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Granja transforma dejetos de animais em biometano, combustível equivalente ao GNV

De Foz do Iguaçu (PR)*

Beneficiamento do biogás, obtido a partir dos dejetos de animais, vira combustível para veículos e ainda reduz as emissões de metano, que é 21 vezes mais danoso que o CO²

A possibilidade de se produzir biogás a partir dos dejetos de animais, por meio de sua fermentação em um biodigestor, não é novidade. Porém, um projeto desenvolvido pelo Centro Internacional do Biogás (CIBiogás), com parceria da usina hidrelétrica Itaipu Binacional, vem contribuindo para ampliar a viabilidade técnica e econômica do biogás, com o objetivo de dar mais competitividade ao agronegócio, reduzindo gastos e gerando menos resíduos, com benefício também ao meio ambiente.

Visitamos a Granja Haacke, no município de Santa Helena, próximo a Foz do Iguaçu, no Paraná, onde funciona um dos projetos do CIBiogás. Com os dejetos de 650 bovinos e 86 mil galinhas, decompostos em um grande biodigestor, são produzidos 1.500m³ de biogás por dia, usados para a produção de energia elétrica em um gerador, consumida na propriedade e em vias de ser fornecida à rede elétrica local. Parte desse biogás é tratada por meio de filtros, que retiram principalmente o gás carbônico, para a obtenção de biometano com altíssimo grau de pureza.

De acordo com Herlon Goelzer de Almeida, assessor de energias renováveis de Itaipu, a barreira técnica de produção já foi vencida. Agora, o desafio é conscientizar que é possível produzir um combustível com valor de mercado. Segundo Rodrigo Régis Galvão, diretor-presidente do CIBiogás, o biometano já foi reconhecido como produto pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Dentro das especificações corretas, com pureza mínima de 96,5%, ele se equipara ao gás natural veicular (GNV), podendo ser usado em veículos preparados.

NO TANQUE Ao todo, são 54 veículos da frota de Itaipu que rodam com o biometano produzido na Granja Haacke. Nas contas do CIBiogás, o custo do quilômetro rodado com etanol é de R$ 0,36, enquanto com o biometano o custo cai para R$ 0,24. “E nós obtivemos essa diferença de valores tendo apenas uma unidade de produção. Então, existe um mercado a ser estimulado. Atualmente, o biogás parece com as eólicas há 16 anos. Mas com sua inserção nas políticas públicas, vai ganhar participação”, analisa Rodrigo. De acordo com o diretor-presidente do CIBiogás, o Brasil tem atualmente 153 plantas de biogás registradas, enquanto a Alemanha, que tem condições climáticas menos favoráveis, tem 10 mil.

Uma análise feita pelo CIBiogás mostra que no Brasil o GNV está disponível apenas em uma linha da Região Central e na faixa costeira do país. Como a Granja Haacke é um modelo de geração local de energia, o biogás foi consolidado como uma alternativa no Programa de Desenvolvimento da Geração Distribuída de Energia Elétrica (ProGD) do Ministério de Minas e Energia. Outro fator que mostra o bom momento do biogás foi a criação da Associação Brasileira de Biogás e do Biometano, com associados como Scania, General Electric e Caterpillar, que pretende desenvolver um plano para esses produtos e consolidá-los como negócio.

MEIO AMBIENTE
Além da produção de energia, a obtenção do biogás a partir de dejetos de animais tem um importante viés ambiental. Rodrigo conta que um dos objetivos do Brasil para 2025 é ser o maior produtor de proteína animal do mundo. Nesse contexto, os dejetos se tornam grande problema ambiental. Para se ter ideia, o metano gerado pelo simples descarte desses dejetos na natureza sem qualquer tratamento é 21 vezes mais danoso à camada de ozônio que o CO². Então, por força de fiscalização, o crescimento desse mercado está atrelado ao tratamento desses dejetos, e a produção de biogás é uma alternativa.

Voltando à Granja Haacke, a produção do biogás gera dois tipos de fertilizantes, que podem ser aproveitados, em vez de descartados. O primeiro é a parte sólida retirada da homogeneização dos dejetos, que precisa ser beneficiada. Já o biofertilizante obtido após o processo do biodigestor pode ser prontamente usado para enriquecer o solo. Além de evitar o desperdício, o uso desses fertilizantes faz bem para o bolso, já que, segundo Herlon, 90% desse produto usado no Brasil é importado.

(*) Jornalista viajou a convite de Itaipu Binacional

Fonte: Estado de Minas

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