O problema foi identificado nos pontos de água pouco ou nada utilizados.
Apesar da idade dos hospitais da Madeira, não existem casos de doença dos legionários notificados, com origem em instalações hospitalares. Foto Arquivo
O alerta da Administração do SESARAM chegou, na semana passada, na forma de circular informativa. Foram identificados riscos de legionella no sistema de abastecimento de água e, por isso, foram apresentadas recomendações para evitar qualquer infecção ou, num segundo momento, eventual surto, do género do verificado no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.
Na circular, com a assinatura de Tomásia Alves, datada do dia 15, é explicado que, “no seguimento de várias visitas realizadas a diversas unidades de saúde do SESARAM, no âmbito da manutenção de sistemas de abastecimento de água potável, foram identificados riscos no âmbito da vigilância sanitária, cujos pontos críticos relacionam-se com pontos de água com pouca ou nenhuma utilização”. Uma realidade que impõe a adopção de diligências.
Medidas
Em síntese, as medidas propostas consistem em que se abram as torneiras, duas vezes por semana, durante dois minutos. “Como medida preventiva, do ponto de vista da qualidade da água para consumo humano, devem ser efectuadas purgas regulares (abertura de torneiras e chuveiros) a todos os pontos de água existentes nos compartimentos, que não se encontram a ser utilizados ou de pouca utilização (quartos, salas de tratamento, instalações sanitárias, etc), por estes favorecerem a existência de zonas de água parada”.
Essa intervenção (abertura de torneiras e chuveiros) deve acontecer, pelo menos, duas vezes por semana “durante alguns minutos (preferencialmente dois)”. A recomendação é para que a abertura não aconteça em simultâneo e aconteça “em período de menor consumo de água, de forma a suprimir pontos de zonas de águas estagnadas na rede, eliminando ou minimizando a probabilidade de colonização, multiplicação e dispersão de legionella nas redes de abastecimento de água”.
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Madeira sem casos registados nos vários hospitais
“Estas infecções por ‘legionella’ têm a ver com problemas no circuito de águas nas unidades de saúde e aqui, na Região, até temos unidades com alguma longevidade, nomeadamente o Hospital dos Marmeleiros, mas felizmente essa situação nunca se verificou”, afirmou Pedro Ramos, no dia 7 deste mês, a propósito do surto que estava a acontecer no Hospital de São Francisco Xavier.
O Secretário da Saúde, que falou enquanto se foi vacinar contra a gripe, no centro de Saúde do Bom Jesus, acrescentou: “Aqui, na Região, não temos tido problemas dessa natureza, porque temos tido um controlo sobre as infecções.”
A afirmação de Pedro Ramos seria sobre casos notificados de doença do legionário (legionelose), mas, ainda assim, terá escapado um caso, que consta do relatório 2004-2013, da DGS, ‘Vigilância em Saúde Pública: Doença dos Legionários em Portugal 2004-2013’. Não existe informação sobre onde aconteceu esse caso de infecção.
A Região, com 1 caso, no período em referência, e os Açores com zero casos notificados, são destacadas pela positiva no relatório referido.
A doença é de notificação obrigatória, o que não significa que não possa escapar um algo caso ao sistema, que, como qualquer outro, terá alguma disfuncionalidade.
O recente surto de legionella no hospital São Francisco Xavier infectou 54 pessoas. Cindo destas morreram. Em 2014, em Vila Franca de Xira, registou-se um grande surto de legionella, que infectou 375 pessoas e provocou a morte de 12 delas.
A existência da bactéria não é, naturalmente, um exclusivo dos hospitais, podendo ocorrer em muitos outros locais e instalações.
Fonte: D Notícias