A transição energética, que é a substituição dos combustíveis fósseis por fontes renováveis de energia, é vista como a resposta mais promissora para enfrentar as ameaças do aquecimento global e dos impactos climáticos decorrentes desse processo
O problema é que a realidade ainda está muito distante do cenário ideal.
“Em pleno século XXI, 75% da matriz energética mundial ainda é composta por combustíveis fósseis. O carvão, combustível que emite a maior quantidade de CO2, representa 40% de toda a energia gerada no mundo,” disse Annie Groth, head de advocacy da Biofílica Ambipar.
Os problemas desse atraso na transição estão visíveis: eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes e escassez de recursos naturais essenciais.
Mas também há notícias positivas.
A capacidade de produção energética de fontes renováveis cresceu significativamente nas últimas décadas. Em 2023, a energia renovável cresceu 50% em relação ao ano anterior e já representa cerca de 28% da geração mundial de energia. Outro sinal positivo: em 2023, as vendas de carros elétricos aumentaram 39% em relação ao ano anterior.
Apesar dos avanços, ainda há muito a ser feito – e isso passa pela contribuição de governos e das próprias empresas.
“Cada governo deve analisar de forma individualizada seus potenciais e desafios ligados à transição energética,” disse Annie.
Para ela, a criação de alíquotas tributárias e de financiamento diferenciadas para a implantação de projetos de geração de energia renovável é um exemplo importante.
“É fundamental o incentivo a projetos de Pesquisa e Desenvolvimento de empresas que busquem tornar seus processos energéticos mais eficientes, assim como o estabelecimento de parcerias público-privadas que fortaleçam a transição energética,” disse.
O bom e o mau exemplo do Brasil
O Brasil figura hoje como um dos maiores exemplos mundiais na geração de energia elétrica por fontes renováveis. O País já é o terceiro maior produtor de energia hidrelétrica do mundo e os projetos de geração eólica e solar têm crescido exponencialmente nos últimos anos.
“Por outro lado, infelizmente, continuamos sendo párias internacionais em outro tipo de fonte de emissão de gases de efeito estufa,” disse a executiva.
Os números comprovam isso: segundo dados do Observatório do Clima, aproximadamente 50% das emissões do país são resultado do desmatamento, da degradação florestal e da mudança no uso do solo.
Groth afirma, também, que o combate a ações ilegais e um papel mais atuante do Estado são duas das principais contribuições que o País pode dar para reduzir a velocidade das mudanças climáticas.
Compensação também é necessária Mas para que o cenário de neutralidade de emissões seja alcançado, também são necessárias mais ações do lado das compensações.
“Precisamos ter um pensamento de reduzir o máximo de emissões possível, mas também compensar o que é inevitável,” disse Anne.
Um dos mercados que mais vão ajudar o planeta em sua descarbonização é o de carbono, que teve sua regulamentação aprovada no Brasil em dezembro. Não à toa, a Biofílica Ambipar tem como missão desenvolver o mercado de carbono no País por meio de soluções baseadas na natureza – hoje a empresa conta com mais de 2 milhões de hectares sob conservação na Amazônia. Isso, segundo Annie, só foi possível pelo mecanismo financeiro do mercado de carbono, que cria um incentivo econômico para manter a floresta em pé.
“O Mercado Voluntário de Carbono é um sistema no qual empresas, organizações e indivíduos assumem o compromisso de neutralizar suas emissões de gases de efeito estufa por meio da compra de créditos de carbono que são resultados de projetos que reduzem ou sequestram dióxido de carbono da atmosfera,” disse Annie Groth.
Os projetos REDD + (abordagem que gera créditos de carbono por meio de ações de combate ao desmatamento, de atividades de proteção à biodiversidade e de promoção do bem-estar nas comunidades) da Biofílica Ambipar são uma ferramenta importante para a recuperação e conservação de florestas e redução das emissões de gases do efeito estufa (GEE), incluindo o dióxido de carbono, por meio de mecanismos de compensação.
Um exemplo é o projeto Manoa, em Rondônia, que se tornou um refúgio ecológico para as espécies da região.
“Como acontece muito desmatamento na área ao redor, diversas espécies fogem para se abrigarem dentro do projeto. São mais de 74 mil hectares de floresta e 115 espécies de flora (sendo 16 ameaçadas de extinção) sob preservação, resultando em mais de 270 mil toneladas de CO2e* reduzidos por ano,” disse.
Fundada em 2008, a Biofílica Ambipar é referência brasileira no desenvolvimento de projetos que buscam a conservação e restauração das florestas, com impactos socioambientais positivos. *CO2e: Dióxido de carbono equivalente – unidade de medida utilizada para comparar as emissões de diferentes gases de efeito estufa (GEEs). É calculado multiplicando a quantidade de um gás emitida por seu potencial de aquecimento global (GWP).
Fonte: Brazil Journal
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