NOTÍCIAS

Barragens estão cheias, mas falta um plano para evitar nova crise hídrica

As maiores bacias estão com volumes acima de 50%, bem diferente de novembro de 2017. Obras garantem água por 10 anos, mas não há projeto para depois

barragens

Ontem, a barragem do Descoberto estava com 62,6% da capacidade, quase 12 vezes mais do que um ano atrás – (foto: Breno Fortes/CB/D.A Press )

Cinco meses após o fim do racionamento de água, o Distrito Federal ainda convive com o fantasma do racionamento. A capital desperdiça 30% do recurso, por causa da falta de consciência dos consumidores e, principalmente, da precariedade de instalações antigas. Os investimentos feitos recentemente garantem o abastecimento pelos próximos 10 anos, segundo a atual gestão. Não há projetos definidos para o fornecimento de 2029 em diante. O governador eleito Ibaneis Rocha (MDB) promete terminar a obra de Corumbá IV e fala em construir uma barragem, mas não anunciou o local nem os prazos.

O cenário atual é bem melhor do que o de um ano atrás. Em 7 de novembro, o reservatório do Descoberto, que abastece mais de 60%  do DF, atingiu o menor volume da sua história: 5,3%. Ontem, ele marcava 62,6%, quase 12 vezes mais. A barragem de Santa Maria, a segunda maior da capital, que há um ano estava com 21,9% da sua capacidade, ontem tinha 51%. No entanto, para especialistas, não há o que comemorar. Eles alertam que Brasília não pode fica à mercê do clima.

“Não podemos contar que as precipitações sempre virão para dar um alívio. Este ano, tivemos irregularidades no tempo e não sabemos como serão os comportamentos futuros. Estamos dependendo da boa disposição do tempo e isso não pode acontecer”, afirma o ecossociólogo Eugênio Giovenardi, do Instituto Histórico e Geográfico do DF.  Para ele, as medidas tomadas para sanar o problema de abastecimento no DF não são as mais recomendadas.

“Não conseguimos detalhar o real volume de água das barragens. O Lago Paranoá perdeu um terço da capacidade total por causa do assoreamento”, aponta. O especialista considera ideal a preservação de nascentes, além do plantio de árvores nas cidades. “ Temos de cuidar das nossas árvores hoje, porque amanhã, elas cuidarão da gente”, frisa Giovenardi.

Investimentos

No período de escassez, o GDF investiu mais de R$ 500 milhões em captação, sob a promessa de que as cidades não precisariam se preocupar com o abastecimento de água pelos próximos 10 anos. Grande parte do dinheiro foi para as obras da barragem de Corumbá IV. A previsão para conclusão do ponto de captação era dezembro. No entanto, de acordo com a Caesb, 88% da obra está concluída. Faltam a captação e a elevatório de água bruta, junto ao lago, e a elevatória da água tratada, em Valparaíso (GO). Por isso, no prazo anunciado, o sistema será colocado apenas em pré-operação.

O GDF inaugurou duas obras de captação. A do Lago Paranoá custou R$ 42 milhões e é destinada ao abastecimento do Lago Norte, Paranoá, Itapoã e Taquari. Ao custo de R$ 20 milhões, o Subsistema de Captação de Água do Ribeirão Bananal, na Granja do Torto serve para ampliar o abastecimento das regiões regidas pela barragem de Santa Maria. Ibaneis Rocha garante a finalização de Corumbá IV, mas diz que vai investir em manutenção.

“Faremos a substituição da rede de distribuição de água tratada para diminuir o desperdício (hoje em torno de 30%) e iniciaremos as obras para criar o Sistema Norte, incluindo uma nova barragem”, informou o emedebista, por meio de nota, sem detalhar o projeto da barragem.

Especialista em saneamento do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da UnB, Marco Antônio de Souza considera o sistema Corumbá um investimento equivocado. “O sistema fica muito distante do DF e, para realizar o transporte de água gastará, bastante energia. Teremos custos elevados e tínhamos opções melhores para combater o problema”, critica. Outra saída, segundo ele, é o investimento em tecnologia.

“Coisas simples, como a descarga da bacia sanitária, podem ser modernizadas para reduzir os gastos. Além disso, podemos fazer o reúso de água, pouco investido no Brasil. Esse tipo de modalidade pode ser considerado até mesmo econômica, pois o valor do investimento na tecnologia se paga em pouco tempo.”
ÚLTIMAS NOTÍCIAS:

CATEGORIAS

Confira abaixo os principais artigos da semana

Abastecimento de Água

Análise de Água

Aquecimento global

Bacias Hidrográficas

Biochemie

Biocombustíveis

Bioenergia

Bioquímica

Caldeira

Desmineralização e Dessalinização

Dessalinização

Drenagem Urbana

E-book

Energia

Energias Renováveis

Equipamentos

Hidrografia / Hidrologia

Legislação

Material Hidráulico e Sistemas de Recalque

Meio Ambiente

Membranas Filtrantes

Metodologias de Análises

Microplásticos

Mineração

Mudanças climáticas

Osmose Reversa

Outros

Peneiramento

Projeto e Consultoria

Reciclagem

Recursos Hídricos

Resíduos Industriais

Resíduos Sólidos

Reúso de Água

Reúso de Efluentes

Saneamento

Sustentabilidade

Tecnologia

Tratamento de Água

Tratamento de Águas Residuais Tratamento de águas residuais

Tratamento de Chorume

Tratamento de Efluentes

Tratamento de Esgoto

Tratamento de lixiviado

Zeólitas

ÚLTIMAS NOTÍCIAS