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2ª edição da Conferência Ethos, em Belém/PA, promoveu diálogo sobre as necessidades da Amazônia e as oportunidades para o desenvolvimento local

Base para uma Coalizão Amazônica pelo Desenvolvimento Sustentável foi lançada para reunir e incentivar empresas e poder público a promoverem ações em busca de uma economia sustentável; evento contou com a presença de atores sociais para discutir a respeito do potencial econômico da Amazônia

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Com foco no desenvolvimento local, a 2ª edição da Conferência Ethos, realizada em Belém, promoveu debates sobre temas específicos da Região Amazônica como o combate à degradação ambiental e ao trabalho escravo e a problemática da morte de ativistas do meio ambiente, entre outros.

Durante o painel de abertura do evento foi lançado um documento base para a criação da Coalizão Amazônica pelo Desenvolvimento Sustentável, concebida com o objetivo de reunir e estimular empresas e poder público a promoverem ações em busca de uma economia íntegra, ética e sustentável. “A maturidade cada vez mais será exigida diante do desafio que teremos a frente. Por isso, partimos para uma ação concreta, ao lançar um documento que irá destacar questões que consideramos importantes, pautado em resistir e avançar”, disse Caio Magri, diretor-presidente do Instituto Ethos, durante o lançamento do projeto.

Comércios justos e os territórios de diversidade socioambiental

O painel “Comércios justos e os territórios de diversidade socioambiental” abordou os esforços para a ampliação da distribuição e consumo de produtos da sociobiodiversidade brasileira. “Em meio a acertos e erros o importante foi que a Natura não desistiu nessa jornada de 20 anos da empresa na Amazônia”, destacou Mauro Costa, gerente de suprimentos da Natura. Já Marcelo Rosembaum, designer e fundador do Instituto A Gente Transforma, destacou os saberes tradicionais. “Quando a pessoa valoriza os saberes que vem de sua ancestralidade isso interfere no reconhecimento das potencialidades e no respeito aos saberes dos povos tradicionais”, comentou o designer.

Segundo Fábio Oti, coordenador Regional ICMBio, é preciso uma conversa maior entre estado, terceiro setor, empresas e os anseios das populações tradicionais. “Saber do conhecimento tradicional a fim de identificar as reais necessidades e prever erros que são causados pela falta de diálogo”, explicou o executivo. Ele participou do painel “Oportunidades para alavancagem da Conservação da Biodiversidade em grandes projetos”, que promoveu o diálogo sobre as oportunidades para a minimização de impactos socioambientais, a partir de ciclos de investimentos, em grandes obras no território amazônico.

Saúde dos rios

A preocupação com a saúde dos rios da região, impactada pelo crescimento urbano, foi discutida durante o painel “Águas da Amazônia: a poluição e o acesso a água potável”. “O avanço tem sido pífio em saneamento básico. Se nosso planejamento fosse mais inteligente e mais sério economizaríamos milhões”, salientou Caetano Scannavino Filho, coordenador geral do Projeto Saúde & Alegria. Segundo Ronaldo Mendes, professor do núcleo de Meio Ambiente da UFPA, “são 10 milhões de pessoas sem receber água de abastecimento seguro na Amazônia. Algo descomunal”. Para a coordenadora de Relacionamento com Associados do Instituto Ethos, Milene Almeida, se faz necessário levar esse tema para o Ethos e seguir com essa agenda. “Me fere como bióloga e como brasileira não seguirmos com esse tema tão importante”, complementa a executiva.

Para completar, o encontro promoveu também o diálogo sobre os desafios e oportunidades do Movimento Empresarial pela Integridade e Transparência. Lançada em julho pelo Ethos, a iniciativa já conta com quase 70 signatárias e espera fechar 2018 com a adesão total de 80 empresas. O movimento produz, entre outras ações, estudos para ajudar na elaboração de políticas públicas. “O papel principal das grandes empresas é criar essa motivação e pressão positiva para que os seus parceiros também estejam nesse caminho, se esforçando para assumir os compromissos”, avaliou Carlos Henrique Pereira Fraga, gerente de Compliance da Norsk Hydro. Já Bruna Galdão Brandão, responsável de compliance da Techint Brasil, afirma que: “o grande desafio do compliance é a mudança de cultura. […] Mostrar que fazer o certo é muito melhor e desburocratiza processos”. Para completar, Edgar Augusto de Oliveira, auditor federal de Finanças e Controle da Controladoria Regional da União no Estado do Pará acredita que “na medida que as pessoas entenderem que o ‘jeitinho brasileiro’ é lesivo, quando mudarmos esse paradigma teremos uma sociedade melhor”.

Ainda na agenda de integridade, durante a programação, foi apresentada a versão para clubes do Rating Integra, criada para cooperar no aprimoramento do modelo de governança esportiva, melhoramento da performance e credibilidade do setor. “O Rating é resultado de toda uma mobilização do setor, criado por várias mãos”, avaliou Silvia Gonçalves, coordenadora da Atletas pelo Brasil. Paulo Maciel, presidente do Conselho Deliberativo do Paysandu Sport Club, avaliou que “é necessário que fair play aconteça também fora de campo em benefício de boas práticas no esporte”. Na análise de Wilson Albuquerque Neto, secretário da Secretaria Municipal de Esporte, Juventude e Lazer do município de Belém, “manter um projeto ou uma entidade esportiva é muito mais barato que construir cadeias e aparelhar a segurança pública. O esporte tem um poder transformador”.

“Os diálogos dessa edição foram enriquecedores para os participantes. Promover sustentabilidade e conduta ética nas empresas e na sociedade é, antes de tudo, uma forma de criar e manter as transformações que queremos conquistar daqui para frente. Precisamos nos desafiar diariamente para que possamos continuar em movimento. Se o futuro é a gente quem escolhe, é fundamental estarmos dispostos a mobilizar, a sensibilizar, a apoiar, a articular e a construir”, afirmou Magri. A entidade atua como intermediadora nas esferas corporativa, política e sociedade civil, em agendas estratégicas para o desenvolvimento sustentável do país. “As áreas de atuação do Instituto Ethos não possuem propósitos isolados, pois a corrupção potencializa a desigualdade e esta, por sua vez, também impacta na preservação do meio ambiente”, finaliza Magri.

Sobre o Instituto Ethos

O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, que completa 20 anos neste ano de 2018, tem a missão de mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerir seus negócios de forma socialmente responsável, tornando-as parceiras na construção de uma sociedade justa e sustentável. A organização trabalha com questões relacionadas à ética desde sua fundação, em 1998. O Pacto Empresarial pela Integridade e contra a Corrupção, criado em 2006, vem estimulando o setor empresarial a incorporar práticas de integridade em seus planos de negócio. A temática dos direitos humanos e da igualdade de gênero e raça também são abordadas no Grupo de Trabalho de Empresas e Direitos Humanos. Além disso, em 2009, o instituto fundou o Fórum Clima, que engaja empresas na busca por soluções para a alteração do clima.

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