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Brasil tem potencial para aumentar uso do biogás e do biometano em até 98%, defende ABREN

Brasil tem potencial para aumentar uso do biogás e do biometano em até 98%, defende ABREN

De acordo com Yuri Schmitke, presidente da ABREN, o país utiliza atualmente apenas 1,5% do potencial nacional do biometano e 5,6% do potencial do biogás, muito aquém do que poderia usar;

O executivo par;cipou nesta quinta-feira (04) do Fórum de Infraestrutura Brasil–Suíça 2025, em São Paulo, e apresentou um panorama da energia de resíduos no Brasil

O Brasil utiliza atualmente apenas 1,5% e 5,6% de seu potencial com relação à utilização do biometano e do biogás, respectivamente. O presidente da Associação Brasileira de Energia de Resíduos (ABREN), Yuri Schmitke, apresentou os dados nesta quinta-feira (04/12) durante participação no Fórum de Infraestrutura Brasil–Suíça 2025, realizado em São Paulo.

O executivo integrou o painel “Waste-to-Energy e biogás: escalando a gestão sustentável de resíduos no Brasil”.  Além do representante da ABREN, participaram do debate Danilo Perecin, diretor de Energia da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de SP (Semil). Alexandre Anderáos, superintendente adjunto de Regulação de Saneamento Básico da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), também esteve presente. Completando o grupo estavam Diego Nicoletti, representante da Solví, e Gustavo Dorota de Mello, diretor de Engenharia e Remediação da EBP Brasil, empresa associada da ABREN.

Segundo Schmitke, no caso do biometano, o potencial nacional de produção desse combustível é estimado em 44,1 bilhões Nm3/ano. Porém, em 2024, foram produzidos apenas 0,67 bilhões Nm3/ano em 53 usinas, ou seja, o equivalente a apenas 1,5% do potencial nacional. Os setores que têm maior capacidade de produção são os segmentos sucroenergético e agroindustrial, que, juntos, somam 95% do potencial total.

Brasil Explora Só 5,6% do Seu Potencial de Biogás

Com relação ao biogás, o potencial brasileiro de produção é de 84,6 bilhões de Nm3/ano, muito acima dos 4,7 bilhões de Nm3/ano produzidos em 2024. Esse montante, gerado por 1.587 usinas, equivale a apenas 5,6% do potencial nacional. Neste caso, assim como no biometano, os segmentos com maior capacidade de produção do biogás são os setores sucroenergético e agroindustrial, que, juntos, respondem a 92% do total.

De acordo com Schmitke, o biogás e o biometano são fundamentais no contexto da transição energética no Brasil.

“Essas duas rotas tecnológicas são complementares a outras formas de geração de energia limpa e renovável e vivem atualmente um momento de desafios para que possam expandir. O biogás, por exemplo, enfrenta ainda a questão da competitividade em relação às demais fontes renováveis, pois carece de um preço de referência que viabilize contratos de longo prazo”.

“O biometano, por sua vez, desponta como o combustível do futuro, com papel estratégico na descarbonização dos transportes e na substituição do diesel e do gás natural fóssil. A partir de 2026, entram em vigor o Certificado de Garantia de Origem do Biometano (CGOB), e em 2027 o sistema de créditos de carbono regulados (SBCE), que garantirão rastreabilidade, monetização das emissões evitadas e reconhecimento”, complementou o especialista.

Além disso, o representante da ABREN destacou, ainda, que, mesmo após duas décadas de tramitação no Congresso e 15 anos de vigência da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), os municípios continuam destinando praticamente o mesmo percentual de resíduos sólidos urbanos para lixões e aterros controlados. Esse cenário revela que, apesar dos avanços legais, a destinação inadequada dos resíduos persiste no país. Esses locais deveriam ter sido extintos em 2014.

Energia de resíduos: o Brasil ainda fica para trás

Atualmente, descartam-se mais de 40% dos resíduos urbanos em locais inadequados. Por outro lado, o mundo já desponta com 3.000 usinas de recuperação energética, destacando-se Europa (500), China (1.138), Japão (1.000) e EUA (80). O Brasil tem potencial para instalar 130 usinas de 20 MW, totalizando 3,3 GW de potência instalada, com investimentos aproximados de R$ 180 bilhões nos próximos anos.

“Mesmo com esse potencial gigantesco, o Brasil ainda se encontra parado no tempo e dependente de lixões e aterros sanitários. Ainda dá tempo de o país acabar com os entraves que inviabilizam o desenvolvimento do biogás, do biometano e da recuperação energética para, assim, aproveitarmos todo o potencial desses dois combustíveis a nível nacional. Mas, para isso, é preciso agir com eficácia e efetividade, além de vontade política”, concluiu Schmitke.

Sobre a ABREN

A Associação Brasileira de Energia de Resíduos (ABREN) é uma entidade nacional, sem fins lucrativos. Sua missão é, primordialmente, promover a interlocução entre a iniciativa privada e as instituições públicas. Essa comunicação, por sua vez, ocorre nas esferas nacional e internacional, e em todos os níveis governamentais.

Além disso, a ABREN representa empresas, consultores e fabricantes de equipamentos de recuperação energética, reciclagem e logística reversa de resíduos sólidos. Portanto, seu objetivo é promover estudos, pesquisas, eventos e buscar soluções legais e regulatórias para o desenvolvimento de uma indústria sustentável e integrada de tratamento de resíduos sólidos no Brasil.

Nesse contexto, a ABREN integra o Global Waste to Energy Research and Technology Council (Global WtERT), instituição de tecnologia e pesquisa proeminente que atua em diversos países, com sede na cidade de Nova York, Estados Unidos. O intuito dessa parceria é promover as melhores práticas de gestão de resíduos por meio da recuperação energética e da reciclagem. Vale ressaltar que o Presidente Executivo da ABREN, Yuri Schmitke, é o atual Vice-Presidente LATAM do Global WtERT e Presidente do WtERT – Brasil. Conheça mais detalhes sobre a ABREN acessando o site, Linkedin, Facebook, Instagram e YouTube da associação.

Fonte: ABREN


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