Unidade, em Ipojuca (PE), foi alvo de investigações da Lava-jato e o TCU apontou custo oito vezes maior na primeira fase
A Petrobras retomou o projeto para duplicar a capacidade de produção da Refinaria do Nordeste (Rnest), antiga Abreu e Lima. Os investimentos somam R$ 8 bilhões e a previsão é que os serviços sejam feitos em etapas, com a conclusão da primeira fase até o fim de 20 A retomada das obras da refinaria, suspensas em 2015 após denúncias de corrupção investigadas pela Lava-jato, será oficializada nesta te feira (2) em cerimônia com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas instalações da Rnest, em Ipojuca (PE).
Na origem, a Rnest, foi pensada para ter a venezuelana PDVSA como sócia da Petrobras, ainda no governo de Hugo Chavez (1954-2013). refinaria foi projetada para processar o petróleo venezuelano, mas a PDVSA terminou não entrando no projeto. Em 2005, quando as obras começaram, a refinaria era orçada em US$ 2,5 bilhões e deveria estar pronta até 2011. Mas, segundo cálculos do Tribunal de Contas da Un (TCU), a unidade custou oito vezes mais, superando US$ 20 bilhões.
A primeira unidade de refino, chamada de “trem” no jargão da indústria do petróleo, entrou em operação em dezembro de 2014. As obras d refinaria foram interrompidas em 2015, após a eclosão da Lava-jato. Em meio às investigações, a Petrobras realizou baixas contábeis que somaram R$ 50,539 bilhões, sendo R$ 6,194 bilhões pelo pagamento de propinas em esquemas de corrupção e outros R$ 44,345 bilhões pela reavaliação de ativos, que incluíram a Rnest e o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), atual Complexo de Energias Boaventura.
Um personagem central no empreendimento foi o ex-diretor de abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa, que admitiu em delações superfaturamento de custos. Ele morreu em agosto de 2022, aos 68 anos, vítima de câncer.
No atual governo, a retomada das obras foi anunciada em duas ocasiões: em setembro de 2023 e em janeiro de 2024. Em dezembro daqu ano, a estatal abriu licitações para retomar as obras da segunda linha de produção e, em outubro de 2025, assinou sete contratos, um para cada conjunto de equipamentos, com as empresas ganhadoras.
Agora a expectativa é que a Rnest venha a ter mais de dois terços da capacidade de processamento destinada à produção de diesel S-10, com baixo teor de enxofre. A última etapa do segundo trem de refino inclui uma unidade de hidrotratamento de diesel, com previsão de térm em julho de 2029.
Em entrevista coletiva, ontem, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, disse que após a implantação do segundo trem de refino, 70% da capacidade da Rnest será destinada à produção de diesel S-10. Ao fim das obras, a refinaria atenderá a 17% da demanda nacional de diesel e terá alto nível de automação. “É uma refinaria extremamente moderna, a mais moderna que temos”, afirmou.
Os outros 30% da refinaria serão responsáveis pela produção de gasolina, gás liquefeito de petróleo (GLP), combustível para navegação (bunker) e nafta. A executiva ressaltou que a Rnest, hoje, tem capacidade de processar 130 mil barris por dia e com o segundo trem passar para 260 mil barris diários.
A refinaria terá parte do consumo de energia elétrica abastecida por uma usina solar fotovoltaica. Chambriard afirmou que hoje assinará o contrato para a construção da central, com capacidade de 12 megawatts (MW), que suprirá o equivalente a 10% da demanda da refinaria. A potência da usina solar é suficiente para atender a 50 mil residências.
A previsão é que o pico das obras seja no segundo semestre do ano que vem, com geração de 10 mil a 15 mil empregos. Hoje, 3 mil pesso trabalham na refinaria e, com a segunda linha de produção, o número deve chegar até 4 mil funcionários.
No plano de negócios 2026-2030, anunciado pela Petrobras na semana passada, a Rnest será parte importante no aumento da capacidade refino da estatal. A projeção é adicionar 320 mil barris por dia à capacidade de processamento de petróleo ao longo de cinco anos. Desse to a Rnest deve contribuir com 172 mil barris por dia de combustíveis em cinco anos.
Fonte: Valor