Uma nova planta piloto para o tratamento de efluentes industriais está sendo construída, o que poderia reduzir potencialmente a quantidade de resíduos líquidos em mais de 90%.
Além disso, a nova fábrica, que será instalada numa empresa de semicondutores em Cingapura, também pode recuperar metais valiosos da água tratada, podendo então ser vendida e reutilizada.
A planta está sendo construída em conjunto pelo Separation Technologies Applied Research and Translation (START) Centre, uma instalação de nível nacional para desenvolver e comercializar tecnologias inovadoras de separação e filtração, e a Memsift Innovations Pte Ltd, uma empresa local de tecnologia de água especializada em sistemas de tratamento de água com descarga de líquido zero (ZLD).
O START Centre é apoiado pelo Singapore Economic Development Board (EDB) e o Nanyang Technological University Singapore (NTU Singapore). Faz parte do NTUitive, empresa de inovação da NTU Singapore.
Membrana de fibra oca de três furos comercializada em conjunto pela Start Centre e Memsift Innovations, que será utilizada na planta piloto de tratamento de efluentes em fábrica de semicondutores em Cingapura. (Imagem: NTU Singapore)
A planta piloto usa um novo sistema de tratamento de água e um novo tipo de membrana de fibra oca inventada pelo professor Neal Chung, da Universidade Nacional de Cingapura, que foi designada e ampliada para aplicação industrial pelo START Centre.
Ao contrário da membrana de fibra oca típica, que se assemelha ao macarrão com um núcleo oco como uma palha, a nova membrana de fibra oca de três furos inventada pelo Prof Chung tem três núcleos ocos, permitindo uma taxa de fluxo de água 30% maior.
Sob uma nova parceria de pesquisa e acordo de licenciamento, o START Centre e o Memsift Innovations construirão conjuntamente a estação de tratamento de efluentes com as membranas de fibra oca de três furos, que podem tratar até 5.000 litros por dia para a empresa de semicondutores.
Espera-se que esta planta piloto ajude a empresa a economizar até 1,6 milhão de litros de água por ano (2/3 de uma piscina olímpica), resultando em uma economia de US$ 250.000 em descarte. Ela filtrará mais de 90% dos efluentes em água limpa e concentrará os resíduos de metal em um líquido, que poderá ser vendido para outras empresas.
A solução atual praticada pela fábrica de semicondutores é transportar os efluentes tóxicos produzidas durante a sua fabricação para uma instalação de descarte de efluentes onde é incinerada. Esse processo de descarte, utiliza cinco vezes o custo de energia da planta piloto de filtração por membrana.
O diretor Adil Minoo Dhalla do START Centre, afirmou que este é o primeiro acordo de licenciamento bem-sucedido pelo centro em nível nacional desde que começou em 2016, que busca transformar as pesquisas de ponta sobre membranas das universidades de Cingapura em produtos efetivos, utilizáveis por multinacionais e empresas locais.
Dr. Adil Dhalla (esquerda), Diretor Executivo do START Center, com a nova membrana de fibra oca de três furos, e o Dr. Antony Prince (à direita), Fundador da Memsift Innovations, segurando o módulo de membrana completo para ser usado na nova planta piloto. (Imagem: NTU Singapore)
“Esta planta piloto marca a primeira de muitas inovações locais sobre água que a START está concretizando para comercialização. Usando nossa moderna fabricação de membranas, projeto de módulos e instalações para testes, poderemos ampliar rapidamente as novas tecnologias dos institutos de ensino superior de Cingapura e testá-los em ambientes reais para validar seu valor comercial “, acrescentou o Dr. Dhalla.
O Dr Dhalla é o Diretor de Operações do NTU’s Nanyang Environmental and Water Research Institute (NEWRI), e Presidente do Comitê Diretivo do SG-MEM, Consórcio Nacional de Membranas de Cingapura, apoiado pela Fundação Nacional de Pesquisa.
Os principais membros institucionais do consórcio são o START Center, que é o órgão principal, o NEWRI’s Singapore Membrane Technology Centre no NTU, o Membrane Science and Technology Consortium (MSTC) na National University of Singapore, e o Water Technology Centre of Innovation (EWTCoI) da Instituição de Ensino Ngee Ann Polytechnic.
O consórcio SG-MEM, que foi lançado em 2018, já possui 24 membros da indústria (entre eles a Memsift Innovations) na cadeia interligada de membranas em Cingapura.
O Dr. J Antony Prince, fundador da Memsift Innovations, acredita que a nova membrana de fibra oca de três furos do START Center ajudará a melhorar a eficiência de seu processo de separação térmica com as patentes solicitadas, que oferece benefícios únicos em relação ao tratamento de salmoura tradicional e soluções com descarga de líquido zero.
Linha de produção de membrana no START Center. (Imagem: NTU Singapore)
“Nosso processo de filtração opera com pressões e temperaturas relativamente baixas em comparação com os processos convencionais de separação térmica. Economiza energia, reduz o custo operacional, recupera metais preciosos e recursos, ao mesmo tempo ajuda a salvar o meio ambiente”, explica o Dr. Prince.
Outras vantagens oferecidas pela Memsift Innovations incluem uma alta recuperação de água com um consumo mínimo de energia, uma pegada ecológica pequena para as estações de tratamento e um gasto mínimo de capital para seus clientes.
Esta nova planta piloto do START Centre e Memsift Innovations deverá ser comissionada no segundo trimestre de 2019. Os resultados dos testes serão utilizados para a comercialização desta tecnologia inovadora.
Será um passo em direção ao conceito de economia circular, onde os resíduos são transformados em recursos ao mesmo tempo em que reutilizam a água para fins industriais, reduzindo a necessidade de extrair água da rede pública. Isso ajuda Cingapura a conservar seu suprimento de água limpa produzida através da estratégia Four National Taps (Quatro torneiras Nacionais: água de captação local, água importada, água recuperada de alto grau conhecida como NEWater e água dessalinizada).
Se os testes-piloto forem bem-sucedidos, a Memsift obterá uma licença completa da NTUitive e a comercializará junto com as suas próprias soluções. A tecnologia será disponibilizada para outros membros do consórcio SG-MEM para colaborações comerciais.
