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Plano estratégico em recursos hídricos no nordeste brasileiro

Resumo

A proposta aqui apresentada trata de ideias e sugestões de obras e pesquisas destinadas à prevenção às frequentes estiagens que historicamente assolam a região nordeste do Brasil, notadamente a grande área de 969.589 km2 conhecida como Polígono das Secas ou Zona Semiárida.

Discute as formas históricas do enfrentamento das secas sob a ótica dos recursos hídricos, ao mesmo tempo em que sugere novas práticas e metodologias, com as quais se almeja incrementar de forma expressiva a disponibilidade hídrica atual.

Insere o problema hídrico de forma holística, ressaltando, além da simples ótica da engenharia, um contexto social e educacional, evidenciado pela necessidade da adoção de novos procedimentos, tanto técnicos quanto vinculados ao ordenamento institucional e ao treinamento dos moradores locais visando o melhor aproveitamento das intervenções propostas.

Entre as intervenções aqui sugeridas, destacam-se a implantação de rede estratégica de poços profundos, configurando-se como campos de produção de água subterrânea, a exemplo do conceito de campos de petróleo; a revitalização de poços e a execução de poços direcionais/inclinados nas rochas duras do embasamento cristalino; a estimulação de poços visando o aumento de suas produtividades; e o aproveitamento dos expressivos depósitos aluviais de ocorrência generalizada na área e que hoje são subaproveitados e a otimização das técnicas de dessalinização de águas. Não menos importante, e por isso também ressaltada, é a questão do funcionamento desses equipamentos, alguns dos quais se destinam a áreas sem energia elétrica, razão pela qual se sugere a utilização de fontes alternativas de energia, como a energia solar, tão abundante na região.

No total são propostas mais de 400 intervenções, abrangendo todas as ações mencionadas acima, com um custo total de R$245.388.000,00 (duzentos e quarenta e cinco milhões e trezentos e oitenta e oito mil reais) que, ainda que pareça à primeira vista um investimento muito elevado, se torna irrisório, quando comparado ao desperdício que se faz com o uso dos caminhões-pipa

Desta forma, esperamos estar contribuindo de forma efetiva para a mitigação dos efeitos decorrentes de evento tão frequente, que historicamente castiga grande parte da população de nosso país, bem como para o Plano Regional de Desenvolvimento do Nordeste (PRODNE).

Introdução

A seca no semiárido brasileiro é um fenômeno recorrente que se intensifica periodicamente. Os fatores causadores são bastante conhecidos, sendo o regime hidrológico, com baixa e irregular pluviosidade e alta evapotranspiração, associado às suas características geológicas, predominando as rochas duras e impermeáveis do embasamento cristalino, os principais fatores que originam o quadro de penúria hídrica, com elevados impactos nos campos econômico e social.

Associam-se a estas características adversas a carência de informações hidrológicas e hidrogeológica, essenciais para melhorar a efetividade da tomada de decisões.

Devido a sua expertise nos segmentos da hidrologia e hidrogeologia, o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) sempre participou dos programas do Governo Federal voltados para minimizar os efeitos das estiagens e aumento de oferta hídrica da região semiárida. Na grande seca iniciada em 1998 a CPRM teve um importante papel, orientando atividades técnicas (locação de poços no cristalino e realização de testes de bombeamento) além de fiscalizar e aprovar as obras realizadas pelas diversas instituições envolvidas.

Desde então uma série de ações no segmento águas subterrâneas foram desenvolvidas pela CPRM no semiárido brasileiro, a começar pela estruturação de uma base consistente de informações, hoje materializada no Sistema de Informações de Águas Subterrâneas – SIAGAS. Esta base foi inicialmente alimentada através de exaustivos levantamentos de campo (cadastros de poços) que varreram todo o semiárido brasileiro no período de 1998 a 2014. Os resultados destes esforços orientaram o desenvolvimento de diversas ações.

(…)

Autores: MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA E SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL – CPRM.

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