ANA alerta para necessidade de preparação para novo cenário hídrico, que pode afetar a geração hidrelétrica, a agricultura e o abastecimento de água nas cidades
As mudanças climáticas causaram uma queda acentuada nos reservatórios subterrâneos de água globais nos últimos 40 anos, segundo um estudo publicado na Nature. E podem afetar seriamente a segurança hídrica do Brasil até 2040, se nada for feito para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, oriundos principalmente da queima de combustíveis fósseis.
A disponibilidade de água pode cair até 40% em regiões hidrográficas de Norte, Nordeste, Centro-Oeste e parte do Sudeste até 2040. Já o Sul pode ter aumento da disponibilidade hídrica em até 5% nesse período, mas com maior imprevisibilidade e um aumento da frequência de cheias e inundações, como vem ocorrendo na região nos últimos anos.
As previsões são do estudo “Impacto da Mudança Climática nos Recursos Hídricos do Brasil”, lançado pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) na 4ª feira (31/1). É o primeiro levantamento feito pela agência que considera os efeitos da crise climática sobre a oferta de água no país. Meio tarde, mas melhor do que nunca.
A estimativa da ANA considera um futuro de altas emissões de carbono e mais de 4,5°C de aquecimento no mundo, em relação às temperaturas do período anterior à Revolução Industrial (de 1850 a 1900). No entanto, mesmo em cenários mais otimistas, com menos carbono e um planeta não tão quente, foram observadas reduções de 20% nos níveis de rios nessas regiões.
No Nordeste, há uma tendência de aumento do número de trechos de rios intermitentes, que secam de forma temporária. A região também deve registrar redução dos volumes de chuva, intensificando a seca no semiárido e na faixa litorânea. Queda dos volumes médios de chuvas e das vazões dos rios e aumento da frequência e da intensidade de secas – como a estiagem extrema que atingiu a Amazônia em 2023 – também são esperadas para o Norte.
Região mais populosa do país e que abriga os dois maiores centros urbanos brasileiros [São Paulo e Rio de Janeiro], o Sudeste tende a ter uma redução nas vazões em função das mudanças climáticas, o que vai diminuir a disponibilidade de água em suas bacias hidrográficas. O levantamento ainda aponta um cenário incerto sobre as condições climáticas futuras no Centro-Oeste.
A ANA analisou um amplo conjunto de dados climáticos, tanto do presente quanto projetados para o futuro, e de modelagem hidrológica, usada para obter as vazões das bacias. Assim, produziu cenários futuros de disponibilidade hídrica para mais de 450 mil trechos de rios brasileiros, considerando três horizontes temporais: de 2015 a 2040, de 2041 a 2070, e de 2071 a 2100.
O estudo avaliou critérios como níveis de precipitação, evapotranspiração (evaporação da água impulsionada pelas altas temperaturas), disponibilidade hídrica (água disponível para uso, que é outorgada pela ANA) e variação da vazão (volume de água que passa pelos rios).
Fonte: Neo Mondo
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