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Erupção vulcânica subaquática em Tonga intoxica água e pode prejudicar agricultura local

Cientistas da Universidade de Cornell que lideram pesquisas financiadas pela Nasa sobre impactos de cinzas vulcânicas alertam que, além dos danos diretos à infraestrutura causados pela fumaça e pelo tsunami, o manto espesso de cinzas apresenta riscos imensos à saúde e ao meio ambiente — amplificados pela interação da água do mar com as partículas de cinzas.

Segundo os pesquisadores, a água potável pode estar contaminada e impactos a médio prazo para a agricultura de pequena escala podem causar ameaças agudas e crônicas à saúde e ao sustento em Tonga

Imagem: NOAA/Reprodução (a imagem mostra a erupção de uma maneira diferente, usando canais infravermelhos para detectar cinzas vulcânicas e gás dióxido de enxofre)

Coquetel químico gerado por vulcão pode comprometer Tonga a longo prazo.

Adrian Hornby, pesquisador de pós-doutorado, diz que a presença de água do mar em uma erupção vulcânica pode criar elementos tóxicos em cinzas.

“O envolvimento da água do mar na erupção libera enormes quantidades de espécies voláteis, por exemplo, cloro, na pluma de cinzas. Juntamente com gases liberados do magma, isso cria um coquetel que prontamente forma sais e salmouras ácidas nas partículas de cinzas”.

Segundo Hornby, estudos anteriores sobre o vulcão Hunga Tonga-Hunga Ha’apai mostraram que as cinzas carregam algumas das maiores cargas de sais já registradas, que podem conter espécies altamente tóxicas, como enxofre, cloro e flúor.

“Esses sais são depositados com as cinzas e podem ser facilmente lixiviados pelas chuvas, causando um risco imediato à qualidade da água, à agricultura e ao meio ambiente natural”.

Matthew Pritchard, professor de sensoriamento remoto e um dos principais pesquisadores do projeto da Nasa, diz que água e magma também produzem partículas de cinzas muito finas que podem se espalhar por uma região ampla.

“Há relatos preliminares de que concentrações de cloreto de hidrogênio foram detectadas por satélite em níveis mais altos do que o habitual na atmosfera sobre Tonga”, disse Pritchard. “Uma vez que a interação água-magma produz cinzas vulcânicas muito finas e a pluma de cinzas parece ter atingido pelo menos 20 km de altitude, espero que as cinzas se dispersem sobre uma região muito mais ampla do que as erupções anteriores”.

Outra das principais pesquisadoras do projeto na Nasa, a professora de engenharia Natalie Mahowald, revelou que erupções anteriores produziram cinzas ricas em ferro, e a liberação de ferro e outros elementos em ambientes terrestres e marinhos podem causar impactos ecológicos dramáticos.

“As cinzas vulcânicas podem conter tanto poluentes quanto nutrientes, o que pode mudar os ecossistemas de maneiras drásticas”.

De acordo com Esteban Gazel, professor de geoquímica e membro da equipe do projeto, quando vulcões entram em erupção debaixo d’água — processo conhecido como erupção subaquática ou submarina — geralmente cria pequenas nuvens de cinzas. No entanto, agora, vê-se “algo muito diferente”.


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Episódio foi erupção vulcânica subaquática fora do padrão esperado

“Esperamos que as erupções subaquáticas produzam nuvens de cinzas relativamente pequenas, uma vez que as erupções são geradas por explosões violentas únicas quando a água do mar vaporiza em contato com o magma, mas estamos vendo algo muito diferente da erupção Hunga Tonga-Hunga Ha’apai. Dados de satélite e imagens de toda Tonga mostram que um monte de cinzas foi impulsionado de 20 a 30 km de altura na atmosfera e deixou um manto bem espesso por onde passou.

“Estamos estudando a composição química de dezenas de amostras de cinzas e ligando-as aos seus efeitos ambientais. Examinar as cinzas do Hunga Tonga-Hunga Ha’apai oferece a oportunidade de avaliar rapidamente os perigos e o impacto desta extraordinária erupção”, disse Gazel.

“As erupções vulcânicas são uma grande força de criação e destruição e seu impacto na sociedade ultrapassa fronteiras políticas”, acrescentou. “Para evitar surpresas no futuro, é preciso fazer um esforço para instrumentar todos os vulcões do planeta. Isso fornecerá os dados necessários para ativos de risco, monitorar a atividade e prever erupções no futuro”, acredita o pesquisador.

Fonte: Olhar Digital


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