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Com reunião em Paris, ONU dá mais um passo rumo ao tratado global contra poluição plástica

A segunda rodada de negociações da ONU contra poluição plástica deve reunir mais de mil líderes de governos, ONGs, indústria e sociedade civil

ONU Poluição plástica

A segunda rodada de negociações de alto nível para alcançar um tratado global contra a poluição plástica começou nesta segunda-feira (29) na sede da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), em Paris.

O evento, que vai até 2 de junho, deve reunir mais de mil líderes de governos, ONGs, indústria e sociedade civil e antecede o Dia Mundial dos Oceanos – comemorado anualmente em 8 de junho.

O primeiro encontro ocorreu no fim de 2022, em Punta Del Este, no Uruguai, e há outras três rodadas previstas para acontecer no Quênia, Canadá e Coreia do Sul até o fim de 2024. O objetivo destas rodadas de negociações é desenvolver um tratado internacional que defina conceitos, prazos e acordos para a redução e a progressiva eliminação do uso de plástico no mundo – resíduo altamente poluente, de difícil reciclagem e prejudicial ao oceano e a própria vida humana.

Para Inger Andersen, diretora executiva do PNUMA, a humanidade abusa do plástico porque é o material ainda muito barato. No entanto, um tratado ambicioso tem condições de reduzir, e muito, nossa dependência de materiais descartáveis, afirmou à AFP. “O que nos permitirá passar do atual sistema linear (“tomamos, produzimos, jogamos fora”) para um sistema circular? Não vai ser fácil. Atualmente, é gratuito jogar fora, mas a externalidade do custo ambiental e para a saúde humana é enorme. E isso não tem impostos. Acredito firmemente na reformulação dos produtos”, afirmou.

O PNUMA, que está sediando as negociações, divulgou recentemente um documento que destaca caminhos para reduzirmos o desperdício de plástico em 80% até 2040. O relatório, divulgado no início deste mês, delineou três áreas principais de ação: reutilização, reciclagem e reorientação de embalagens plásticas a materiais alternativos. Porém, alguns grupos ambientais criticaram o relatório por focar muito na gestão de resíduos, que eles veem como uma concessão à indústria. “Soluções reais para a crise dos plásticos exigirão controles globais sobre produtos químicos em plásticos e reduções significativas na produção de plásticos”, disse à Reuters, Therese Karlsson, consultora científica da Rede Internacional de Eliminação de Poluentes.

Andersen rebateu as críticas à reciclagem dizendo que esta posição ignora as recomendações mais amplas do relatório para reformular as embalagens. “Estamos falando de redesenho e, quando falamos de redesenho, é tudo o que precisamos fazer para usar menos plástico. É aí que começa”, disse.


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O Comissário Europeu para os Assuntos Marítimos e Pesca, Virginijus Sinkevičius, representa a União Europeia na reunião de alto nível da ONU. Segundo ele, com a previsão atual de triplicar a produção de plástico até 2060, a UE exigirá disposições juridicamente vinculativas para abordar a produção de plásticos primários, com o objetivo de tornar a produção e o consumo sustentáveis. O bloco também irá propor medidas para eliminar e restringir os produtos plásticos que são evitáveis e substituíveis, produzem resíduos ou representam um risco significativo para a saúde humana e o meio ambiente.

No Brasil, o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), por meio do Programa de Consumo Sustentável, vai participar das negociações. O coordenador do Programa de Consumo Sustentável do Idec, Rafael Rioja Arantes, será o representante. “As principais questões postas visam a promoção de relações mais sustentáveis de produção e consumo, a partir do enfrentamento aos problemas que o uso de plástico geram nos diferentes ecossistemas e para a saúde humana. E, com especial enfoque, nas medidas que precisam ser adotadas nas esferas local, nacional, regional e mundial”, destacou.

Embora os Estados Unidos não sejam membros da coalizão de países que busca um acordo sobre o tema, um funcionário do Departamento de Estado disse à Reuters que compartilha a ambição do grupo, mas prefere uma abordagem na qual os países desenvolvam seus próprios planos de ação nacionais, como aconteceu no Acordo de Paris. Segundo um relatório encomendado pelo Congresso norte-americano e publicado em 2021, os EUA são os principais contribuintes mundiais quando o assunto é resíduos plásticos, gerando cerca de 130 quilos de plásticos por pessoa por ano. Os pesquisadores estimaram que entre 1,13 milhão e 2,24 milhões de toneladas métricas de resíduos plásticos vindas do país vazem para o meio ambiente a cada ano. No mundo todo, cerca de 8 milhões de toneladas métricas de plástico acabam nos oceanos anualmente, aponta o documento. Essa quantidade de resíduos seria o equivalente a “aproximadamente metade do peso total de peixes capturados no oceano em um ano”, diz o relatório.

O Japão, outra nação do G7 que estava de fora das negociações, anunciou recentemente sua ida à França para se juntar ao grupo que debate o futuro do plástico no mundo. O anúncio foi comemorado por ativistas ambientais. Chris Dixon, da Agência de Investigação Ambiental, disse à Climate Home que esta foi uma “mudança de posição significativa”, já que o Japão é um “alto produtor, consumidor e exportador de resíduos plásticos, com histórico de investimento em incineração como solução para lidar com plásticos”.

A reciclagem desse material ainda é um desafio: segundo dados, dos sete bilhões de toneladas de resíduos plásticos gerados globalmente até agora, menos de 10% foram reciclados.

Fonte: umsoplaneta


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