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Com análise de bioquímico e investimentos há 20 anos, Aprocruz/SC leva água a 709 imóveis

Associação Pró Comunidade Caminho da Cruz arrecada dinheiro de moradores para financiar tratamento e garantir água à comunidade

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Bioquímico aposentado da Casan, Luiz Carlos Gomes garante que a água é tratada e fica potável – Daniel Queiroz/ND

Com 709 ligações de abastecimento d’água, a Aprocruz (Associação Pró Comunidade Caminho da Cruz) faz a gestão há mais de duas décadas no bairro Monte Verde, em Florianópolis. Sem hidrômetros, cada morador paga taxa mensal de R$ 35 e pode utilizar a água livremente. Com o dinheiro arrecadado, a Aprocruz paga dois funcionários, as análises de um bioquímico, compra os materiais para o tratamento e projeta os investimentos.

O presidente da Aprocruz, Ademar de Souza, destaca a água em abundância, o que faz os moradores permanecer no sistema autônomo. “A rede da Casan passa na rua Mané Vicente, mas ninguém quer correr o risco de ficar sem água. Temos seis caixas de água de 20 mil litros e vamos comprar mais duas no próximo mês, porque gastamos R$ 8 mil para construir a laje”, conta.

Um dos funcionários é a auxiliar administrativa Geneci Grisa, a Lila, responsável por atender as reclamações e receber as faturas de pagamento. Na associação, que tem terreno próprio, com depósito de materiais para as tubulações e do tratamento, é atendido de segunda a sexta-feira, além dos dois primeiros sábados de cada mês.

A associação mantém uma relação de serviço com os usuários. “Cada associado pode ficar inadimplente pelo período máximo de três meses, que o Moisés [outro funcionário] faz o corte. Como conhecemos todos os nossos associados, avisamos com antecedência os possíveis cortes e negociamos as dívidas”, diz Lila.

A dona de casa Ketlyn Pereira, 27 anos, nasceu na comunidade e sempre consumiu a água fornecida pela Aprocruz. “Não tenho do que reclamar, desde que não falte, porque a nossa água é de ótima qualidade. Uso para beber, cozinhar e tudo mais”, afirma.

Moisés é o guardião da água no Caminho da Cruz

Nativo da comunidade do Caminho da Cruz, bairro Monte Verde, Moisés Procópio, 39 anos, trabalha a mais de duas décadas na Aprocruz. Ele é o responsável pela manutenção da rede, tratamento da água e corte dos inadimplentes. Para fiscalizar as três nascentes, o funcionário da associação percorre três quilômetros pela mata fechada. “Para chegar às nascentes, consigo percorrer parte do trajeto de moto, até onde chegam os técnicos das torres de energia elétrica, mas o restante preciso fazer a pé. Temos um primeiro filtro nas nascentes e um segundo nas caixas d’água, onde adicionamos o cloro”, diz.

Trabalhando sozinho, Moisés ainda faz os últimos reparos da enxurrada de janeiro. “Durante a chuva forte do início do ano perdemos boa parte da rede e tivemos rachaduras em um reservatório, mas estamos colocando o trabalho em dia”, conta. Moisés também faz a limpeza das lixeiras comunitárias, porque a Comcap (Autarquia de Melhoramentos da Capital) não faz a coleta nas servidões.

“Água é tão segura quanto a da Casan”, diz bioquímica

Aposentado da Casan, o bioquímico Luiz Carlos Gomes é o responsável técnico da Aprocruz, da Associação Sol Nascente, da Associação do Morro do Balão e da Associação João Gonzaga Costa. Ele destaca que os serviços autônomos dos bairros Monte Verde e Saco Grande têm de mais importante, sobre a captação de água, a cobertura vegetal. “É uma água in natura captada, que passa por tratamento simplificado em um processo de desinfecção do cloro e a água fica em condição potável. São feitas duas análises por mês e os funcionários estão muito bem orientados para monitorar o cloro residual na água tratada, porque já sabem o que têm de fazer”, explica.

Gomes conta que as coletas são feitas no meio e no fim de cada mês, com as análises físico-químicas de rotina – cloro, PH, cor e turbidez, além das análises mais importantes que são as bacteriológicas. Os padrões de potabilidade são estabelecidos pela portaria 2.914/2011, do Ministério da Saúde. “Os serviços autônomos com responsável técnico e que os operadores tenham as informações necessárias sobre o tratamento têm uma água tão segura quanto a da Casan. Em épocas de muita chuva pode ocorrer uma deterioração da água por causa da cobertura vegetal, mas se não houvesse seria bem pior. Eu defendo que as pessoas consumam a água da rede”, afirma.

O bioquímico fez o teste preliminar de PH e cloro na presença da reportagem. O cloro apontou índice 2 e o PH, que define se a água está ácida ou alcalina, deu 6,8.

Fonte: Notícias do dia.

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