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Impacto das mudanças climáticas na biodiversidade brasileira

Os impactos do El niño têm sido intensificados pelas mudanças climáticas globais, resultando em fenômenos extremos mais frequentes e imprevisíveis

Impacto das mudanças climáticas na biodiversidade brasileira

Em 2023, o El niño demonstrou sua natureza mais severa sobre o Brasil. No Sul, chuvas torrenciais e inundações desencadearam calamidades e perdas humanas. Enquanto isso, o Norte e o Nordeste enfrentaram intensas estiagens, com secas recordes em rios afluentes da Amazônia e na bacia do Rio Paraguai, que alimenta o Pantanal. No Sudeste e Centro-Oeste, ondas de calor intensas castigaram a população. A vazão natural nas principais barragens hidrelétricas do país atingiu níveis até 50% mais baixos do que o normal, exigindo operações em “situação de atenção”. Os impactos do El niño têm sido intensificados pelas mudanças climáticas globais, resultando em fenômenos extremos mais frequentes e imprevisíveis.

Assombrados por tais eventos, o poder público e a sociedade brasileira encaram um dos maiores desafios da década: tomar medidas urgentes para combater as mudanças climáticas e seus impactos. Esse, inclusive, é um dos 20 objetivos de desenvolvimento sustentável assumidos pelo Brasil na COP26, realizada em Glasgow, em novembro de 2021, junto com outros países signatários da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. Esse objetivo busca fortalecer a resiliência e a capacidade de adaptação aos impactos climáticos, com foco no alerta precoce e na proteção das comunidades mais vulneráveis.

A adaptação aos impactos das mudanças climáticas também requer o conhecimento e o monitoramento de consequências ambientais sobre a biodiversidade. O Brasil, notório por salvaguardar magnífica riqueza de espécies de animais e plantas de ecossistemas terrestres, aquáticos ou oceânicos, é um dos países sujeitos às maiores perdas da biodiversidade terrestre e de água doce, conforme o último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU.

E para entender melhor esses impactos, pesquisadores do Centro de Conhecimento em Biodiversidade, apoiados pelo Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBio), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), elaboraram um panorama dos impactos das Mudanças Climáticas sobre a biodiversidade brasileira, com base em toda a produção científica já desenvolvida no país. Tal panorama procura determinar quais os principais agentes das mudanças, padrões e lacunas de conhecimento entre grupos de plantas e animais, biomas e regiões brasileiras.

Os resultados preliminares destacam que há um maior número de artigos científicos realizados na Floresta Atlântica, Cerrado e Caatinga, biomas que abrigam o maior número de espécies ameaçadas, em comparação aos trabalhos publicados sobre a Amazônia, o Pantanal, o Pampa e o Sistema Costeiro-Marinho. Da mesma forma, plantas, aves e insetos concentram o maior número de artigos científicos sobre mudanças climáticas, em comparação aos anfíbios, aos répteis e aos peixes.

Entre os impactos estudados, a grande maioria dos trabalhos científicos projetam efeitos negativos das mudanças climáticas (68,6 %), em comparação com os estudos que preveem efeitos neutros (3,9%) ou positivos (27,5 %), sendo que esses, em geral, referem-se a espécies invasoras e/ou generalistas. Com efeitos sinérgicos aos do aquecimento global, atividades vinculadas à fragmentação, à perda de habitat e às alterações do uso de solo, tais como mineração, agricultura e pecuária, potencializam as consequências negativas das mudanças climáticas sobre nossa biodiversidade.

Mais do que nunca, proteger nossa biodiversidade é fundamental para mitigar os impactos das mudanças climáticas e enfrentar a crise socioambiental que assola o planeta. Hoje, já não se trata de garantir a qualidade de vida apenas para as gerações futuras, em aspectos de saúde pública, segurança hídrica e alimentar. É nossa sociedade atual, que num prazo muito curto, em poucas décadas, estará sujeita às impiedosas intempéries decorrentes do aquecimento global. Afinal, o “El niño” tende a retornar mais “maduro” e intenso a cada quatro anos.

Fonte: Correio Braziliense


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