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Rio Negro tem pior seca da história ao atingir 13,59 metros em Manaus

Atualmente, 13 anos depois, e oito dias antes, a marca foi ultrapassada. Além disso, o Porto de Manaus registra que as águas continuam baixando a uma média de 13 centímetros por dia.

Com a marca histórica, o Rio Negro atinge a maior seca em 121 nos.

No final de setembro deste ano, o Serviço Geológico do Brasil (CRPM) emitiu um relatório em que apontou que o ápice da estiagem só deveria ocorrer nesta segunda quinzena de outubro, o que vai refletir ainda mais no cenário de calamidade da cidade.

Há uma semana, o videomaker Thiago Oliver publicou nas redes sociais uma edição com imagens aéreas que mostram a transformação na orla de Manaus. A publicação com mais de 50 mil curtidas, mostra uma transição do Rio Negro no período de cheia e agora a região devastada com a seca.

Impactos da Seca

Manaus, assim como quase todos os municípios do Amazonas, vive uma severa crise ambiental. Além da seca, que é recorde e tem deixado comunidades isoladas, a cidade precisou fechar escolas nas áreas rurais e sofre prejuízos na navegação de embarcações e com o escoamento de produção do Polo Industrial.

Além disso, a cidade também enfrenta uma “onda” de fumaça produzida por queimadas ocorridas na região metropolitana. Na última semana, especialistas consideraram o ar na capital do Amazonas como um dos piores do mundo.

Em quase toda a orla da capital, o cenário é o mesmo. O rio “sumiu” e deu lugar a bancos de areia e pequenos filetes de água. A Prefeitura fechou o principal balneário da cidade, a Praia da Ponta Negra. Montaram uma cerca para impedir a passagem de banhistas.

Até no Encontro das Águas, um dos pontos turísticos mais famosos da cidade, a seca deixou seu rastro de destruição e mudou a paisagem.

Em outros pontos da grande Manaus, um “mar de lixo” e de canoas e barcos encalhados dá lugar ao que antes – ou melhor, um mês atrás – era o majestoso Rio Negro.

Desafios no Sustento

Para quem tira o sustento do rio, a situação é desesperadora. O comerciante Erick Santos, de 29 anos, alugou um flutuante no Lago do Puraquequara, na Zona Leste de Manaus, há mais ou menos um ano. No local ele montou um pequeno restaurante, onde trabalha com a família. No entanto, com a seca, viu o lugar esvaziar e conta que mal tem dinheiro para pagar as despesas básicas de casa.

“A nossa renda diminuiu muito. Estamos vivendo com o mínimo do mínimo, para pagar a luz, que está muito cara, e a água. Comemos o que sobra do restaurante. Sinceramente não sei até quando vamos aguentar”, contou.

Além disso, de acordo com o comerciante, a fumaça que atinge a cidade também tem espantado os clientes. A falta de chuvas e a incerteza de quando o rio voltará a subir deixa a família preocupada.

“É muito difícil a gente saber se vai abrir semana que vem, porque a gente não sabe como o rio vai estar, quando ele vai subir novamente, quando vai parar essa fumaça toda. Eu rezo todos os dias a Deus para que ele me mostre o que fazer. É um cenário muito triste “, disse.
— Erick Santos, comerciante.

Impacto Econômico

Igualmente, a cidade também enfrenta uma “onda” de fumaça produzida por queimadas ocorridas na região metropolitana., a situação é a mesma vivida por quem lida diariamente com o transporte de passageiros. Um exemplo é Manoel Alves, que há 20 anos trabalha em uma cooperativa de barqueiros na Marina do Davi, na Zona Oeste da capital.

“Todo ano a gente sabe que o rio vai secar, mas esse ano a situação está muito feia. Juro que só vi coisa parecida em 2010, quando houve uma seca muito forte”, afirmou.

Ao G1, o trabalhador contou que a estiagem fez com que a cooperativa passasse a levar menos passageiros por viagem. Como resultado, infelizmente, a empresa precisou revisar o valor do transporte para amortizar os prejuízos enfrentados pelos trabalhadores.

“A gente estava levando 15 passageiros, agora a gente está levando 10 e, nesta semana, vamos baixar para oito. Isso impacta muito o nosso trabalho, como também no valor final, porque nossos barcos só conseguem chegar até certo ponto. De lá, as embarcações menores assumem o transporte, e isso sai caro, né?! Infelizmente o preço sobe”.
Manoel Alves, barqueiro.
E quem está acostumado com o movimento de subida e descida das águas é categórico em dizer que a situação tende a piorar ainda mais:
“Isso aqui ainda vai baixar mais. O cenário tende a ficar melhor somente no final de novembro e início de dezembro”, finalizou.
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