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Iniciativas transformam lodo em tijolo e fertilizante

Tijolo e fertilizante

Reaproveitamento ganha relevância não só pelo potencial econômico, como também evitar a sobrecarga dos aterros sanitários

O novo marco regulatório do saneamento teve impacto direto sobre a gestão de resíduos sólidos. Ao estabelecer o ano de 2033 para universalização dos serviços e ampliar investimentos na cobertura de serviços de água e esgoto em grandes cidades, foram fortalecidas iniciativas de reaproveitamento do lodo, resíduo gerado no processamento dos efluentes. O reaproveitamento ganha relevância não só pelo potencial econômico, como também evitar a sobrecarga dos aterros sanitários. Destinação correta dos resíduos ainda pode diminuir emissões de gases de efeito estufa, o que abre perspectiva futura de negociação de créditos.

O grupo Águas do Brasil, que opera 15 concessões pelo país, é um exemplo do que vem sendo feito para reaproveitar o lodo. A concessionária Águas de Juturnaíba, responsável pelos municípios de Araruama, Saquarema e Silva Jardim, na região dos Lagos do Rio de Janeiro, mantém uma estação de tratamento de esgoto que recebe os resíduos e destina parte à fabricação de tijolos artesanais e outra à compostagem, transformando o resíduo em fertilizante agrícola.

Os tijolos produzidos são utilizados nas áreas internas das próprias unidades da concessionária e nas obras de manutenção e extensão de rede.

“Parte do lodo produzido na estação de tratamento de água Juturnaíba é enviado à cerâmica local para fabricação de tijolos, fomentando a economia circular e atenuando a demanda por argila, uma vez que sua exploração impacta significativamente o meio ambiente”, diz o presidente do grupo, Claudio Abduche.

Exemplos de Sustentabilidade na Saneamento e Agricultura

Em Alagoas, a Agreste Saneamento, uma parceria público-privada entre a Iguá e a estatal Casal, capta e trata água em dez municípios, beneficiando mais de 377 mil habitantes. Posteriormente, empresas parceiras utilizam o lodo resultante como matéria-prima na fabricação de tijolos e telhas ecológicos. Além disso, elas reaproveitam e doam as mantas biodegradáveis utilizadas no processo de secagem do lodo para forragem do solo de produtores rurais.

“Isso possibilita otimizar o trabalho do produtor, diminuindo custos e gerando até 40% de economia de água”, afirma Mateus Renault, diretor executivo de transformação e novos negócios da Iguá Saneamento.

No ano de 2023, eles trataram aproximadamente 2.000 m3 de lodo e destinaram 1.270 toneladas para cerâmicas. Além disso, desde 2019, a Atibaia Saneamento reaproveita integralmente 100% das 120 toneladas/mês de resíduos das estações de tratamento em São Paulo.

“A utilização do fertilizante apresenta ganhos significativos para o produtor rural, gerando uma economia de até 50% se comparada com a compra de adubo sintético. E, no Rio de Janeiro, a Iguá Rio também realiza a produção de adubo sustentável, com cerca de 300 toneladas/mês de lodo para a compostagem, gerando 90 toneladas que se transformam em adubo orgânico”, diz Renault.

A Sabesp, maior companhia estadual do país, que atende a capital e boa parte dos municípios paulistas, estuda aproveitar o lodo na estação de tratamento ABC, na região metropolitana de São Paulo, como fertilizante. Na estação de tratamento de esgoto Lageado, em Botucatu (SP), a empresa produz desde 2018 o Sabesfértil, fertilizante orgânico utilizado na recuperação de solos degradados. Esse uso reduz o envio de lodo para aterros sanitários.

“O manejo de resíduos sólidos ainda possui grandes desafios pela frente, sendo o principal o encerramento dos cerca de 3 mil lixões a céu aberto espalhados pelo Brasil. Mas há grandes oportunidades no setor, não apenas na destinação final ambientalmente adequada em aterros sanitários, mas sobretudo na valorização dos resíduos, como geração de combustível, energia, compostagem, reciclagem e na comercialização de créditos de carbono”, diz o presidente da Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema), Pedro Maranhão.

Em 2022, as autoridades coletaram 93% dos resíduos sólidos gerados no Brasil, totalizando 71,7 milhões de toneladas.  No entanto, 33,3 milhões tiveram destinação inadequada, conforme a Abrema.

Fonte: Valor


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