“Um pequeno passo para o homem, um grande passo para o meio ambiente”
A Europa poderia reutilizar até 6.600 milhões de metros cúbicos de água em 2025, seis vezes mais do que hoje, aproximadamente metade do que nós brasileiros consumimos como água potável em um ano, graças à aprovação do novo regulamento que expande o uso dessas águas regeneradas a partir de efluentes.
Isso exigirá um investimento de menos de 700 milhões de euros e permitirá reutilizar mais da metade do volume atual de água das plantas de tratamento de água teoricamente disponíveis para irrigação, evitando mais de 5% de extração direta.
Após uma das secas mais severas que ocorreu em 2003 e afetou mais de 100 milhões de pessoas e quase um terço da superfície da UE, a um custo de, pelo menos 8,7 bilhões de euros, o Conselho de Ministros da UE solicitou à Comissão Europeia que tomassem medidas para resolver os problemas de escassez de água e seca na região.
A nova lei define os requisitos mínimos a nível europeu pela primeira vez para a água recuperada; por exemplo, águas residuais urbanas que precisam ser tratadas em uma planta de regeneração; para uso agrícola de maneira segura, protegendo as pessoas e o meio ambiente. O objetivo é garantir um uso mais amplo dos efluentes tratados para limitar o recurso a massas de água e águas subterrâneas.
A redução das águas subterrâneas, principalmente devido à irrigação na agricultura, mas também devido ao uso industrial e ao desenvolvimento urbano, é uma das maiores ameaças aos recursos hídricos. As medidas adotadas entrarão em vigor 20 dias após a sua publicação no Jornal Oficial da UE, prevista para os próximos dias e serão aplicadas três anos após sua entrada em vigor.
O reúso em nível mundial
A Espanha é a líder europeia em reúso de água, já que é o país que produz o maior volume de água reutilizada e ocupa a quinta posição no mundo em termos de capacidade instalada de reúso.
A inovação desempenha um papel muito importante no desenvolvimento e crescimento desta aplicação, de acordo com a AEDYR (Associação Espanhola de Dessalinização e Reúso), equivalente na região à ALADYR (Associação Latino-Americana de Dessalinização e Reúso).
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Esse recurso é usado principalmente na irrigação agrícola, superior a 60% do total, seguido por usos recreativos (irrigação de campos de golfe) e usos municipais (irrigação de áreas verdes, limpeza de ruas) e, em menor quantidade, para usos industriais.
Também é notável o crescente interesse despertado pelo seu uso para a melhoria ambiental de outras fontes de água, como recarga de aquíferos, zonas úmidas ou melhoria das vazões ecológicas dos rios.
No resto da Europa, a prática do reúso está concentrada principalmente em países da Bacia do Mediterrâneo: França, Itália, Grécia, Malta e Chipre. O caso de Chipre é curioso, eles reutilizam mais de 90% de seus efluentes, apesar do volume ser menor do que em outros países.
Reúso da água nos Estados Unidos, Singapura e Israel
Os Estados Unidos, Singapura ou Israel são exemplos claros nos quais a o reúso da água forma parte integral de seus recursos hídricos. De fato, em cidades como a Califórnia, seu uso como recurso de suprimento está sendo considerado. O melhor exemplo é a cidade de Los Angeles, com um investimento de 8.000 milhões de dólares em um projeto que levará 16 anos, para reciclar 100% de seus efluentes em água potável. Hoje eles reciclam apenas 2%.
Nos últimos anos, países asiáticos como China ou Índia, o reúso, principalmente de águas industriais, mas também municipais, tornou-se uma grande prioridade.
Resumindo, o reúso da água adquiriu um grande desenvolvimento e ampla aceitação para usos não potáveis desde a década de 1980 e, à medida que a educação avança, também avançam os usos potáveis, como já existe em alguns países. Vale ressaltar, ao contrário do que se pode suspeitar, que, graças à tecnologia de tratamento de água, a água regenerada consegue obter uma qualidade superior do que a água que consumimos hoje como água potável.
