um especialista em oxidação eletroquímica da Universidade Clarkson”, disse o professor associado da UCR, Jinyong Liu, que publicou quase 20 artigos sobre o tratamento de poluentes PFAS em água contaminada. “Juntamos essas duas etapas e alcançamos a destruição quase completa do PFAS em várias amostras de água contaminadas”. Os estudos se concentraram, principalmente, na poluição causada pelas espumas contra incêndios.

A colaboração com uma equipe liderada pelo professor Yang Yang da Clarkson resolveu grandes problemas técnicos. Por exemplo, as espumas contêm vários outros compostos orgânicos concentrados que impedem a quebra das fortes ligações flúor-carbono nos compostos PFAS. Liu e Yang, no entanto, descobriram que a oxidação eletroquímica também decompõe esses compostos orgânicos. O processo também permite que estas reações ocorram à temperatura ambiente sem necessidade de calor adicional ou alta pressão para estimular a reação.

Segundo o cientista, o método desenvolvido já é adequado para limpar água contaminada usada para lavar tanques, mangueiras e outros equipamentos de combate a incêndios. O método também pode ajudar as concessionárias de água a lidar com a poluição das águas subterrâneas, que são frequentemente tratadas através de tecnologias de troca iônica nas quais as moléculas de PFAS se aglomeram em esferas de resina em grandes tanques de tratamento.

Fonte: Um só planeta


 

 

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