Resumo
A demanda da população por sistemas de esgotamento sanitário aumenta cada vez mais em função do crescimento populacional e expansão urbana. Tal fato atenta para a necessidade do uso de programas computacionais como modelos alternativos para o dimensionamento de redes de esgoto, visando melhor desempenho e aliando a utilização de tecnologias que possibilitem maior eficácia no funcionamento dos sistemas.
Este trabalho tem como objetivo, realizar uma análise comparativa entre os softwares HTOOLS e CESG, ambos destinados ao dimensionamento de redes de esgotamento sanitário, utilizando como objeto de estudo uma rede hipotética. Para tanto, realizou-se o dimensionamento da rede em ambos os programas, cujas metodologias são diferenciadas. No CESG, o traçado da rede é feito inteiramente no programa, assim como qualquer outra alteração de dados de entrada da rede, deve ser realizada dentro do programa.
Enquanto o HTOOLS exige a utilização de um arquivo em formato DXF, contendo o traçado da rede, previamente feito em plataforma CAD e inserido no HTOOLS no ato do dimensionamento, embora os dados de entrada sejam colocados diretamente no programa. Isto posto, após os dimensionamentos, foram elaboradas planilhas comparativas, contendo o erro de dimensionamento de alguns parâmetros, entre o programa utilizado e a planilha de cálculo, para se analisar os resultados de cada programa.
Como resultado, observou-se que o dimensionamento do HTOOLS obteve erros menores na planilha comparativa, em relação ao dimensionamento do CESG. Percebeu-se que o somatório dos erros foi maior, para ambos os programas, nos resultados das lâminas (y/D), entretanto, sabe-se que o critério de cálculo para este parâmetro é diferente entre os programas e a planilha de cálculo. Ainda que os erros encontrados fossem insignificantes para a eficácia do dimensionamento, o somatório dos mesmos pode implicar em futuros problemas, dependendo do tamanho da rede. Os programas CESG e HTOOLS são softwares de fácil manuseio, ambos obtiveram resultados semelhantes. Com isso, conclui-se que o funcionamento dos mesmos é confiável.
Introdução
A expansão populacional trouxe consigo diversos problemas ambientais e de saúde pública para a humanidade, uma vez que aumentando a população, cresce também a quantidade de dejetos e detritos por ela eliminados. Aliado a isto, a necessidade de afastamento de excretas humanos tornou-se algo imprescindível devido, principalmente, ao fato de atrair doenças, dentre outros fatores ambientais. Nesse contexto, atentou-se para a necessidade de saneamento básico como requisito fundamental para a saúde humana e proteção ao meio ambiente.
Entre os sistemas que compõem os serviços de saneamento, o esgotamento sanitário tem grande relevância, visto que contribui para a correta destinação de uma grande parcela de efluentes produzidos por humanos.
Contudo, de acordo com o SNIS – Sistema Nacional de informações sobre saneamento (2015), no Brasil, apenas 50,3 % da população tem acesso ao esgoto coletado, deste, somente 42 % é tratado.
A fase de dimensionamento de redes coletoras de esgoto tem grande importância, pois nela são definidos parâmetros que influenciam diretamente no custo da obra. Além disso, um bom dimensionamento auxilia na eficiência da execução da rede. Nesse contexto, observa-se cada vez mais o desenvolvimento e aperfeiçoamento de programas computacionais para dimensionamento de redes de esgoto. Estes modelos, de modo geral, tendem a facilitar o trabalho de dimensionamento e, ainda, tornam-se mais precisos nos resultados obtidos.
Os recursos financeiros alocados pelos órgãos públicos para investimentos em programas de saneamento básico são limitados, o que torna necessário buscar o máximo aproveitamento do capital investido. A otimização de custos de redes coletoras de esgotos é uma das maneiras de ampliar os benefícios e garantir o atendimento de uma parcela maior da população (GAMEIRO, 2003).
A universalização do sistema de coleta de esgoto está vinculada a uma série de fatores. Obviamente a disponibilização e correta aplicação de recursos financeiros são de extrema importância, mas o desenvolvimento de ferramentas que contribuam para a difusão do conhecimento e a agilidade nos projetos também são relevantes (SOUZA, CURTI & NAZARETH, 2015).
Para Gameiro (2003), o desenvolvimento de modelos que permitem a avaliação do comportamento hidráulico da rede de forma bastante ágil possibilitou também o desenvolvimento de técnicas de otimização de projetos e de operação das redes de esgotos. A aplicação de programas tem sido amplamente estudada no caso de otimização de projetos de redes, buscando-se modificar ou aperfeiçoar o processo, visando maior rapidez na obtenção de soluções que irão convergir para resultados satisfatórios.
A pesquisa justifica-se pela necessidade de se apresentar novas alternativas de dimensionamento de rede coletora de esgoto, visando melhor desempenho e aliando a utilização de tecnologias que possibilitem maior eficácia no funcionamento dos sistemas.
No presente trabalho é apresentado o software HTOOLS, cuja função é dimensionar redes coletoras de esgoto (FARIAS et al., 2016). Para fins de validação deste programa e como principal objetivo do trabalho, será realizada uma análise comparativa entre o HTOOLS e o CESG, programa já difundido no meio acadêmico e profissional, também destinado ao dimensionamento de redes de esgotamento sanitário. A comparação será realizada por meio de uma rede hipotética.
Autores: Lívia de Oliveira Lima; Joana Maria de Souza Ribeiro; Guilherme Marques Farias e Luís Henrique Magalhães Costa.
